Selic a 12,25%: quais os impactos nos investimentos em renda fixa?
Última reunião do Copom reduziu a taxa Selic; títulos pós-fixados se mantém atrativos
Gabriela Jucá, especial para o Bora Investir
A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de reduzir a taxa básica de juros (Selic) em mais 0,5 ponto percentual, levando-a a 12,25% ao ano, seguiu as projeções do mercado. As estimativas preveem mais um corte nas taxas de juros até dezembro, podendo atingir 11,75% ao ano. Desde agosto, o Copom vem adotando a postura de diminuir a Selic, refletindo a inflação mais controlada. Essa é a terceira queda consecutiva neste ano.
Essa queda nas taxas de juros pode impactar nos investimentos em renda fixa? Especialistas ouvidos pelo Bora Investir avaliam que esses tipos de títulos continuam atrativos. A decisão do Copom não fará uma diferença expressiva nesses investimentos, já que não foi surpresa para o mercado, afirma Christopher Galvão, analista de renda fixa na Nord Research. “O patamar de juros continua elevado. Com uma conduta ‘dovish’, de ciclo de queda de patamar mais baixo, pode causar movimentos na curva de 1 ano, visto que a discussão é ver qual é a Selic terminal nesse ciclo de queda.”
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Considerando a trajetória de queda da Selic, o boletim Focus projeta a taxa básica de juros em 9,25% para o fim de 2024. Outros analistas do mercado projetam um índice de 9,5%. Mesmo com cortes nos juros, o Brasil ainda enfrenta taxas elevadas. Para os investimentos de renda fixa no Brasil em uma perspectiva de longo prazo, é preciso ficar atento ao cenário externo, principalmente em relação ao tom adotado pelo Federal Reserve (Fed) nos Estados Unidos. “A grande discussão é sobre o diferencial de juros. Um diferencial muito pequeno pode ser uma força para desvalorizar o real. Se essa desvalorização acontece, reflete na inflação”, alerta Galvão.
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Caso a taxa de juros atinja um número próximo de 9% até o fim de 2024, com uma inflação mais controlada e um alívio na curva de juros dos Estados Unidos, isso pode favorecer os juros de médio e longo prazo. “Se o BC for mais leniente com a inflação, o diferencial de juros vai ser muito baixo”. Mas, segundo o analista da Nord Research, isso dificilmente vai acontecer. Projetando uma Selic abaixo de 11% no fim do próximo ano, ele atenta para os investimentos em renda fixa. “Tem prêmio na curva de juros, tanto nos pré-fixados, como no IPCA+”.
Quais são as opções de investimento com taxas de juros ainda elevadas?
Pós-fixados
Os títulos pós-fixados, com rentabilidade atrelada à Selic, se mantêm atrativos para o investidor. Diferente dos pré-fixados, que já tem uma rentabilidade fixa em um determinado período de tempo, os pós-fixados dependem da situação de um indicador econômico, como a Selic. Logo, a rentabilidade pode sofrer uma variação a depender das taxas de juros.
Segundo Christopher Galvão, os pós-fixados dão a possibilidade de ter uma carteira de investimentos mais conservadora e, ao mesmo tempo, podem garantir uma liquidez interessante. “Em tempos de incertezas, é uma boa opção ter uma reserva de oportunidades para ficar observando a liquidez do investimento”, afirma.
De acordo com informações do site do Tesouro Direto, títulos como o Tesouro Selic são pós-fixados que possuem rentabilidade atrelada à Selic, considerado o investimento ideal para quem quer começar a investir em títulos do Tesouro. Ele é ideal para o investidor que deseja ter uma reserva de emergência e para objetivos de curto prazo. O investimento mínimo para o Tesouro Selic 2026 é R$ 140,17, com as taxas da Selic + 0,0306%. Mas é preciso ter atenção: se a taxa Selic aumentar, a rentabilidade aumenta, e se diminuir, a rentabilidade também diminui.
Ainda na classe dos pós-fixados, há opções de CDBs. Se no Tesouro Selic o investidor empresta para o governo, no caso dos CDBs, o capital é emprestado para um banco. Um dos principais indexadores é a taxa DI, a taxa de empréstimo mútuo entre os bancos quando emitem Certificados de Depósito Interbancário (CDI), que tem um valor muito próximo ao da Selic.
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Indexados à inflação
Opções como o IPCA+ têm o rendimento atrelado à taxa de inflação. “É interessante ter uma parcela de investimentos alocada no IPCA+, com prêmio baseado na curva de juros real. Por ser baseado na inflação, é um investimento mais conservador”, ressalta.
No site do Tesouro Direto, o Tesouro IPCA+ tem a rentabilidade medida pela variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA. Esses títulos oferecem rendimento igual à variação da inflação com a adição de uma taxa prefixada de juros. Ele garante uma rentabilidade sempre acima da inflação e é ideal para investimentos de longo prazo. O investimento mínimo é de R$ 30,44, e a rentabilidade é o IPCA +5,82% ao ano.
Além do Tesouro Direto, as debêntures são uma alternativa válida, mas Galvão alerta: “Como as debêntures são baseada na compra de dívidas emitidas por empresas, é preciso analisar os ratings da companhia, ou seja, a avaliação de crédito antes de decidir investir”. No caso das debêntures de infraestrutura, os rendimentos são isentos da cobrança de imposto de renda para pessoas físicas.
Prefixados
Marcelo Cidade, assessor econômico da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima), está de acordo com as projeções do mercado em afirmar que o investidor não vai sofrer impactos significativos com essa nova queda da Selic. Ele também afirma que títulos prefixados não vão perder a atratividade. “Ainda que o cenário externo esteja incerto, as taxas do prefixados continuam consistentes. Com os juros caindo, o investidor brasileiro tem a oportunidade de diversificar a carteira.”
O Tesouro prefixado, por exemplo, é indicado para aqueles que desejam realizar investimentos de médio prazo. No momento da compra, o investidor já sabe exatamente quanto irá receber no futuro. Atualmente, os títulos públicos oferecem rentabilidade anual a partir de 10,95%, com investimento mínimo de R$ 31,93.
Ainda segundo Cidade, mesmo que os juros estejam em queda, eles continuam em um patamar elevado. “Quanto mais os juros caem, os prefixados e as debêntures ganham mais atratividade”, analisa.
Renda variável
Para os investimentos em renda variável, a visão também é positiva com o corte nas taxas de juros. “Quando observamos o cenário de queda, o cenário é favorável, principalmente quando falamos de empresas que dependem do cenário externo e interno. Logo, há uma perspectiva baseada em todas as taxas de juros e os contextos do momento”, afirma Galvão.
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E agora, o que fazer com os investimentos?
Com uma gama de opções de investimentos, tudo depende do perfil do investidor. Há investidores mais conservadores e, outros que preferem arriscar em outras opções. A decisão deve ser baseada nos custos disponíveis, os prazos e as estratégias de rentabilidade de acordo com os objetivos financeiros e perfil de risco de cada um.