BDRs

BDRs patrocinados e não patrocinados: aprenda as diferenças e como escolher

A grande diferença está no envolvimento da empresa estrangeira. Mas a rentabilidade do ativo não depende disso

Homem sentado avaliando investimentos. Foto: Adobe Stock
A projeção para 2023 é de expansão de mais 5 pontos percentuais no índice, ou 9 milhões de novos investidores. Foto: Adobe Stock

Os BDRs (sigla para Brazilian Depositary Receipts) são papéis que permitem aos brasileiros acessar investimentos estrangeiros sem precisar enviar dinheiro para fora do país. São como certificados que representam ações ou outros ativos emitidos por companhias no exterior, e são negociados na B3, a bolsa de valores brasileira.

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Existem dois tipos principais de BDRs: os patrocinados e os não patrocinados. A diferença entre eles está no grau de envolvimento da empresa estrangeira que emite os ativos que servem de lastro para os BDRs, explica João Mauricio Rebouças, sócio, analista e gestor da Buena Vista Capital.

Diferenças entre os BDRs patrocinados e não patrocinados:

BDRs patrocinados

  • São emitidos com a ciência da empresa estrangeira, que participa do processo de emissão dos certificados no Brasil e contrata uma instituição depositária para intermediar a operação.
  • A empresa se compromete a prestar mais informações aos investidores brasileiros, seguindo as regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
  • Esse tipo de ativo tem três níveis, o I, II e III. Os do tipo II e III precisam ter registro como emissor estrangeiro na CVM. Já o tipo I está isento desse registro, a não ser quando lastreado em títulos de dívida de companhias abertas brasileiras.

BDRs não patrocinados

  • Só podem ser classificados como nível I, o que significa que têm menos exigências de divulgação de informações e distribuição.
  • São emitidos sem que necessariamente a empresa estrangeira saiba.
  • Estão isentos da necessidade de cadastro como emissor estrangeiro na CVM.
  • A empresa estrangeira não participa do processo de emissão dos certificados no Brasil.
  • Quem compra os ativos no exterior e emite os BDRs no Brasil é uma instituição depositária, sem o envolvimento da empresa estrangeira.

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O que o tipo de BRD indica sobre os planos das empresas?

Rebouças detalha que a participação ativa da empresa na emissão dos certificados indica um interesse na economia local e pode indicar que há planos de expansão ou de investimentos na região.

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Mas a rentabilidade dos investimentos em si não é afetada pelo tipo de BDR. Nesse caso, segundo o gestor da Buena Vista Capital, tanto um BDR patrocinado quanto um não patrocinado continuam representando seus ativos subjacentes, que “são de empresas estrangeiras com suas próprias características e seu resultado independe desse fator específico”.

Como negociar o ativo

Para Kelvin Saegussa, educador financeiro, o investidor deve levar em consideração a forma da negociação do BDR. “Dependendo de como estiver organizado o ativo, é possível que você possa negociar o BDR da mesma forma que compra uma ação no Brasil”, diz.

Por outro lado, detalha o especialista, existe a possibilidade de o investidor ter de fazer uma compra via balcão. Ou seja, seria precisaria emitir uma ordem pelo profissional que faz o atendimento na instituição financeira para ter acesso a um outro ambiente de compra e venda de ativos diferente do home broker.

O que pesa na compra?

Segundo Rebouças, entre os principais fatores que devem influenciar a decisão do investidor estão:

  • O perfil do investidor e objetivo do investimento: ser mais conservador ou mais arrojado, ter mais ou menos experiência no mercado financeiro, ser um capital mais voltado para o curto ou longo prazo são fatores que definirão a necessidade do investidor de se expor a esse tipo de ativo.
  • A disponibilidade do BDR: se está acessível para o investidor, se o papel tem liquidez no mercado e se tem um preço justo.
  • A qualidade e o desempenho da empresa estrangeira: se tem boa reputação, bons resultados financeiros, boas perspectivas de crescimento e boa governança corporativa.
  • A variação cambial: como os BDRs são lastreados em ativos emitidos em moeda estrangeira, estão sujeitos à flutuação do câmbio entre o real e a moeda do país de origem da empresa. Se o real se desvaloriza em relação a moeda estrangeira, o valor dos BDRs tende a aumentar. Se o real se valoriza em relação à moeda estrangeira, o valor dos BDRs pode diminuir.
  • A conjuntura econômica e política: como os BDRs estão expostos aos cenários macroeconômicos e geopolíticos dos países onde as empresas estão sediadas ou atuam, estão sujeitos a variação das condições desses mercados. Se os países apresentam estabilidade, crescimento e confiança, o valor dos BDRs tende a aumentar. Ou podem cair se houver instabilidade, recessão e incerteza.

Liquidez em alta, mas é ponto de atenção

Quem optar por BDRs deve estar atento a algumas características, diz Saegussa, como a liquidez do papel, que tem aumentado por conta do maior acesso a esse tipo de produto.

“Ainda assim, diversos BDRs possuem baixa movimentação e, por isso, pode ser difícil comprar ou vender essas posições. É importante que o investidor leve isso em consideração, para que não tenha uma restrição de liquidez elevada em sua carteira”, adverte.

Custos menores

Outro ponto importante, segundo Saegussa, é o volume da operação do investidor. Em função das taxas de remessas de moeda estrangeira, assim como outros custos ao se investir fora do país, os BDRs podem ser uma opção mais democrática para quem quer se familiarizar com as empresas de fora do Brasil sem a necessidade de converter moeda ou abrir uma nova conta bancária.

Como conclui o gestor da Buena Vista Capital, os BDRs são uma forma de investir em empresas estrangeiras sem sair do Brasil, mas exigem uma análise cuidadosa dos riscos e benefícios envolvidos.

“Os investidores devem levar em conta as diferenças entre os BDRs patrocinados e os não patrocinados, bem como os fatores que influenciam a performance de cada um deles. Assim, eles poderão fazer escolhas mais adequadas aos seus perfis, objetivos e expectativas”, afirma Rebouças.

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