Derivativos

Microcontrato do S&P 500 bate recordes de negociações: entenda como funciona

Volume médio de negociações cresceu 40% desde o ano passado; entre pessoas físicas, avanço foi de 22% em 2 anos

O microcontrato futuro do índice de ações americano S&P 500, negociado na B3, bateu três vezes o seu recorde de negociações diárias neste ano. O recorde mais recente foi em 25/08, quando 70 mil contratos foram negociados no dia, mais que o triplo da média anual de 21 mil contratos. Os recordes anteriores haviam sido registrados em 15/06 (60 mil contratos) e 13/03 (58.9 mil contratos).

Criado em 2019 por meio de uma parceria entre a B3 e a CME Group, a operadora da bolsa de derivativos de Chicago, o micro S&P é voltado aos investidores que buscam exposição na variação cambial e no índice internacional. A procura pelo produto cresce ano a ano e complementa uma ampla cartela de índices nacionais, mas esse avançou se intensifica desde 2022, quando as negociações aumentaram 40% no período.

O número de compra e venda desses micro contratos também vem crescendo entre as pessoas físicas: entre 2021 e 2023, a média diária de negociações feitas por pequenos investidores saltou mais de 22%.

Quer conhecer mais sobre o microcontrato que segue o índice das 500 maiores empresas americanas? O Bora te explica!

O que é o microcontrato S&P 500?

O microcontrato Futuro de S&P 500 permite negociar hoje a expectativa de preço futuro para o portfólio de ações representado pelo Índice S&P 500, que é composto pelas 500 maiores ações do mercado norte-americano em diversos setores da economia.

O Micro S&P 500 é 20 vezes menor do que o mini futuro do S&P 500, o contrato padrão brasileiro.

O que é o índice S&P 500?

Abreviação de Standard & Poor’s 500, o S&P 500 é um índice composto pelos 500 maiores ativos do mercado de ações dos EUA.

Sua importância se dá pela abrangência, pois chega a representar 80% do maior mercado acionário do mundo.

+ O que é e como funciona o Ibovespa Futuro?

Como funciona o microcontrato S&P 500?

O microcontrato S&P 500 utiliza a infraestrutura de negociação da Câmara da B3 e pemite negociar o contrato no Brasil em dólares e liquidá-lo em reais.

Portanto, além de exposição à economia americana, o micro contrato também permite ficar exposto à moeda americana.

Qual a diferença entre o microcontrato futuro de S&P 500 e um ETF de S&P 500?

Tanto o ETF como o microcontrato são indexados a índices acionários. Portanto, qual a diferença entre eles?

Por ser um ativo adquirido à vista, o ETF é  um investimento, que deve ser monitorado ao longo do prazo de investimento, e  busca espelhar o desempenho do índice.

Já o microcontrato é um derivativo que pode ser usado para realizar operações de hedge, que servem como proteção da carteira de investimentos,  ou mesmo permitindo alavancagem para o portfólio do investidor. “Ambos produtos apesar da mesma exposição ao mercado americano, podem ser utilizados em diferentes estratégias a depender do perfil de risco do investidor, do horizonte de tempo e do resultado desejado”, diz Thalita Forne, gerente de produtos da B3.

“Os futuros e os ETFs podem ser usados juntos. Digamos que você tem um investimento em um ETF, mas há uma volatilidade no mercado. Se você vender o ETF, terá de pagar imposto sobre os ganhos. Mas talvez você queira restabelecer sua posição daqui um tempo. Você pode usar os microcontratos futuros para fazer o hedge”, afirma McCourt, Head global de Equity e FX do CME Group. “Não é questão de escolher um ou outro. São estratégias que se complementam”, conclui.

Quanto custa o microcontrato S&P 500?

Enquanto cada ponto do Micro S&P 500 deve ser multiplicado por US$ 2,50, o contrato padrão (minicontrato) deve ser multiplicado por US$ 50.

Os pequenos investidores não precisam adquirir um contrato cheio: apenas pagar o ajuste no final do dia

O código de negociação do Micro S&P 500 é WSP. O último dia para negociação é até a terceira sexta-feira do mês de vencimento (março, junho, setembro e dezembro), que coincide com o vencimento no CME Group. Caso não haja sessão de negociação na Bolsa de referência, a data de vencimento será a próxima sessão de negociação estabelecida pela CME.

