Gil do Vigor X Rachel Sheherazade: como comprar um imóvel de R$ 500 mil e de R$ 1 milhão
Sheherazade revelou não ter poupado para a compra de um imóvel mesmo com salário bruto de R$ 200 mil; veja quanto e por quanto tempo é necessário investir para a aquisição
Gil do Vigor, economista, doutorando e ex-BBB, usou uma de suas redes sociais para aconselhar outra ex-participante de reality show, Rachel Sheherazade, expulsa da atual edição de A Fazenda, a passar por um planejamento financeiro.
O comentário veio depois de a jornalista declarar em entrevista ao Link Podcast que, apesar de receber um salário bruto de R$ 200 mil por mês nos tempos de âncora do SBT, não sobrava dinheiro para poupar e realizar o sonho de comprar um imóvel para viver com os filhos.
A ex-fazendeira diz que procurou concentrar as despesas na educação dos filhos e que, na realidade, com os descontos – como os tributários -, o salário líquido seria bem menor. Calculadoras online chegam a um valor final aproximado de R$ 170 mil por mês para um salário PJ de R$ 200 mil.
“Parece que faltou à Rachel buscar um aconselhamento financeiro. E falo para todos, é importante cuidar do seu dinheiro, pois aquela música é real, dinheiro na mão é vendaval”, escreveu Gil do Vigor.
Mas o que diz quem trabalha com finanças pessoais sobre capacidade de poupar quando se tem um objetivo, como a compra de um imóvel?
O Bora Investir ouviu educadoras financeiras e pediu duas simulações: para uma renda líquida mensal de R$ 170 mil, como o que teria sido pago a Rachel, e outra para R$ 5 mil por mês.
Valor e tempo de investimento
Hellen Kato, especialista de Metas e Matemática Financeira e professora da Me Poupe!, fez as seguintes simulações, levando em consideração o mesmo valor de aporte ao longo do período.
Objetivo: R$ 1 milhão
Investimento mensal: 10% do seu salário por mês (R$ 17 mil). Para alcançar R$ 1 milhão, considerando um rendimento de poupança (cerca de 0,5% ao mês) e um de 10% ao ano (0,8% ao ano).
Ao aplicar na poupança, seriam necessários, aproximadamente, 52 meses, ou seja, 4 anos e 4 meses. Aqui não tem descontos, pois a poupança é isenta de Imposto de Renda (IR). Já com rendimento de 10% ao ano, seriam 49 meses, ou seja, 4 anos e 1 mês, se for considerado o valor de R$ 1 milhão bruto.
Para que restasse R$ 1 milhão líquido, após o IR (taxa de 15% sobre o rendimento), seriam 55 meses ou 4 anos e 7 meses.
Objetivo: R$ 500 mil
Investimento mensal: 20% do salário por mês (R$ 1.000). Para alcançar R$ 500 mil, considerando um rendimento de poupança (cerca de 0,5% ao mês) e um de 10% ao ano (0,8% ao ano) alocados em outros ativos.
Na poupança, seriam necessários 250 meses ou quase 21 anos para chegar aos R$ 500 mil. Já com rendimento de 10% ao ano seriam 202 meses (quase 17 anos).
Para que restassem R$ 500 mil líquidos após o IR (taxa de 15% sobre o rendimento), seriam necessários 18 anos.
De 20 a 153 meses
Wanessa Guimarães, sócia da HCI Invest e planejadora financeira CFP® pela Planejar, também fez as simulações para as duas possibilidades de renda.
Objetivo: R$ 1.000.000,00
Investimento mensal: 30% de R$ 170.000,00, o que equivale a R$ 51.000,00 por mês.
Com uma taxa de retorno mensal de 0,93% do CDI (setembro), levará 20 meses para atingir o capital para compra imóvel.
Objetivo: R$ 500.000,00
Investimento mensal: 30% de R$ 5.000,00, o que equivale a R$ 1.500,00 por mês.
