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Brasil analisa convite para entrar na Opep+; saiba como grupo influencia preço do petróleo

Caso aceite, país se tornar membro 'aliado' da Organização dos Países Exportadores de Petróleo, a Opep, como Rússia e México

O governo brasileiro analisa um convite para integrar como aliado a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) a partir de janeiro de 2024. O Brasil é o maior produtor de petróleo da América do Sul, com 2,3 milhões de barris extraídos por dia no 3º trimestre deste ano.

A Opep+ é uma extensão do cartel de grandes produtores de petróleo, que inclui a Arábia Saudita, Irã, Iraque, Venezuela e mais nove países e produz 40% do petróleo mundial. Atualmente Rússia, México e Malásia participam como aliados da organização.

Os chamados “países aliados”, apesar de não serem membros plenos da organização, atuam conjuntamente nas políticas ligadas ao comércio de petróleo e na mediação entre membros e não membros.

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Em nota à imprensa, a Opep já confirmou a entrada do Brasil no grupo. “A reunião deu as boas-vindas a Sua Excelência Alexandre Silveira de Oliveira, Ministro de Minas e Energia da República Federativa do Brasil, que aderirá à Carta de Cooperação da Opep+”.

O convite foi feito na quarta-feira, 29/11, durante a passagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Riad, capital da Arábia Saudita. Em seguida, foi formalizado por meio de carta entregue ao ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que participará da Conferência do Clima (COP-28).

O que diz o governo brasileiro?

O ministro de Minas e Energia afirmou que o governo pretende aceitar o convite, mas que precisa de uma análise da área técnica. Segundo Alexandre Silveira, a Opep+ discute as opiniões dos países produtores de petróleo neste momento de transição energética.

“Do grupo do Opep não faz sentido participarmos. Mas do Opep+, aceitamos analisar o convite, porque o objetivo dele é discutir a posição dos países produtores de petróleo nesta fase de transição energética no mundo”, afirmou o ministro.

Nesta quinta-feira, 30/11, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) concordou em realizar um corte considerável na produção, de mais um milhão de barris por dia. No entanto, o ministro brasileiro afirmou que não assumirá nenhum compromisso de redução de produção.

“Na Opep+, está claro que os membros não têm compromisso com corte de produção, mas partilham de uma plataforma de discussão. Eu quero analisar [o convite] com profundidade, para ver o custo-benefício para o Brasil. (…) O Brasil quer ser um país cada vez mais competitivo do ponto de vista dos preços dos combustíveis”, concluiu.

Quais os principais fatores que afetam as ações da Petrobras

Nesta sexta-feira, 01/12, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou que o País deve ingressar no grupo com um papel de cooperação e observação das decisões, sem entrar no sistema de cotas de produção.

“Eles chamam outros países que não têm direito a voto e não são impostas cotas a esses países. Jamais participaríamos de uma entidade que estabelecesse cota para o Brasil, ainda mais com o apoio da Petrobras, que é uma empresa aberta no mercado e não pode ter cota”, afirmou o executivo em entrevista à Reuters.

O que dizem os analistas?

Os economistas da Guide Investimentos lembraram que o Brasil já recebeu convites para participar do grupo, mas declinou diante da ainda pequena representatividade na exportação do petróleo produzido. No entanto, agora o cenário é diferente.

“O grupo Opep+ não precisa se comprometer nos cortes de produção. Além disso, a entidade discute políticas de transição energética que são de interesse dos atuais governantes do país”.

O professor de comércio exterior da Faculdade do Comércio concorda com a análise da Guide. Segundo Laércio Donizetti Munhoz, a não entrada do Brasil na Opep+ pode trazer problemas para o país trabalhar com os preços do petróleo.

“A Opep tem o controle do preço, assim como mantém o equilíbrio dele. Se o Brasil não entra nessa conta, ele perde a estabilidade do mercado. Às vezes funciona como um cartel, mas a ideia é controlar produção e distribuição para que não haja falta ou que os preços não disparem. O Brasil precisa ter uma melhor posição nas negociações”, afirma.

O analistas de petróleo Heitor Paiva vê a possível de adesão ao cartel com uma outra perspectiva. Segundo ele, a entrada representaria um obstáculo significativo para as perspectivas positivas que o Brasil vislumbra no setor de exploração e produção de petróleo a longo prazo.

“Estimativas indicam que o Brasil poderá alcançar a posição de 5º maior produtor mundial de petróleo até 2030”, disse em uma publicação no ‘X’ (ex-Twitter).

Para o especialista, a entrada do Brasil na Opep+ implicaria em um fechamento do setor às forças naturais do mercado, “algo que tem sido fundamental para o avanço das empresas privadas no setor petrolífero nacional”, diz.

O que é a Opep?

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo foi criada no ano de 1960, em Bagdá, no Iraque, e ao longo dos anos foi ganhando novos membros. Hoje, a Opep conta com 13 países.

As nações participantes são Irã, Iraque, Kuwait, Arábia Saudita, Venezuela, Líbia, Emirados Árabes Unidos, Argélia, Nigéria, Gabão, Angola, Guiné Equatorial e Congo.

A Opep responde por 30% da produção global de petróleo (com a Opep+ chega a 40%) e por mais de 60% de todo o petróleo exportado no mundo. A Arábia Saudita é o maior produtor, com mais de 10 milhões de barris por dia.

Qual o objetivo da organização?

O principal foco da Opep é criar uma política comum à produção e venda de petróleo, com o objetivo de influenciar a cotação do barril no mercado internacional. Ao aumentar ou diminuir a produção, a organização impacta diretamente os preços.

A criação da entidade aconteceu para contrapor a influência de sete empresas petrolíferas que dominavam o mercado na década de 60. Conhecidas como ‘Sete Irmãs’, o grupo reunia Chevron, Exxon, Gulf, Mobil, Texaco, Shell e British Petroleum. As empresas pagavam valores baixos de royalties aos países para explorar o petróleo, defendia a Opep.

O que a Opep+ representa?

Em meio à queda no preço da commodity em 2016, o grupo dos maiores países produtores resolve unir forças com outros dez grandes produtores.

Foi quando surgiu a Opep+, que hoje conta com Rússia, Azerbaijão, Cazaquistão, Bahrain, Brunei, Malásia, México, Omã, Sudão do Sul e Sudão.

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