Quem deve investir no microcontrato S&P 500

O microcontrato deve fazer parte da porção mais apimentada e volátil da carteira de investimentos. É indicado para hedge, mas também pode ser usado em operações de day trade e arbitragem.

“O produto é uma boa forma de operar notícias macroeconômicas, pois tem capacidade de acompanhar o desempenho de empresas que atuam em diversos setores da economia americana”, conclui Forne, da B3.

Robustez e diversificação da economia brasileira é “combinação difícil de replicar” entre emergentes, diz diretor do CME Group

O interesse dos brasileiros pelo mercado financeiro é crescente. Com isso, aumenta também a demanda por produtos e operações mais sofisticados. É o que avalia Tim McCourt, Head global de Equity e FX do CME Group, a operadora da bolsa de derivativos de Chicago e uma das maiores operadoras de bolsa do mundo.

O grupo tem com a B3, a bolsa brasileira, parceria para a criação de novos produtos. Um deles, o microcontrato futuro do índice de ações americano S&P 500, vou suas negociações aumentarem 40% desde o ano passado.

O Bora Investir conversou com Tim McCourt para entender as razões por trás desse crescimento. Na entrevista, o executivo falou também como vê o mercado brasileiro os impactos das elevadas taxas de juros nos EUA sobre o mercado de derivativos. Confira trechos da entrevista:

A negociação dos microcontratos do S&P 500 tem crescido no Brasil e bateu recordes recentemente. Qual o motivo desse maior interesse, na sua visão?

O investidor de varejo do Brasil abraçou esses produtos, assim como os minicontratos do Ibovespa. Na minha perspectiva, o mercado brasileiro entendeu os benefícios inerentes aos futuros versus os ETFs.

E acho que é algo que realmente mostra a sofisticação e o interesse crescente dos usuários no Brasil. Mas também isso mostra como o S&P 500 é um benchmark global, o que atrai muitos traders. Quando pensamos nas empresas que fazem parte do S&P 500, são as 500 maiores empresas negociadas publicamente nos EUA, e algumas delas são conhecidas no mundo todo, como Apple, Tesla, Google e Netflix. É um índice robusto, que as pessoas conhecem e que é atraente para investidores fora dos Estados Unidos.

Você mencionou o desenvolvimento do mercado financeiro no Brasil. Como você vê o País, na comparação com outros mercados emergentes?

Acredito que o que separa o Brasil de outros mercados emergentes é a diversidade e robustez da economia e dos drivers da economia. Quando se olha para os setores, é uma combinação entre financeiro, recursos naturais, tecnologia, serviços de informação e consumo. É uma economia robusta, voltada ao investimento. Com isso, surge também uma necessidade de hedge para as carteiras de ações, seja com opções ou contratos futuros.

Não vemos isso em qualquer economia emergente, algumas delas são mais focadas em um único setor. Portanto, o que sempre foi fascinante no Brasil é a robustez, a sofisticação e a vontade de adotar instrumentos financeiros mais sofisticados. Penso que é uma combinação difícil de replicar quando se olha para algumas das outras economias emergentes.

Como a elevada taxa de juros nos Estados Unidos tem afetado o mercado de contratos futuros de ações?

Ainda há muita incerteza sobre quais serão os próximos passos do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos). O interessante é que as taxas de juros impactam muitos mercados. O mercado de ações é afetado não só do ponto de vista financeiro, na taxa de juros embutida nos valuations, mas na capacidade de uma empresa pagar dividendos, ou sua capacidade de gerar lucro se ela tem algum empréstimo. Não sei dizer o quanto, mas certamente os juros afetam a precificação no mercado de ações. A mesma coisa acontece no mercado de câmbio. E os mercados financeiros internacionais estão muito interdependentes, então os juros afetam todo mundo. Se um investidor não tem acesso fácil aos treasuries, ele ainda pode operar negociando futuros de S&P500.

Para saber ainda mais sobre investimentos e educação financeira, não deixe de visitar o Hub de Educação da B3.