Quais empresas brasileiras mais pagaram dividendos em 2024 até agora?
Confira dicas de como montar uma carteira de ações focada em dividendos
Quem investe em ações com foco nos dividendos costuma ficar à procura das empresas que mais pagam proventos a seus acionistas. Uma das métricas para avaliar essa remuneração é pelo dividend yield (DY), que calcula o quanto foi pago em comparação com o preço da ação.
Esse número é importante, mas não deve ser o único fator na decisão de quais ações devem compor uma carteira focada nesses rendimentos.
O Bora Investir conversou com especialistas para comentar as empresas que mais pagaram dividendos em 2024 até agora, e para explicar como montar seu portfólio de ações focado em renda passiva.
Quais ações mais pagaram dividendos em 2024?
Um levantamento feito por Einar Rivero, sócio fundador da Elos Ayta Consultoria, a pedido do Bora Investir, mostra quais foram as empresas que mais pagaram rendimentos a seus acionistas no primeiro trimestre de 2023.
Alguns dos setores que mais se destacaram foram serviços financeiros, seguradoras e bancos, além de água e saneamento e energia elétrica. Confira a lista completa:
O que avaliar em uma ação com foco em dividendos?
Bruna Sene, analista da Nova Futura Investimentos, explica que ao montar uma carteira focada em dividendos, a escolha dos ativos é diferente de montar um portfólio que busca crescimento.
“Quando se quer dividendos, busque escolher setores menos cíclicos e mais resilientes. É importante olhar também para a questão de estabilidade do lucro da companhia, porque se você está buscando dividendos, o dividendos nada mais é do que a distribuição de parte dos lucros da empresa, certo?”, completa. Outro ponto, diz ela, é buscar empresas mais maduras e com baixo endividamento.
Por fim, avalia-se o histórico de pagamento de dividendos, e o chamado payout – o porcentual do lucro que a empresa se propõe a pagar aos acionistas. O payout é decidido por cada empresa, e está disponível nas comunicações oficiais das companhias e em sites especializados.
Vale pontuar, entretanto, que não se pode olhar apenas o último dividendo: algumas empresas fazem pagamentos extraordinários (como a venda de uma unidade), com base em fatos que não devem se repetir mais de uma vez. “Se uma empresa fez um pagamento não recorrente e dividend yield subiu para mais de 20% em 2023, ela vai manter esse pagamento neste ano? Provavelmente não”, diz Bruno Oliveira, analista da plataforma AGF. “Se é uma empresa que está aumentando o pagamento de dividendos, é uma coisa. Agora, se é uma empresa que pagou uma vez e não deve repetir esse pagamento, é outra análise que tem que ser feita”.
Frequência dos pagamentos
As empresas têm políticas diferentes em relação à frequência com que distribuem proventos. Por isso, quem quer uma renda passiva deve olhar esse fator para se programar. Há tanto companhias que fazem o pagamento mensal como aquelas que o fazem de forma trimestral, semestral ou anual. “É interessante o investidor casar essas empresas em termos do horizonte que ele pretende receber os proventos, se pretende receber os proventos todo mês, todo trimestre, todo semestre e por aí vai”, afirma Lucas Serra, analista da Toro Investimentos.
Estabilidade e resiliência
Outro ponto é a estabilidade do valor distribuído aos acionistas. Serra sugere dar preferência para aquelas empresas que têm um montante pago que seja relativamente estável, sem grandes variações.
Isso depende, entre outras variáveis, da consistência de resultado da empresa. “Aquelas empresas que estão sempre entregando resultados estáveis, que não apresentam variações muito grandes de um trimestre para o outro, costumam ser empresas que distribuem proventos de forma recorrente e também num montante significativo”, diz Serra.
“Acho que é interessante focar em empresas que possuam elevadas barreiras de entrada, que sejam líderes nos seus setores de atuação, que já estejam bem consolidadas”, completa o analista da Toro.
Buscar setores menos cíclicos é estratégia para ganhar dividendos
Os setores que dependem menos do desempenho da economia para ter um bom resultado são frequentemente citados nas carteiras de divdendos. “Independente do momento econômico, do ciclo de taxa de juros, tem alguns setores que são essenciais, como setor de energia elétrica, bancário, utilidade pública e comunicação”, diz Bruna Sene.
Bruno Oliveira, analista da plataforma AGF, resume a ideia com a sigla BESST: bancos, energia, saneamento, seguros e telecomunicações. “Os bancos acabam sendo muito resilientes e por mais que sofram nas crises econômicas, em momentos de pequeno suspiro de crescimento, eles decolam”, explica.
No setor elétrico, ele diz olhar principalmente para as transmissoras de energia – que têm contratos longos e corrigidos pela inflação, o que dá previsibilidade. O setor de saneamento também se beneficia por ser muito regulado e resiliente.
“Em seguros, o operacional da empresa vai funcionar demais quando você tiver um cenário de juros baixos, porque as pessoas vão procurar crédito, vão comprar carro, casa, terrenos e precisam de seguros. Por outro lado, em momento de crise e juros mais altos, a empresa se rentabiliza com o resultado financeiro”, diz.
Já em telecomunicações, ele argumenta que as empresas listadas estão se modernizando frente ao novo cenário, em que não podem depender apenas da telefonia. “É um setor que é fundamental, nossa sociedade precisa se comunicar, e mesmo que haja outra mudança, [as empresas] pelo menos têm um know how de implementar um novo modelo de negócios. Isso traz para a gente também uma certa resiliência”.
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