Mercado

Novas preocupações com o setor bancário derrubam ações do Deutsche Bank

Papéis caem mais de 10% nesta sexta-feira. Contratos do banco alemão de Credit Default Swap (CDS), que é um seguro contra calotes, dispararam após crise no Credit Suisse

Fotografia de uma parede com o logo do banco Deutsche Bank em frente a uma rua, por um ciclista transita
Ações do Deutsche Bank caíam cerca de 14% na manhã de 24/03

Após alguns dias de voo de cruzeiro, o setor bancário mundial voltou a sofrer turbulências nesta sexta-feira, 24/03. O foco de hoje é o Deutsche Bank diante da preocupação dos investidores de que a crise bancária possa gerar uma nova onda de aversão a risco nos ativos financeiros globais.

A apreensão do mercado leva as ações do banco alemão para o negativo, com forte desvalorização acima de 14%. Na contramão estão os contratos de Credit Default Swap (CDS), que são uma espécie de seguro contra calote, que dispararam desde o crise em torno do Credit Suisse. Segundo a IHS Markit, o CDS de cinco anos avança 4,17% (175 pontos-base), maior nível desde outubro do ano passado.

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“O mercado está bem estressado. As ações dos bancos na Europa estão caindo bastante por conta desse novo temor envolvendo o Deutsche Bank. Era um outro banco que já vinha chacoalhando nos últimos anos. Então provavelmente será mais um dia difícil para o Ibovespa”, explica o economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala.

Os novos sinais de preocupação com o setor bancário começaram ontem nos Estados Unidos. A instabilidade foi contida rápido, após uma declaração da secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, de que os reguladores americanos estão “preparados para tomar medidas adicionais, se necessário” para garantir a segurança dos depósitos bancários.

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Para o economista-chefe do Banco Master, diante de mais um banco com problemas, a probabilidade de cortes de juros nos Estados Unidos pelo Federal Reserve segue em alta.

“Apesar do Powell [presidente do Fed] ter falado que eles não vão cortar juros, o mercado segue colocando essa probabilidade, inclusive na reunião de junho. A curva de juros americana hoje já marca essa possibilidade”, conclui Paulo Gala.

Relembre

A crise bancária do século XXI começou no dia 10/03, depois que o Silicon Valley Bank teve a falência decretada. O banco americano das startups não conseguiu honrar o pagamento de aplicações, após uma corrida dos clientes para resgatá-las. Houve também uma falha na tentativa de levantar o capital da instituição.

Pouco depois, em 12/03, outro banco que estava prestes a entrar em colapso, o Signature Bank, também foi tomado por controladores para garantir aos clientes o saque dos seus recursos.

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Dias depois, em 15/03, a crise de confiança levou o Credit Suisse para o olho do furacão. O segundo maior banco da Suíça – que já passava por crises anteriores – teve de pedir socorro ao banco central do país e viu o seu valor encolher US$ 10 bilhões em um ano.

Cinco dias depois, o UBS Bank comprou o CS por 3 bilhões de francos suíços, equivalente a US$ 3,25 bilhões. No fim da semana passada, foi a vez do First Republic Bank receber um aporte de US$ 30 bilhões para frear a perda de valor das ações.