Com uma taxa de retorno mensal de 0,93% do CDI (setembro), será preciso poupar ao longo de 153 meses para juntar o capital para a aquisição da casa ou apartamento.
“Se esse plano está no longo prazo, acima de 8 anos, é necessário montar uma carteira diversificada que traga segurança, mas também dê uma apimentada na rentabilidade que irá ajudar a alcançar esse sonho mais rápido”, detalha Hellen.
Onde investir seu dinheiro?
O primeiro passo, prossegue a professora da Me Poupe!, é garantir a formação da reserva de emergência e só então investir para a casa própria. A especialista sugere os seguintes ativos financeiros:
– Tesouro Direto: Especificamente o Tesouro IPCA+, que protege o investidor da inflação;
– CDBs: No médio e longo prazo é possível achar taxas atrativas, acima de 10% ao ano aproveitando o cenário de taxa Selic ainda alta;
– Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs): Permitem exposição ao mercado imobiliário e podem oferecer rendimentos mensais, que nesse caso, devem ser reinvestidos;
– Ações de empresas sólidas ou bons fundos de ações: Para quem tem um perfil mais arrojado, nesse horizonte de investimento mais longo, são as que trarão o maior potencial de crescimento.
– No curto e médio prazo (até 8 anos), a orientação é diversificar os investimentos em aplicações da renda fixa.
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Alertas sobre escolhas de investimentos
A planejadora financeira da HCI Invest, no entanto, lembra que os ativos devem ter vencimento ou carência antes da necessidade da utilização do recurso. Se a pessoa for usar o recurso para a compra do imóvel daqui a dois anos, explica, o vencimento desses ativos precisa ser antes desse prazo.
Outra alerta de Wanessa é em relação ao tipo de investimento. “É importante também considerar a escolha de ativos de baixo a médio risco. Para esse objetivo não seriam recomendados ativos de alto risco, como ações, criptomoedas, operações de day trade e até mesmo fundos imobiliários pela possibilidade de alta variação no preço da cota do ativo”.
Hellen, por sua vez, inclui na sua lista de ativos não recomendados os seguintes produtos:
– Fundos com altas taxas de administração, que podem corroer o retorno ao longo do tempo, principalmente em fundos que não têm boa performance;
– Poupança, devido a sua baixa rentabilidade em comparação com outras opções disponíveis tão ou mais seguras que ela, como o Tesouro Direto.
– Fuja também de títulos muito especulativos e promessas de ganho fácil.
Estratégia: quanto do salário preciso investir
Para a especialista da Me Poupe!, investir um percentual fixo do salário é uma estratégia inteligente, pois à medida que o salário aumenta, o valor poupado também cresce. O percentual ideal varia de acordo com o orçamento e os objetivos de cada pessoa, mas uma recomendação é investir 30% do salário para todas as metas (de curtíssimo prazo até a aposentadoria de forma distribuída).
“Se a casa própria é uma meta relevante, deve-se estabelecer o máximo possível dentro do orçamento. No entanto, é crucial que esse investimento não comprometa o orçamento mensal e que seja feito após a constituição da reserva de emergência e com as dívidas fora do jogo”, pontua.
Também é importante lembrar, diz Hellen, que rendas extras podem acelerar os objetivos, pensados sempre com base na capacidade investimentos por mês. Esse dinheiro mensal é que faz a grande diferença no valor final.
Atitude disciplinada
Manter a disciplina em qualquer situação é algo desafiador. Na hora de investir não seria diferente. Por isso, Wanessa sugere que o ponto de partida seja a determinação quanto ao objetivo de aquisição definido – como a compra de uma casa – sem gastar com outras coisas.
“Se o objetivo é comprar a casa, o caminho é tomar a decisão de poupar todos os meses para fazer a aquisição”, diz Wanessa. Para quem tem dificuldade financeira, orienta a especialista, uma alternativa pode ser o consórcio, que vai levar a uma poupança forçada.
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