Mercado

Dólar fecha em R$ 4,94 e Ibovespa avança aos 106 mil pontos com inflação dos EUA abaixo do esperado

Inflação abaixo do esperado nos EUA amplia apostas de que Fed vai reduzir ritmo de aperto monetário

Ibovespa
O Ibovespa é o principal índice de ações da B3, a Bolsa de Valores do Brasil

O dólar fechou novamente em queda firme na sessão desta quarta-feira (12), em compasso com a bolsa brasileira, a B3, que prolongou o movimento de valorização iniciado na véspera, quando disparou mais de 4%, na maior alta diária em seis meses.

A moeda americana fechou em queda de 1,29% negociada na faixa de R$ 4,9421. Mais cedo, atingiu as mínimas do dia e também do governo Lula 3, a R$ 4,92.

Já o Ibovespa, principal índice da bolsa, fechou em alta de 0,64%, aos 106.890 pontos, perdendo a marca dos 107 mil pontos somente no ajuste pós fechamento.

Inflação nos EUA em março é a menor em quase dois anos

O movimento no mercado brasileiro hoje foi mais atrelado ao cenário externo, principalmente com a divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) de março dos Estados Unidos, que veio abaixo do esperado.

A inflação americana subiu 0,1% no mês, enquanto a alta anual ficou em 5%. As projeções do mercado eram de alta de 0,2% na inflação de março e de 5,2% no acumulado de 12 meses.

O indicador é positivo para a bolsa brasileira e para as internacionais. O número abaixo do esperado sugere que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) pode ser menos agressivo no aperto monetário.

Além disso, no foco dos agentes financeiros, à tarde o Fed apresenta a ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), que decidiu elevar as taxas de juros em 0,25 ponto percentual.

O investidor deve ficar atento ao documento para tentar buscar mais orientações do BC americano sobre seus próximos passos.

Commodities

Minério de ferro caiu 1% no mercado à vista, para US$ 120,75/tonelada, mas ciclone na Austrália pode puxar preço.

O petróleo Brent – referência de preço para Petrobras – fechou em alta de 2,01%, negociado na ICE, de Londres, a US$ 87,33 o barril.

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Política

Na cena local, a expectativa segue sobre como será o texto final do novo arcabouço fiscal do país. O Valor informou que o presidente da Câmara, Arthur Lira, pretende concluir a tramitação do projeto na casa em até três semanas.

Na esfera da agenda econômica do governo, o Valor também informou que o Ministério da Fazenda já discute propostas para a nova política de valorização do salário mínimo. A preferência da equipe do ministro Fernando Haddad seria considerar o PIB per capita como referência para o crescimento real anual.

Cotação do dólar pode se firmar abaixo de R$ 5?

A continuidade dessa tendência de baixa do dólar vai depender de fatores externos, como o rumo dos juros nos Estados Unidos, e internos, como o cenário fiscal, avalia Luiz Felipe Bazzo, CEO do transferbank. O executivo da corretora de câmbio aponta também a perspectiva de juros ainda altos no Brasil

“Está atraindo exportadores para o mercado doméstico de renda fixa, o que reduz a diferença entre a balança comercial embarcada e suas liquidações financeiras em relação às anteriores”, comenta. “O tom mais duro adotado pelo Banco Central (brasileiro) em suas últimas comunicações também favorece a atração de dólares e valoriza a moeda local e, considerando o Brasil com juros ainda alto, sem dúvida, temos pela frente um carry trade”, acrescenta.

Luiz Felipe diz ainda que o mercado hoje tem uma preocupação de que a economia americana deve entrar em recessão, mesmo que leve, e isso contribui para a desvalorização do dólar no mundo. Para ele, a manutenção da moeda americana abaixo de R$ 5,00 depende, no Brasil, de um ambiente com menor ruído interno e perspectiva mais positiva para o cenário fiscal.

“No cenário global, com as altas nos juros nos EUA chegando ao fim e o diferencial de juros favorável, o patamar abaixo de R$ 5 pode ser sustentável. Sobretudo, precisamos ver o arcabouço finalizado e aprovado”, completa.