Organizar as contas

Saiba como preparar seus filhos para uma vida financeira saudável

Aprendizados desde a primeira infância, colaboração dos pais e da escola são fundamentais nessa preparação

É comum que sejam os pais a ensinar os filhos sobre diferentes questões da vida, mas em relação à educação financeira, o movimento pode ser o contrário. São as crianças que, em alguns casos, levam os aprendizados sobre uma boa relação com o dinheiro para dentro de casa. Afinal, nem todos os pais tiveram esse tipo de formação quando eram estudantes. É o que afirma a diretora e fundadora da Escola Infantil Petit Kids, Fernanda King, ao Bora Investir. 

“Se a gente inserir questões de bom relacionamento com o dinheiro desde a primeira infância, a criança consegue levar isso para casa e a família estuda junto”, afirma.

Uma pesquisa da Serasa mostra que 85% dos pais e mães entrevistados afirmaram que ensinam aos filhos a importância de uma vida financeira saudável, mas ao menos 67% já tiveram o nome sujo e 66% atrasaram o pagamento de contas básicas, como luz, água e telefone. A Serasa e o instituto de pesquisa Opinion Box coletaram respostas de consumidores da base da Serasa de todo o Brasil, por meio de entrevistas quantitativas online, em setembro de 2023.

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O meio mais importante para disseminar a educação financeira, conforme a pesquisa, é a escola e a internet. O estudo apontou que 68% dos pais e mães consideram a escola como fundamental para ensinar os filhos sobre educação financeira e 65% acreditam que a internet também é um canal relevante. Apesar disso, 56% dos pais e mães disseram que a escola não ensina educação financeira aos filhos.

Começa em casa e na escola

Tudo começa em casa e não seria diferente com a educação financeira, apesar de algumas escolas estarem implementando iniciativas que reúnem disciplinas sobre como lidar com o dinheiro. Para a pedagoga King, levar esse conhecimento desde a primeira infância é a melhor alternativa, mas ainda existe uma trava entre os pais na hora de passar isso aos filhos.

“O grande desafio brasileiro é que nós não recebemos esse tipo de formação. Então, como vamos passar isso aos nossos filhos se não tivemos isso? É difícil sentar e estudar junto sobre algo que nem tivemos.”

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Segundo ela, poucas escolas começaram a trabalhar esse assunto em sala de aula, mas as que estão nesse caminho já apresentam bons resultados. “Ainda está no início, mas as que começaram já estão tendo resultados. Minha filha, por exemplo, tem 11 anos e na escola dela tem letramento financeiro, ela é mais consciente do que eu quando eu tinha a idade dela. É difícil uma criança ter pena do dinheiro do pai. Então, eu já vejo que nela surtiu algum efeito.”

Educação financeira para todos

A pesquisa da Serasa mostrou ainda uma diferença entre as classes sociais. Nas A e B, existe o hábito dos pais de investir dinheiro em renda fixa e variável para repassar aos filhos. Já as classes C, D e E possuem maior tendência a escolher a poupança e as contas digitais. O estudo diz que isso revela a importância de democratizar mais o conhecimento sobre educação financeira e opções de investimentos.

“É errado achar que educação financeira é só para rico ou para quem investe na bolsa. Independente se você ganha um salário mínimo ou R$ 50 mil, se você não tiver consciência do quanto o seu dinheiro vale e der valor ao seu próprio dinheiro, ele não vai render. Uma pessoa que ganha R$ 50 mil pode estar gastando R$ 100 mil e estar mais endividada do que alguém que ganha um salário mínimo e que tem consciência de que não pode gastar mais do que recebe”, observa a pedagoga.

Perspectiva

A educação financeira ainda carece de mais protagonismo na Base Nacional Comum Curricular, a diretriz educacional que serve de base para as escolas públicas e privadas, opina a pedagoga. Uma perspectiva de mudança, segundo King, deve vir conforme cresce a adesão dos pais em torno da relevância sobre o tema e sobre contar com apoio da escola para reforçar essa educação aos filhos.

“Ainda vai depender muito das políticas públicas para que isso seja colocado como uma disciplina e para que a gente tenha um resultado mais amplo”, afirma. “Então, eu acredito que se a população aceitar, independente da renda, acho que é importante ter essa disciplina na escola, tanto no setor público quanto no privado, e vai aumentar essa tendência, assim como o empreendedorismo também, porque temos muitos empreendedores no Brasil, mas isso sem educação financeira não funciona. Você abre uma empresa, tem uma boa ideia, mas ela quebra.”

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