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Desenrola e Renegocia: 5 cuidados antes de renegociar suas dívidas

Desenrola e Renegocia! são oportunidades para pagar menos pelas dívidas. Veja os cuidados a tomar para que essa chance não seja desperdiçada

Aprenda os onze passos para se livrar das dívidas
Todo planejamento financeiro parte da premissa de que é necessário saber quanto se ganha e quanto se gasta. Foto: Adobe Stock

O cenário pós-pandemia provocou uma alta na inflação em muitos países, incluindo o Brasil. Como resultado, vivemos um recorde de endividamento, no qual a cada 100 famílias, 78 tem ao menos uma dívida. Do total de endividados, 44% estão inadimplentes, o que equivale a 72 milhões de pessoas.

Brasileiros inadimplentes não podem adquirir novos financiamentos, empréstimos e nem firmar contratos corriqueiros, como os de locação, aponta Mariana Rinaldi, gerente institucional da associação de consumidores Proteste. “Essa situação afeta todos os brasileiros, já que essa porção da população trava a evolução da atividade econômica”.

Para auxiliar a população a sair desse ciclo, reativar o consumo e aquecer a economia, governo federal lançou no dia 17/7 a primeira fase do programa de renegociação de dívidas bancárias Desenrola, voltado para quem renda mensal superior a 2 salários-mínimos e menor que R$ 20 mil. Depois, o Ministério da Justiça anunciou o Renegocia!, que permite renegociar débitos com companhias de luz, água, gás, telefone, além do varejo.

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Enquanto o Desenrola busca auxiliar pessoas endividadas para que não se tornem superendividadas no futuro, o Renegocia Já tem foco em brasileiros superendividados, aponta Rinaldi. “O superendividamento pode ser definido como uma situação crítica na qual a pessoa não tem condições para renegociar suas dívidas”.

Não há dúvidas de que ambos os programas são uma chance para pagar menos pelas dívidas e até mesmo ter o nome limpo antes do prazo de cinco anos, caso de dívidas de até R$ 100 dos clientes de bancos participantes do Desenrola. Contudo, participar de programas de renegociação de dívidas exigem cuidados para que essa oportunidade não seja desperdiçada.

Veja abaixo as dicas de Rinaldi, da Proteste, sobre o que considerar antes de renegociar dívidas no Desenrola e no Renegocia.

Mude hábitos e gastos e faça um orçamento

Quem participar dos programas e não buscar educação financeira, mudando hábitos e gastos, terá dois problemas: uma dívida que já existia, e que foi parcelada pelo programa, e novas dívidas que continuarão a aparecer após a renegociação, já que voltará a ter acesso ao crédito, diz a gerente da Proteste.

“O Desenrola prevê um curso de orientação financeira, mas é possível buscar informações qualificadas em pesquisas pela internet, livros especializados e cursos gratuitos”.

Antes de renegociar a dívida, portanto, é necessário fazer um orçamento doméstico para verificar qual o seu custo de vida e o que pode cortar de gastos.

Tenha certeza de que a parcela cabe no orçamento

Na hora de renegociar, não tome decisões precipitadas: assuma apenas o compromisso que possa honrar. Analise a proposta oferecida pela instituição financeira, e não aceite as condições até verificar se, de fato, cabem no orçamento, dando a devida folga para gastos imprevistos que possam surgir.

“Se o orçamento ficar muito justo, a capacidade de honrar a divida até o final do prazo fica comprometida”, diz a gerente da Proteste.

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Caso não consiga honrar o compromisso, o consumidor terá mais dificuldades de conseguir negociar a dívida novamente, completa Rinaldi.

“Se o banco perde a confiança no cliente, dificilmente irá correr o mesmo risco. A dívida é garantida com dinheiro público no Desenrola, o que permite oferecer juros mais baixos. Mas, quando o programa acabar, não haverá mais esse incentivo”.

Renegociar é um direito

No momento de renegociar o débito, não fique constrangido em mostrar a sua real capacidade de pagamento e exigir condições para sair da situação. “Não é porque você está endividado que não pode renegociar os juros”, diz a gerente da Proteste.

Se a proposta não for suficientemente favorável, não hesite em fazer uma contraproposta até chegar a um consenso. “Uma renegociação precisa ser boa para os dois lados. E é esperado que a negociação se prolongue”.

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Caso a renegociação não avance como você gostaria, é possível buscar ajuda especializada em órgãos como Procons ou na Defensoria Pública. Também é possível verificar se outros bancos oferecem condições melhores e realizar a portabilidade da dívida. Contudo, caso essas condições sejam acompanhada por venda de outros serviços, não aceite a oferta.

Não existe perdão da dívida

Os bancos participantes do Desenrola precisam automaticamente retirar dívidas de até R$ 100 da negativação de bancos de crédito, como o Serasa. É basicamente uma antecipação da prescrição da dívida, que ocorre após cinco anos e impede que o consumidor tenha acesso ao crédito até lá.

Contudo, é necessário ressaltar que não há solução mágica, como perdão da dívida: o débito continuará a existir os juros continuarão a ser cobrados e, como resultado, o score de crédito do consumidor continuará a ser afetado, fazendo com que não tenha acesso a uma maior quantidade de crédito ou tenha taxas de juros mais baixas em financiamentos.

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“Enquanto a dívida existir o consumidor terá piores condições de empréstimos porque representa um risco para a instituição financeira. Ou seja, não há vantagem alguma em continuar devendo. Portanto, é necessário quitar a dívida o quanto antes para cortar esses efeitos negativos”.

Não acredite em tudo o que recebe

A Febraban fez o alerta: se aproveitando de pessoas que estão com as finanças fragilizadas, criminosos tentam aplicar golpes ligados ao Desenrola e a programas de renegociação de dívidas.

Rinaldi, portanto, recomenda não acreditar que qualquer link recebido por e-mail ou Whatsapp estejam relacionados ao programa, ainda mais se estiverem anunciando promessas extremamente vantajosas. “É importante se informar e saber exatamente quais são as condições dos programas e seus canais oficiais”.

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