Diversificação e visão “além do óbvio”: por que esses gestores acreditam em investir em ações mesmo com a Selic em alta
Alocação em renda variável nesse momento, entretanto, demanda uma cuidadosa escolha de ativos
Por que investir em ações com a Selic em alta? Essa foi a pergunta inicial em um dos painéis sobre renda variável no Smart Summit, evento organizado pela Invest Smart no Rio de Janeiro. A resposta de Marcelo Ornelas, gestor de renda variável Kínitro, foi direta: “Esse é o tipo de coisa que o investidor não deveria se perguntar. Se você tem um portfólio equilibrado, a distribuição de pesos entre cada classe de ativos não deveria mudar”.
Afinal, não foi só quem investia em ações que viu uma queda nos últimos meses. Quem tinha na carteira títulos prefixados também saiu perdendo com a taxa de juros mais alta do que era esperado. Por outro lado, a porção de pós-fixados saiu ganhando na carteira. “Respeitar essa alocação ao longo do tempo te faz vender caro e comprar barato”, resume Ornelas.
Ricardo Fuzaro, diretor RI Advisors da Trígono Capital, exemplificou a necessidade de diversificação: “meus pais sempre foram conservadores e gostavam de investir em imóveis, em particular, salas comerciais para rendimentos. E quando veio o home office, o valor que eles recebiam foi reduzido pela metade”. Ou seja: a falta de diversificação trouxe uma perda importante.
“A gente tem que ter essa noção de que o mundo muda muito. Tem gente que acha que renda fixa não tem risco”, reforçou Fuzaro. Mais do que migrar de uma classe para outra a depender do cenário macro, sugere ele, é preciso tentar equilibrar a carteira.
“Precisamos ter uma visão além do óbvio, se a manada toda está indo para um lado, você tem que desconfiar. A gente tenta se desassociar de questões políticas e olhar as empresas. Quando você faz isso, vê um potencial grande”, disse Fuzaro.
Onde estão as oportunidades na renda variável?
Para Ornelas, da Kínitro, o setor de infraestrutura abriga oportunidades interessantes nesse momento para investir em ações. “Basta ver a quantidade de fundos de infra que foram abertos para operar dívida nesse setor, mas tem empresas de capital aberto, e eu acho que são melhores para alocar”, diz.
Um dos benefícios do setor, afirma ele, é a resiliência da receita dessas empresas. Como a demanda por serviços como água e energia não muda de forma drástica com as oscilações macroeconômicas, esses ativos costumam proteger o poder de compra do investidor, defende Ornelas. “E a gente vê hoje ativos retornando algo como IPCA+15%, em ativos muito seguros. É muito retorno para pouco risco”, destaca.
Já Fuzaro diz buscar empresas em setores como transição energética e agronegócio. “A gente gosta desses setores que historicamente vêm dando certo no Brasil, e que o governo também estimula”, afirma.
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