Objetivos financeiros

Quando vale a pena reformar um imóvel alugado?

Saiba quais riscos e vantagens levar em conta antes de tomar a decisão

Ter um cantinho com a sua cara e morar em uma casa com seu jeito, não é algo apenas para quem tem um imóvel próprio. Essa realidade também é possível para pessoas que moram de aluguel. Em um mundo pós-pandemia, onde se passou muito tempo dentro de casa e com aumento de trabalhos home office ou híbridos, estar bem dentro da própria residência se tornou uma necessidade.

Segundo o Censo QuintoAndar de Moradia, realizado em parceria com o Datafolha em 2022, 27% dos brasileiros moram de aluguel no Brasil, e muitas vezes para chegar ao bem estar dentro da própria casa desejam fazer algum tipo de reforma. Porém, vale a pena reformar um imóvel alugado?

A resposta para tal pergunta é: depende! Para o professor Rafael Sasso, CEO da RisKnow e especialista em Mercado Imobiliário, há parâmetros a serem considerados antes de tomar a decisão, como se é algo que a pessoa quer muito, se é algo que vai melhorar o bem estar dela ou se é algo essencial para a casa.

Outro ponto de destaque para o especialista é a relação com o proprietário, seja ele uma pessoa ou instituição. Conversar com o dono do imóvel pode fazer toda diferença, apesar que o objetivo da reforma também pode interferir nas partes legais, principalmente na hora de como e quem vai arcar com os custos da obra.

“Essa reforma é algo que está previsto, ou seja, ela é essencial e eu preciso fazê-la de qualquer forma para poder seguir aqui morando? Se sim, o proprietário vai ter que pagar. Se a reforma está em uma área cinza, ou seja, é essencial, mas não urgente, tenho que conversar com o dono antes de decidir”, diz Sasso.

“Agora, se você acredita que a reforma simplesmente vai melhorar sua qualidade de vida, ainda que não seja essencial, vale a tentativa de negociar desconto no aluguel, pensando que a melhoria virá tanto para quem aluga quanto para o proprietário do imóvel”.

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Qual o retorno de reformar e como não ter prejuízo

Como dito anteriormente, a negociação com o proprietário sobre arcar com os custos é importante e deve ser levada em conta para a decisão da reforma. E é importante frisar que uma reforma de um imóvel alugado será descontado de ambas as partes na condição do lugar apresentar de fato uma melhoria habitacional para os moradores.  

Outro ponto a se pesar é que, além do custo em dinheiro, uma reforma traz gasto de tempo e de gerenciamento da obra para o morador. Também há de se avaliar o momento e urgência para a reforma, além de outros pontos de negociação, como se o locatário está em fim de contrato e qual o limite de orçamento que para a obra.

Combinar todas as regras desse acordo, evita que um prejuízo eventual cai nas mãos do locatário.

“Por exemplo, posso reformar a casa em que moro, crente que renovarei um contrato que está chegando ao fim, mas o dono do imóvel decide não renovar. Ou, depois de fazer a melhoria, receber a notícia de que o proprietário vai alugar a casa reformada por mim por um valor maior a um terceiro. Combinar as regras do jogo com o dono do imóvel evita tudo isso”, alerta o especialista.

Como avaliar a reforma do imóvel alugado em três passos:

  • Avaliar qual a grande motivação para a obra;
  • Se aproximar do proprietário e conversar sobre o assunto, custos e pagamentos;
  • Se atentar ao contrato, datas e obrigações entre as partes.

Como investir para reformar o imóvel

Para o professor Rafael Sasso, a questão do investimento na obra depende de como a pessoa vai pagá-la. A obra pode ser financiada, ou seja, fazendo uma dívida para isso, paga por meio de uma reserva financeira, o dinheiro guardado para essa finalidade, ou feita por meio de um investimento programado.

Se a decisão da pessoa for por fazer um investimento pensando no pagamento da obra, o especialista destaca os investimentos em renda fixa ou os que dão uma previsibilidade maior, como os atrelados à Selic, neste momento de alta da taxa. Ele destaca até mesmo fundos imobiliários (FIIs) que têm bons retornos e liquidez alta. 

“Você poderia eventualmente investir o dinheiro para usá-lo com o rendimento ou até, dependendo do montante que você tiver, usar o rendimento para tocar a obra, levando em conta o tempo e a quantidade de recursos necessários até a conclusão da obra”, ressalta.

Levar em conta a volatilidade nos preços dos insumos que serão usados na reforma também é essencial na hora de projetar corretamente o custo da obra e não sair no prejuízo — especialmente em tempos de inflação alta.

Para se ter ideia, o INCC (Índice Nacional da Construção Civil), indicador de custos para o segmento de obras e construções civis no país, está acumulado em 8,91% no ano e 10,89% em 12 meses, conforme dados divulgados em 27 de setembro.

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