“Tesouro Renda + mantém o poder de compra durante aposentadoria”, afirma Paulo Valle
Ao Bora Investir, secretário do Tesouro Nacional falou sobre título que funciona como complemento à previdência
O Tesouro Nacional anunciou ontem o lançamento do Tesouro Renda +, título público que funcionará como complemento à previdência social. Os ativos de renda fixa emitidos pelo governo federal contarão com pagamentos mensais corrigidos pela variação do IPCA, o índice oficial da inflação, que se estenderão por até vinte anos.
O título estará disponível para aquisição a partir do dia 30 de janeiro de 2023.
Ao B3 Bora Investir, o secretário do Tesouro Nacional, Paulo Valle, afirmou que a nova modalidade do Tesouro Direto tem o propósito de contribuir como complemento à aposentadoria dos brasileiros:
“O objetivo do Tesouro Renda + é criar uma cultura de acumulação no Brasil. O que acontece hoje são pessoas que só depois dos quarenta anos despertam para a necessidade de ter uma reserva de aposentadoria. Com o Renda + será possível que alguém de dezoito anos, em seu primeiro emprego, já comece a investir para planejar sua saída do mercado de trabalho.”
+ Tesouro Renda +: tudo sobre o novo título do Tesouro Direto
O secretário explicou ainda que Tesouro Renda + tem o embasamento teórico de Robert Merton, vencedor do Nobel de Economia em 1997 que, em parceria com Arun Muralidhar, apresentou a ideia de produtos financeiros como meios previdenciários.
“A criação do Tesouro Renda + vai ao encontro das questões levantadas pela reforma da previdência e pelo envelhecimento da população brasileira. O Tesouro Renda + não pretende substituir o INSS, mas ser um complemento para que o trabalhador mantenha o seu poder de compra depois de se aposentar“, explica o secretário.
Importante ressaltar também que assim como os outros títulos do Tesouro Direto, o Renda + tem baixo risco. Uma vez que são papeis emitidos pelo Estado brasileiro, as chances de o país quebrar e não honrar o pagamento dos rendimentos dos títulos são remotas.
Como o Tesouro Renda + vai funcionar
O novo título funcionará do seguinte modo: o investidor poderá adquirir a partir de janeiro de 2023 títulos com períodos de resgate fixados de 2030 a 2065. Há para cada um deles uma data de conversão, isso é, o início do pagamento das amortizações mensais.
No simulador do Tesouro Direto, é possível traçar dois cenários e ver qual delas faz mais sentido para o investidor: quando deseja resgatar o dinheiro ou qual é a renda pretendida.
Por se tratar de um investimento de longo prazo, espera-se que o investidor dedique ao Tesouro Renda + aportes mensais de valores baixos, mas que a rotina de aplicações seja mantida por muito tempo, de maneira que tenha um retorno considerável quando o pagamento das amortizações começarem.
A data de conversão, isso é, quando começa o pagamento das amortizações, será acordada no momento da aquisição do título. Os valores serão corrigidos pela variação do IPCA, o índice oficial da inflação.
Ao todo, serão oito opções de datas. Elas começarão em 2030 e seguirão em intervalos de cinco anos até 2065, conforme a tabela abaixo:
Novo Título | Vencimento |
Renda+ 2030 | 15/01/2030 |
Renda+ 2035 | 15/01/2035 |
Renda+ 2040 | 15/01/2040 |
Renda+ 2045 | 15/01/2045 |
Renda+ 2050 | 15/01/2050 |
Renda+ 2055 | 15/01/2055 |
Renda+ 2060 | 15/01/2060 |
Renda+ 2065 | 15/01/2065 |
O Tesouro Renda + terá liquidez diária após um período de carência de 60 dias e, assim como em outros títulos do Tesouro Direto, será possível começar a investir com aproximadamente R$ 30. Ele terá taxa de administração. Já a taxa de custódia poderá chegar a zero se o papel for mantido pelo investidor até o vencimento.
Tesouro Nacional e educação financeira
O lançamento do Tesouro Renda + também marca vinte anos do Tesouro Direto. Numa avaliação dessas duas décadas, Paulo Valle destaca o papel transformador da sociedade ocupado pelo programa de títulos públicos:
“A educação financeira foi uma meta de Estado definida pela Secretaria do Tesouro Nacional e outras instituições, como o Banco Central e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O Tesouro Direto tem o mérito de esclarecer a dívida pública à população“, observa Paulo Valle.
Tal esclarecimento se dá quando há divulgação de resultados, como no último relatório do Tesouro Nacional. De acordo como o balanço, o estoque de investimentos atingiu R$ 102,98 bilhões em novembro, números que entram na conta da dívida interna contraída pelo país.
Já o número de investidores ativos alcançou 2,1 milhões, aumento de 21,6% em doze meses, o que mostra o sucesso dos títulos públicos entre brasileiros.
“Há vinte anos, a pessoa física comprava ações, mas não tinha títulos à disposição. Com o Tesouro, houve uma diversificação das opções de investimento, com maiores números de prazos e indexadores. A aproximação do Tesouro em relação ao investidor é o resultado de um trabalho ativo”, afirma Paulo Valle.
Facilidade e longo prazo
Além do lançamento de novos produtos, como o Tesouro Renda +, outras medida para estreitar os laços com as pessoas físicas foi o Cad&Pag. Por meio dele, investidores podem se cadastrar no site do Tesouro Direto e adquirir títulos públicos por meio do PIX.
De acordo com o secretário do Tesouro, o bom desempenho dos títulos públicos deve continuar nos próximos anos.
“Os títulos do Tesouro sempre terão participação importante na carteira de investidores, pois oferecem opções de longo prazo. Outro motivo é o fato de o Brasil ser um país onde os juros são altos em comparação com outros países, o que favorece a rentabilidade dos títulos,” afirma o secretário.
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