Como começar a investir? Cinco passos para se tornar um investidor
Especialistas em finanças dão dicas para você cuidar do seu dinheiro!
“Nem todo mundo está inserido no mercado financeiro, mas as finanças estão no dia a dia de todos.” É assim que Arthur Vieira de Moraes, professor da B3 Educação, define a importância de ter conhecimentos básicos sobre dinheiro e investimentos, porque deles dependem nosso presente e nosso futuro.
Uma das primeiras dúvidas de quem está de olho no primeiro investimento é em relação ao valor. Há um mito de que é preciso de altos valores para dar o primeiro passo, mas hoje é possível fazer o primeiro aporte com apenas R$ 10, como lembra o empreendedor e educador financeiro Bernardo Pascowitch, criador da plataforma YUBB, que faz comparativos de investimentos.
Se você quer dar os primeiros passos nesse mundo dos investimentos, confira a seguir algumas orientações práticas e essenciais dos especialistas Arthur e Bernardo.
Quanto dinheiro preciso ter para começar a investir?
Uma preocupação muito comum de quem está começando a investir é qual deve ser o montante inicial para aplicações. Muitos acreditam que é preciso ter uma grande quantia para começar a investir, mas Bernardo Pascowitch – empreendedor, educador financeiro e criador do YUBB – afirma que essa ideia é equivocada. Segundo ele, é possível começar a investir com pouco, por meio de aplicações com valores mínimos em torno de dez reais.
Bernardo lembra, porém, que, antes de investir, é importante lembrar de organizar as contas. Não é possível começar a investir, ainda que com pouco dinheiro, se você está inadimplente. Isso porque os juros a serem pagos numa dívida tendem a ser mais altos que o retorno de um investimento em renda fixa, como um título do Tesouro Direto, por exemplo. Portanto, o melhor a fazer é quitar as dívidas antes de investir.
Mas, atenção! Inadimplência não é a mesma coisa de endividamento. Alguém que financiou um imóvel, por exemplo, está endividado, mas não necessariamente inadimplente. A inadimplência acontece quando a pessoa deixa de pagar as parcelas no prazo devido.
O cartão de crédito é um tipo de endividamento de curto prazo, já que você faz a compra, mas só paga na data do vencimento. Porém, se você não pagar o valor total da fatura, ficará inadimplente e começam a ser cobrados os chamados juros rotativos, que somam mais de 350% ao ano. Se a conta continuar em aberto, seu nome pode ser colocado num cadastro de inadimplentes, o que pode dificultar desde abrir uma conta bancária, ter um cartão de crédito ou conseguir um financiamento de imóvel.
Daí a importância de organizar bem o orçamento, planejar as dívidas para não deixar nenhuma conta em aberto e, se isso acontecer, priorizar o pagamento antes de pensar em investir.
Qual deve ser meu primeiro investimento?
Pronto. Você não tem nenhum boleto atrasado e tem um dinheiro na conta. O próximo passo é começar a investir. A primeira parcela de investimento deve ser em uma reserva de emergência. Ela é uma quantia de segurança em casos de imprevistos ou para cobrir riscos inerentes aos investimentos. Idealmente, ela deve cobrir seis meses dos seus custos de vida caso você perca sua fonte de renda.
O professor Arthur recomenda usar seis meses para economizar dinheiro e juntar essa reserva para começar a investir. Se não for possível esperar seis meses, o recomendado é começar a investir com valores menores e guardar a maior parte da rentabilidade como reserva de emergência. Nesse caso, algumas opções são as aplicações que têm baixa rentabilidade, mas são seguras e contam com prazos de retorno estratégicos, como alguns investimentos em renda fixa.
Vale lembrar que, como a reserva de emergência deve estar à disposição caso você precise, é importante que a aplicação tenha liquidez praticamente imediata.
Como adequar seus investimentos aos seus objetivos?
