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Consórcio como investimento vale a pena?

Busca por consórcios tem aumentado no Brasil, mas é preciso fazer análise antes de escolher um para investir

É preciso analisar outras opções antes de escolher um consórcio como investimento. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Os consórcios se modernizaram no Brasil. Com a tecnologia, os boletos passaram a ser emitidos online e é possível até pagar os valores mensais com Pix. Também diversificaram a gama de bens que podem ser adquiridos e passaram a ser uma alternativa de financiamento até para serviços. Muitas vezes, o produto é oferecido como uma forma de investimento. Professores de finanças, entretanto, alertam que é preciso avaliar bem as opções antes de decidir se o consórcio é uma boa opção para fazer seu dinheiro render.

“A própria descrição da lei coloca que o consórcio se destina especificamente a facilitar o acesso ao consumo de bens e serviços”, afirma Alex Nery, professor da FIA Business School. “Mas não tem essa característica de investimento, não tem essa finalidade, no próprio conceito do produto”.

Nery lembra que quando o objetivo é investir, isso está atrelado à busca por uma rentabilidade – o que não acontece no caso do consórcio. “Até pode ser usado como uma forma de poupança forçada, mas é um investimento ruim. Várias outras possibilidades podem ter uma rentabilidade melhor”, diz ele.

Taxas afetam o desempenho

Além de não render juros ao investidor, o consórcio tem taxas de administração, seguros e contribuição para fundo de reserva, que não serão devolvidas e que, de início, reduzem o valor que o participante irá receber no fim da vigência do consórcio. “Se comparadas às taxas de juros [de um financiamento], as taxas de administração não são tão altas, mas as taxas do consórcio tendem a ser mais altas do que de outros investimentos”, diz Nery.

“Considerando uma taxa de administração muito atrativa, de 0,18% ao mês, se você for pagar por 11 anos, ao final, seu custo total vai ter aumentado 27%”, calcula Valéria Vanessa Eduardo, professora de finanças da Anhanguera. “Em comparação, na renda fixa, se consegue juros de 0,95% ao mês [de rendimento]”, diz.

Outro ponto a ser levado em conta é que existe a correção de acordo com o valor do bem, mas a parcela do consórcio também aumenta proporcionalmente – e precisa ser paga mesmo após a contemplação.

Liquidez e diversificação

Valéria lembra ainda que não há possibilidade de desistência em um consórcio. “Enquanto você não é contemplado, seu dinheiro fica imobilizado”, diz ela.

Outras opções de investimento também permitem maior diversificação, já que é possível fazer aportes em diferentes classes de ativos com o tempo. “Se vou fazer um investimento, tenho gama muito maior de opções e que fazem com que se tenha muito mais liberdade”, diz Nery.

Poupança forçada

Um ponto que pode ser positivo no consórcio é a disciplina em fazer os pagamentos. Muita gente tem dificuldade em poupar, mas consegue se organizar quando há um boleto para pagar. Para esses casos, o consórcio pode sim valer a pena. “Acaba sendo uma poupança forçada para quem não tem disciplina de guardar”, diz Nery.

Como alternativa de crédito

Por outro lado, os dois professores pontuam que como uma forma de adquirir um bem, o consórcio pode sim ser uma opção a ser considerada.

“Como alternativa ao financiamento, considerando que não há cobrança de juros, pode ser uma opção para quem quer um bem e não consegue naquela hora, mas também não tem urgência”, diz Nery. “E a pessoa pode dar lances, se tiver dinheiro, para ser comtemplada o quanto antes”.

No entanto, não se esqueça de ponderar que a contemplação no consórcio pode demorar. Ou seja, se você entra em um grupo para comprar uma casa própria, poderá ter de arcar com o custo do consórcio e do aluguel por um tempo.

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