O que têm em comum a economia da China, os juros nos EUA e as contas públicas do Brasil?
Foco dos investidores está nos efeitos positivos no mercado imobiliário chinês, visão de fim do aperto monetário americano e busca por déficit zero das contas brasileiras em 2024
Os investidores têm analisado três principais pontos das economias chinesa, americana e brasileira para tomar decisões e melhorar os ganhos de suas carteiras. São eles:
1. recuperação econômica da China, abalada pelo desaquecimento do mercado imobiliário desde o fim da pandemia;
2. perspectivas do fim de aumentos dos juros nos Estados Unidos pelo Federal Reserve (Fed), o banco central americano;
3. busca pelo governo do Brasil para aumentar a arrecadação e atingir a meta de zerar o déficit das contas públicas em 2024.
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Nesta segunda-feira, 04/09, a 2ª maior economia do mundo apresentou números que mostram um início de melhora na batalha contra a crise das incorporadoras imobiliárias. As vendas de novas casas nas duas maiores cidades chinesas – Pequim e Xangai -dobraram no fim de semana em relação ao anterior, segundo a agência Bloomberg. Para lidar com o aumento na procura, corretores trabalharam mais de 24 horas.
A melhora só foi possível, graças a novas regras para impulsionar o setor, anunciadas pelo governo chinês. Dentre elas está a exigência do pagamento de uma entrada menor para financiamento imobiliário e a flexibilização das restrições para alguns compradores de imóveis em grandes cidades como Pequim.
Crise da Country Garden
A empresa de desenvolvimento imobiliário chinesa Country Garden – que passa por problemas financeiros – efetuou hoje o pagamento dos juros sobre títulos em Ringgit (que é a moeda da Malásia), num esforço recente para evitar um calote (default).
Na sexta-feira passada, 01/09, a empresa obteve aprovação dos credores para adiar pagamentos sobre uma nota em yuan. As ações da companhia dispararam 19% na bolsa de Hong Kong.
Esse melhora pode até animar o mercado hoje, mas os riscos de calote continuam. Nesta terça-feira, 05/09, termina o prazo de carência obtido no início de agosto para dois pagamentos de juros (US$ 22,5 milhões) sobre outros bônus da empresa emitidos no exterior.
Para o economista do banco Master, Paulo Gala, a crise imobiliária na China não deve ser parecida com a dos Estados Unidos em 2008, “porque o sistema financeiro chinês é público”.
O que afetou o setor imobiliário na China?
A queda na venda de casas e o alto endividamento das incorporadoras, após a realização de fortes investimentos sem retorno, é o principal problema do setor. Os apoios ainda incipientes do governo tornam a retomada ainda mais difícil.
A China é um dos maiores importadores de minério de ferro do mundo: o insumo é usado em seu robusto mercado imobiliário. No entanto, a crise no setor está sufocando a recuperação da economia local.
O Banco Central da China (PBoC) já reduziu a taxa básica de juros (LPR) de um ano para 3,45%. No entanto, os juros para empréstimos de cinco anos está em 4,2%. Essa é a taxa mais usada como referência para hipotecas.
São esperados novos estímulos?
Sim. O principal órgão de planejamento econômico chinês afirmou que vai estabelecer um departamento para reforçar a atividade privada do país.
A melhora do cenário chinês ajuda o Brasil, importante exportador de minério de ferro para o país. Isso impacta direto as ações de mineradoras na Bolsa (B3).
Discussão de juros nos Estados Unidos
O Federal Reserve se reúne daqui há duas semanas, em 20 de setembro, para decidir os rumos da nova taxa básica de juros dos Estados Unidos.
Para essa reunião, os analistas acreditam em uma manutenção no atual patamar, entre 5,25% e 5,50% ao ano, diante de uma inflação que começa a ficar mais controlada.
“Estamos sendo observados neste momento por investidores do mundo todo”, diz Haddad
“O cenário mais provável é de uma desaceleração da inflação. Até porque a economia americana já tem mostrado um mercado de trabalho mais fraco”, explica Gala.
As altas na taxa de juros dos EUA influenciam nas expectativas dos investidores globais sobre crescimento da economia e inflação, e são capazes de alterar o fluxo de investimentos, afetando ainda as taxas de câmbio em vários países.
Contas públicas e arrecadação no Brasil
Em relação ao Brasil, as atenções do mercado financeiro estão no cumprimento da meta do governo de reduzir a zero o déficit das contas públicas em 2024.
Isso porque para chegar a esse resultado, o Planalto precisa ver as suas medidas para aumentar a arrecadação aprovadas no Congresso Nacional. Além da melhora do poder de compra dos brasileiros.
Duas dessas medidas estão no foco da Câmara nesta semana. A votação do projeto de lei do programa de renegociação de dívidas, o Desenrola e da taxação sobre apostas esportivas.
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) afirmou que os dois textos vão à plenário antes do feriado de Independência, na quinta-feira, 07/09.
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