Segundo Bernardo, o investimento pode ser visto como um instrumento de proteção do patrimônio contra os efeitos da inflação. A ideia é que os investimentos rendam mais do que o IPCA para preservar o poder de compra do investidor.
Ele também destaca que é importante considerar os objetivos pessoais e quais os prazos para obtê-los para planejar suas aplicações. Você pode ter o objetivo de fazer uma viagem internacional no próximo ano e também, em cinco anos, dar entrada num imóvel, por exemplo.
O professor Arthur recomenda organizar os investimentos de acordo com cada objetivo. Por exemplo, fazer controles por meio de planilhas ou abrir contas em diferentes corretoras, alinhando cada uma delas com determinado objetivo.
Ao abrir a conta, o investidor tem acesso ao home broker, plataforma digital de investimentos, o que também pode ser um bom meio de organização, já que cada corretora tem o seu próprio sistema – assim, o investidor teria um home broker para cada objetivo.
Na hora de montar a carteira de investimentos, isto é, o conjunto de aplicações realizadas por um investidor, é preciso ter uma estratégia bem definida e segura. Bernardo destaca que, se há um montante que pode cobrir uma aplicação mais arriscada, ou seja, com maiores chances de perda, o investidor pode atuar de acordo com um perfil mais arrojado.
Entretanto, para quem ainda não conhece muito bem o mercado financeiro, o melhor a fazer é não arriscar análises de mercado, e sim se basear em recomendações de especialistas de corretoras e em fontes confiáveis de informação.
Outro objetivo comum dos investimentos é a aposentadoria. Para isso, Bernardo recomenda levar em consideração o tempo até a saída do mercado de trabalho e a quantia mensal necessária para manter o padrão de vida desejado. Assim é possível calcular o prazo, rentabilidade esperada e quantia para aplicação em um investimento que visa a aposentadoria.
Que garantias tenho, como investidor?
O investidor iniciante pode sentir-se inseguro pelo risco de prejuízo, mas o professor Arthur lembra a atuação do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) no mercado financeiro. O FGC funciona como um seguro financiado por bancos e outras instituições financeiras e oferece garantias de até R$ 250 mil por CPF. Os investimentos cobertos pelo FGC são: Certificados de Depósitos Interbancários (CDB), Letras de Crédito (LCI e LCA), Letras de Câmbio (LC) e Letras Hipotecárias (LH).
Os investimentos em renda variável não contam com proteção do FGC, mas possuem uma medida similar de segurança, o Mecanismo de Ressarcimento de Prejuízos (MRP). O MRP é mantido pela B3, por meio da BSM, e utilizado para indenizar o investidor em caso de erros cometidos por corretoras ou outras instituições.
O professor Arthur destaca, porém, que o MRP não se aplica a perdas vindas de riscos inerentes ao investimento. Ou seja, se você comprou uma ação, mas ela se desvalorizou, isso está dentro do risco esperado. Essa garantia é usada quando o sistema financeiro, composto pelos bancos, corretoras e outras instituições, não funciona da maneira esperada.
Qual investimento é melhor para um iniciante?
Bernardo Pascowitch e o professor Arthur Vieira de Moraes citam alguns investimentos que podem ser adequados ao investidor iniciante: o Exchange-traded fund (ETF) é um fundo de índice negociado como se fosse uma ação. Como ele reflete uma cesta de ativos – no caso do BOVA11, a carteira teórica usada para calcular o Ibovespa –, é uma maneira simples de diversificar os investimentos sem ter que fazer várias compras.
Já o Brazilian Depositary Receipt (BDR) são certificados de ações de empresas estrangeiras negociadas na bolsa nacional; há também o BDR de ETF, isto é, recibos de ETFs que replicam índices de bolsas estrangeiras. Por fim, há o Fundo de Investimento Imobiliário (FII), em que é possível comprar cotas de um fundo especializado em empreendimentos imobiliários de vários tipos.
As informações acima foram divulgadas durante transmissão ao vivo promovida pela B3 no dia 24 de fevereiro de 2021.
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