Comprei uma ação e o preço derreteu; seguro ou vendo?
Ninguém quer perder dinheiro, por isso, existem técnicas para fugir da volatilidade
Por Guilherme Naldis
Todo mundo quer ganhar. Mas, quando se entra no mercado de capitais, há uma placa bem grande dizendo: “você também pode perder, essa é a regra do jogo”.
Mesmo assim, ninguém gosta de ver seu patrimônio diminuir, e por isso existem técnicas para mitigar os riscos de desvalorização. Segundo Marco Monteiro, analista da CM Capital, uma dessas estratégias é observar os pontos de suporte e resistência de uma ação.
Estes são dois conceitos da análise técnica de ativos – aquela que leva em conta o comportamento histórico dos preços dos papéis. Basicamente, esses dois pontos são sinais de mudança na história de um investimento: se a variação do ativo ultrapassar esse marco, é por que algo fora do normal – bom ou ruim – está acontecendo.
Para conseguir reconhecer esses dois pontos, é preciso saber um pouco do comportamento regular da ação em questão. Por isso, é preciso acompanhá-la, ou pedir assistência a quem a conheça. Veja, abaixo, o que são esses dois conceitos:
O que é o ponto de suporte?
O ponto de suporte é uma linha imaginária que estabelece o valor mínimo que uma ação pode alcançar. Como se os investidores pensassem: “menos que isso, essa ação não vale”. E isso se delimita ao longo do tempo: o ponto de suporte, assim como o de resistência, se constrói aos poucos, como a reputação da empresa dentro da Bolsa.
O ponto de suporte é o mínimo que uma ação, supostamente, atingiria em condições normais. Não que exista uma regra que o delimite: é um piso psicológico. Mas, se ele for rompido, é porque alguma coisa está estranha. “São os pontos em que os compradores defendem o patamar de preço do ativo”, conta Monteiro.
Quando o ponto de suporte é ultrapassado e a ação se desvaloriza mais do que o aquele ponto, significa que a empresa por trás do papel está enfrentando dificuldades excepcionais, o que justifica uma desvalorização fora do comum. Segundo Monteiro, quando isso acontece, é a hora de vender.
O que é o ponto de resistência?
Igualmente, o ponto de resistência de uma ação é o teto do valor de mercado daquele papel. Como se os investidores dissessem, entre si: “mais que isso, eu não pago”. Basicamente, é o inverso do ponto de suporte. Em vez de ser o mínimo possível, é o máximo que se pode negociar.
Veja também: Como conviver com as oscilações do mercado de ações
E, quando ele é rompido, algo saiu do controle. Desta vez, para o bem, e a empresa mostra que pode gerar muito mais valor do que se esperava anteriormente.
O que fazer quando uma ação é cotada na mínima?
Se uma ação atinge a sua mínima mensal, semestral, anual ou histórica, duas opções surgem na cabeça de qualquer investidor: mantenho ou vendo? Ambas as opções são válidas a depender do momento.
Para isso, é preciso fazer uma análise serena. E esse é o problema.
Quando vender uma ação em queda?
Segundo Jayme Carvalho, economista-chefe da SuperRico, uma ação não deve entrar na carteira de um investidor sem uma análise prévia. “Quando a análise é feita, ela leva em conta uma expectativa, um cenário e algumas premissas que o investidor anotou, como questões macroeconômicas e financeiras”, afirma.
Principalmente, a ação deve entrar no portfólio para atender a um objetivo financeiro de médio ou longo prazo. “Se houver uma ruptura entre o cenário traçado e o que a ação pode te entregar, é hora de vender”, diz Carvalho. Isso porque o preço do papel é outro, e o investidor precisa avaliar se ele quer ou não ficar com essa ação no novo patamar de preço.
Quando manter uma ação em queda no portfólio?
O economista afirma que um ativo deve permanecer na carteira de um investidor, mesmo em queda, quando nada mudou – ou seja, quando a ação é afetada pela oscilação natural do mercado.
“Às vezes, foi só um tranco do mercado, que pode durar pregões ou meses. Mas o cenário de médio e longo prazo não mudou”, conclui Carvalho.
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