Objetivos financeiros

Como se planejar para ir aos principais festivais de música do Brasil

Os festivais são opções de lazer para quem quer viver experiências; veja como encaixá-los no orçamento

Fotografias de pessoas amontadas em em festivais, dançando e pulando
Além de oferecer mais atrações por valores mais acessíveis, os festivais ajudam no planejamento financeiro

Ainda faltavam três meses para o festival acontecer. Mas o publicitário Luiz Pires, de 24 anos, decidiu se antecipar. A escalação dos músicos mal havia sido divulgada e ele já tinha seu ingresso em mãos. Comprar com antecedência se tornou um hábito para ele, que é assíduo nos festivais. Afinal, pagar as entradas em cima da hora dói no bolso. E seria bem caro: pagou R$ 160 no primeiro lote, enquanto o último estava R$ 320.

Mesmo que não soubesse, exatamente, quais artistas tocariam, ele estava com um bom pressentimento – o Nômade é conhecido por reunir expoentes da MPB, seu gênero musical favorito. Conforme as semanas passavam e o perfil de Instagram do evento dava pistas de quem se apresentaria, ele ficava ainda mais animado. Eis que, há um mês, teve uma grata surpresa: Alcione foi confirmada entre as atrações do evento.

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“É uma rainha. Ela é tudo pra mim”, descreveu o fã. Sucessos como a A Loba e Figa de Guiné estão no repertório dele desde criança, já que cresceu numa família que gosta de samba. Mas, ainda que fosse sua cantora predileta, essa era a primeira vez que a veria pessoalmente. “E o melhor de tudo é que saiu super barato”, acrescenta o publicitário.

Segundo Luiz, uma apresentação solo da artista, que dura cerca de duas horas, custaria o mesmo preço que os dois dias de festival. De quebra, ele ainda pôde curtir o som de outros artistas que admira e conhecer músicos e cantores novos. Para ele, compensou.

Festivais valem a pena?

Em geral, festivais custam caro. Um dia de festa inclui a apresentação de vários artistas, e o evento inteiro pode durar mais de uma semana. Por isso, não é raro que eles atraiam pessoas de fora da cidade onde o evento ocorrerá, o que implica em gastos com transporte e estadia.

Por se tratarem de horas e horas seguidas de música e diversão, os festivais também incluem gastos internos, como alimentação e bebidas. “Mas eu sempre acho que compensa porque você tem a oportunidade de conhecer pessoas de vários lugares diferentes, até de outros países”, diz o jovem, que relata ter trocado happy hours semanais com os amigos por festividades pontuais e planejadas.

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Nos últimos anos, uma onda de festivais tomou o Brasil. Além dos eventos estrangeiros que chegam a cada ano e se fixam no terreno fértil que encontram por aqui, a cena nacional tem se aproveitado de um público disposto a pagar pela experiência. 

Do ponto de vista da grana, o consultor financeiro e escritor Gustavo Cerbasi, sócio da SuperRico, afirma que os festivais são formas interessantes de se divertir sem perder o controle das contas.

Segundo ele, há pessoas que encaram os festivais como um estilo de vida. Desta forma, é mais fácil traçar um planejamento financeiro, coisa que requer uma dose de periodicidade e preparo, ao contrário dos eventos sociais mais usuais.

Como fazer os festivais caberem no bolso?

Ajustes nos gastos corriqueiros, como transporte e alimentação, podem ser bons caminhos para otimizar o estilo de vida e proporcionar experiências, de fato, valorosas, segundo Cerbasi. 

“Para que os festivais caibam no orçamento, é bom fazer o que chamo de grandes esforços. Não precisa guardar mais dinheiro ou, necessariamente, fazer uma aplicação. Mas um bom caminho é cortar gastos extras, como lazer do dia a dia, alimentação fora de casa ou vender um bem”, recomenda o autor.

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Ele diz que, apesar da dedicação, este tipo de sacrifício não é doloroso. Afinal “ quem está fazendo, sabe qual é a recompensa e o prazo para atingir a meta”. “A celebração vai ser muito importante, recheada de fotos e recordações. Enfim, é um marco na vida”, acrescenta. 

“Nesse sentido, um festival é como uma viagem. Você trabalha o ano inteiro mas sabe que, no final, vai poder fazer o que você realmente gosta. Podem ser festivais de música, jogos de final do time favorito ou esportes radicais. Tudo que poderia ser visto como um projeto a longo prazo mas que, com o preparo certo, pode ser parte do cotidiano”, exemplifica. 

Quanto sai um festival?

Ainda que sejam mais democráticos que os shows solo, os festivais podem ter uma amplitude grande de preço. Isso porque alguns duram um dia inteiro. Outros, viram a madrugada. E, os mais longos, podem chegar a mais de uma semana ininterrupta.

O Bora Investir listou os maiores festivais que vem por aí, assim como seus preços. Todos eles vão acontecer no Brasil, e tem mais de um dia de duração. Por isso, a tabela a seguir mostra o preço do passaporte – o ingresso que dá acesso a todos os dias do evento – inteiro, sem ser meia-entrada.

Veja:

Qual?Quando?Onde?Quanto?
Mita3 e 4 de junhoSão Paulo (SP)R$ 850
Turá24 e 25 de junho São Paulo (SP)R$ 840
The Town2, 3, 7, 9 e 10 de setembroSão Paulo (SP)R$ 770
Coala Festival 15, 16 e 17 de setembroSão Paulo (SP)R$ 510
Tomorrowland12, 13 e 14 de outubroItú (SP)R$ 1.050
Rock The Mountain4, 5, 10 e 11 de novembroPetrópolis (RJ)R$ 796
Primavera Sound2 e 3 de dezembroSão Paulo (SP)Ainda não divulgado

Finanças para uma vida mais leve 

Para Cerbasi, há uma diferença entre ir a um grande festival e adotar a rotina de frequentá-los. Alguém que consiga equilibrar o seu estilo de vida para se tornar uma presença assídua nestes shows terá uma vida com mais realizações.

O princípio é valorizar o que, de fato, te faz feliz. “O cara está fazendo sacrifício, trabalhando pra caramba, mas sabe que está se organizando para todo ano ir a dois ou três grandes festivais e vai encarar esse sacrifício com muito mais naturalidade”.

Neste caso, o esforço não vai ser um fardo, mas sim uma vida cheia de celebrações, conclui Cerbasi. “Isso torna o esforço mais leve. A gente deixa de lado o sentimento de sofrimento, que é típico de quem trabalha duro, e passa a ver tudo como uma gincana que tem uma recompensa no final”.

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