Curiosidades econômicas sobre quatro países com seleções na Copa do Catar
Primeira bolsa de valores do mundo e um país que há décadas está em crise são alguns dos fatos
Algumas das seleções mais tradicionais do futebol representam também grandes economias do mundo. Em alguns casos, tais países se consolidaram economicamente há séculos; em outros, já viveram bons momentos, mas hoje enfrentam dificuldades.
Confira a seguir uma lista com quatro curiosidades econômicas sobre as principais seleções que estão na Copa do Catar.
Holanda – a primeira Bolsa de Valores do mundo
Se Espanha e Portugal lideraram o comércio ultramarino durante os anos 1500, a virada do século assistiu a Holanda se tornar uma das principais economias da Europa.
A ascensão holandesa é explicada, entre outros motivos, pela Companhia Holandesa das Índias Orientais, criada para facilitar expedições comerciais à Ásia. Em 1602 e sob a iniciativa da Companhia, foi fundada a Bolsa de Valores de Amsterdã, a primeira do mundo.
Uma vez que viagens marinhas eram arriscadas naquela época – devido à tempestades e piratas, por exemplo -, a Bolsa tinha como principal função diluir os custos de tais expedições.
Desse modo, o financiamento de uma viagem não ficava a cargo de uma única pessoa, mas era divido entre diferentes investidores que compravam ações de determinada expedição. Se o navio chegasse ao seu destino e as transações corressem bem, então os lucros eram divididos entre os investidores.
Ao reinjetar dinheiro na economia holandesa, a Bolsa de Amsterdã foi uma responsável direta pelo sucesso econômico do país. Tamanha era a presença da Bolsa no cotidiano dos holandeses, que Joseph De La Vega, autor do primeiro livro sobre mercado financeiro – Confusion de Confusiones -, escreveu em 1688 sobre Amsterdã: “não há nenhuma esquina onde não se fale de ações.”
Espanha – economia de altos e baixos
Hoje a Espanha é uma das principais economias da Europa, tendo registrado no último ano o quarto maior PIB da União Europeia, U$1,43 trilhões. Porém, o sucesso representado por esse número esconde alguns problemas que o país enfrenta há muitos anos.
Um deles é a elevada taxa de desemprego. Segundo o Instituto Nacional de Estadística (INE), 2021 registrou 13,3% da população sem emprego formal, sendo que 2012 foi o ano do pico mais recente, com 25,8% de desempregados. Também chama a atenção a dívida pública espanhola, que em 2021 totalizou 118,30% do PIB, segundo dados do Banco de España.
Por outro lado, a economia espanhola tem se saído bem em alguns pontos. Segundo o INE, a exportação de serviços – empresas espanholas que atendem clientes no exterior – registrou crescimento de 12,2% em 2021 na comparação com 2020.
Outro fator que movimenta a economia espanhola é o turismo doméstico. Também de acordo com o INE, no segundo trimestre de 2022 91,8% das viagens realizadas por espanhóis tiveram como destino o próprio país, a regiões turísticas como Andaluzia e Catalunha. No total, foram mais de 40 milhões de viagens no período.
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Alemanha – aliança com Catar nas importações de gás
Além do futebol, há outro motivo para a Alemanha estar interessada no Catar. Trata-se do gás natural liquefeito (GNL), fundamental para a matriz energética alemã.
Por cerca de cinquenta anos a Rússia, maior exportador de gás natural do mundo, forneceu o produto para a Alemanha, maior importador da Europa. Porém, desde a eclosão da Guerra da Ucrânia e em resposta a sanções econômicas de países europeus, a Rússia cortou seu suprimento à Europa.
A solução encontrada pela Alemanha foi um acordo firmado com a QatarEnergy, empresa catari e uma das patrocinadoras da atual edição da Copa. Espera-se que a Alemanha receba 2,7 bilhões de metros cúbicos por ano. O acordo entre o país e a QatarEnergy deve entrar em vigor a partir de 2026 e terá duração de quinze anos.
Também com o objetivo de preservar seu suprimento energético, a Alemanha reativou usinas de carvão e petróleo, o que deve comprometer as metas ambienteis alemãs de reduzir suas emissões de gás carbônico.
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Argentina – longo histórico de recessão, mas passado próspero
Dívida externa, desvalorização cambial e empobrecimento da população são alguns dos fatores que por mais de trinta anos vêm assombrando a economia argentina.
Nos últimos tempos, também surgiram os problemas das faltas de reservas do Banco Central e a inflação que chegou a 50% ao ano. Tais fatos levaram a novos pedidos de empréstimo ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e à falta de perspectiva sobre um recuperação econômica da Argentina.
Mesmo com um longo histórico de recessões, o passado Argentino foi próspero. Em seu livro Los Terratenientes de la Pampa Argentina, o historiador Roy Hora afirma que às vésperas da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) o comércio exterior per capita argentino era três vezes maior que a média do resto da América Latina, superando também países desenvolvidos como Canadá e Austrália.
Já na década de vinte, a região dos pampas gerava quase metade do total das exportações latino-americanas e os fazendeiros da região eram reconhecidos como a classe proprietária mais rica da América do Sul.
O debate sobre os motivos que levaram à derrocada da economia argentina se estende até hoje. Apesar de não existir um consenso, um dos argumentos mais citados é a insistência num modelo agroexportador e um processo de industrialização que se estendeu por três décadas – de 40 a 70 -, mas foi insuficiente.
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