Quanto e onde investir para ter uma renda de R$ 10 mil por mês?
É possível investir alto para ter essa renda mensal, ou distribuir os aportes mensalmente em valores menores, tendo o tempo como aliado
Élida Oliveira, especial para o Bora Investir
Receber R$ 10 mil na conta todos os meses está no imaginário de muitas pessoas que desejam ter uma renda passiva – um dinheirinho que aparece como rendimento dos investimentos, sem você precisar se esforçar muito.
Mas, mesmo para ter renda passiva, é preciso conhecer as aplicações, as empresas, ser paciente e muito disciplinado. Vicente Guimarães, CEO da VG Research, afirma que o mais importante é saber que essa renda não vai aparecer rapidamente.
“É um processo que pode demorar mais de 15 ou 20 anos na maioria das vezes. E tudo depende do seu poder de aporte (investimento mensal) e da sua disciplina”, diz.
+ Quanto renderiam R$ 100 mil aplicados em renda fixa por um ano?
Como construir a renda passiva
Segundo Vicente Guimarães, o foco do investidor não deve ser os investimentos que pagam rendimentos mensais – é preciso ampliar essa visão para incluir aqueles que pagam a cada três, seis e até 12 meses.
“O foco deve ser a renda anual”, explica. Assim, para ter uma meta de R$ 10 mil por mês, é preciso pensar em um retorno de R$ 120 mil por ano, segundo o especialista.
Bruno Oliveira, analista do AGF, sugere uma outra abordagem. Se o investidor escolher aplicar em empresas que pagam semestralmente (duas vezes por ano), bastaria investir em seis empresas para ter remuneração mensal, ou em quatro empresas que pagam trimestralmente, por exemplo.
Como chegar a esse rendimento? Para o CEO da VG Research, é com muito estudo e paciência. “O investidor iniciante deve gastar alguns meses estudando o mercado e entendendo os principais investimentos que existem e quais são os mais adequados”, sugere.
Esse conhecimento está acessível para todos, com informação gratuita em textos e vídeos na internet, além de livros sobre investimentos. Há ainda a opção de procurar especialistas em investimentos, e contratar análises e sugestões de investimento de casas de análise, segundo Guimarães.
Como escolher as ações em que investir?
Oliveira aconselha ao investidor olhar a empresa sob três horizonte de tempo: passado, presente e futuro. Ao analisar o passado, o investidor irá observar como ela se comportou em momentos de crise, como na pandemia, ou em momentos específicos, como o ocorrido com a Vale em 2019, em Brumadinho. Segundo ele, empresas que perduram são empresas consideradas perenes.
Ao observar o presente, o investidor irá olhar para a saúde da empresa e comparar com as concorrentes. O resultado da análise deverá responder à pergunta: As operações são rentáveis e sustentáveis ou é um negócio que não vai “parar em pé”?
Essa resposta irá guiar a análise do futuro, considerando o longo prazo como “sem data definida”. Afinal, o objetivo – diz Oliveira – é fazer uma pequena parceria com um grande negócio, sem estipular um período para se encerrar. “É necessário entender quais são os próximos passos que a empresa pretende dar. Até porque a história não se repete, mas ela rima muito”, diz o analista.
Depois, o investidor deve analisar a si mesmo. Oliveira sugere que o investidor observe quais foram seus erros, o que aprendeu com aquilo, e se há empresas listadas na Bolsa com as quais ele tenha mais afinidade ou conhecimento prévio. Feito isso, é preciso focar na disciplina do dia a dia, respeitando as estratégias de investimento, fazer aportes mensais e não tomar decisões com base na emoção.
“Quando separamos parte da renda ativa – que é o nome bonito dado ao salário para a maioria das pessoas – e investimos na nossa renda passiva, é extremamente necessário que o objetivo seja o mais claro possível. Toda e qualquer decisão de investimento precisa ser antecipada com a pergunta: ‘Isso que você está fazendo te aproxima ou te afasta do seu objetivo principal?’. A isso damos o nome de foco”, afirma Oliveira.
+ As 20 empresas que mais pagaram dividendos no Brasil e no mundo em 2023
Investimentos recomendados
Para os iniciantes, Guimarães aconselha uma carteira com opções conservadoras, como 25% em renda fixa de longo prazo (como Tesouro IPCA), 25% em ações, 25% em FII (Fundos de Investimentos Imobiliários) e 25% em renda fixa de curto prazo (com liquidez imediata).
Em plataformas de investimentos, é possível simular quanto seria preciso investir em cada tipo de ativo disponível no mercado para alcançar a renda passiva desejada.
Para se ter uma ideia de quanto tempo o investidor chegaria à renda passiva de R$ 10 mil com aportes de R$ 1 mil mensais, Guimarães mostra uma simulação considerando a rentabilidade média real, descontada a inflação, dos principais investimentos nos últimos 10 anos. Ele também considera o reinvestimento dos rendimentos recebidos.
Tipo | Rentabilidade média | Aporte mensal | Tempo estimado |
Ações de dividendos | 8,74% | R$ 1.000 | 22 anos |
Fundos Imobiliários | 7,24% | R$ 1.000 | 25 anos |
CDB | 6,85% | R$ 1.000 | 27 anos |
Ibovespa | 4,93% | R$ 1.000 | 45 anos |
Pela simulação, a forma mais rápida de alcançar a renda passiva é investindo em ações que pagam dividendos. Mas, para encarar esse investimento, é preciso estar ciente de que há volatilidade de preços, o que pode assustar muita gente.
Guimarães aconselha ao investidor que olhe os cenários como oportunidade. “A queda nos preços das ações é algo normal e deve ser encarada como uma oportunidade de comprar mais barato”, afirma.
Oliveira cita dois cenários: um imediato, com investimento total para renda passiva de R$ 10 mil, e outro colocando o tempo como aliado, investindo ao longo de 20 anos.
Por exemplo: se você quiser ter uma renda mensal de R$ 10 mil e escolher aplicar em ações que pagam dividendos, como a do Banco do Brasil (BBAS3), seria preciso comprar 21.500 ações, um investimento de cerca de R$ 1,2 milhão – considerando o dividendo por ação projetado para o ano de 2024, de R$ 5,60.
Mas, se o investidor tivesse aplicado R$ 1 mil todos os meses, desde janeiro de 2000, hoje ele teria algo em torno de 38 mil ações de BBAS3. Ou seja, uma renda aproximada de R$ 17 mil reais – e teria tirado do bolso pouco menos de R$ 300 mil, de acordo com Oliveira, citando valores nominais.
Para saber ainda mais sobre investimentos e educação financeira, não deixe de visitar o Hub de Educação da B3.