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Quais os setores com melhor desempenho na bolsa em 1, 3, 5 e 10 anos?

Na janela mais longa, apenas um setor tem performance negativa. Saiba qual é

Gráfico de ações como cores verdes e vermelhas. Foto: Adobe Stock
De um modo geral, quem se interessa em hedgiar (ou “fazer um hedge de”) um ativo possui operações sujeitas a sofrerem um grande impacto. Foto: Adobe Stock

Quem investe em ações muitas vezes se pergunta se sua carteira está realmente alocada nos setores e nas empresas que devem entregar os melhores desempenhos. É impossível ter certeza sobre isso, mas o ideal é se munir de tantas informações quanto possível. O mantra de focar no longo prazo e diversificar a carteira também é válido para mitigar os riscos.

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A pedido do Bora Investir, o consultor independente Einar Rivero fez um levantamento para saber quais os setores tiveram os melhores resultados, considerando o retorno de suas ações, em diferentes janelas temporais. Confira abaixo o desempenho de cada setor representado na B3:

Mediana do retorno das ações em cada data tem quantidades diferentes
Quantidade ações da amostra *Setor EconômicoMediana do retorno % até 10 de novembro de 2023
1 Ano3 Anos5 Anos10 Anos
90Consumo cíclico-7,31-38,43-6,63-30,58
58Bens industriais16,6719,4081,696,35
58Financeiro14,3913,3133,68128,31
50Utilidade pública15,1825,83102,59263,33
31Materiais básicos0,9061,50117,67128,13
30Consumo não cíclico-6,35-15,7435,0420,91
23Saúde-8,39-40,494,6655,80
19Tecnologia da informação-19,70-46,64267,39138,23
13Outros-0,57-52,2398,40133,29
12Petróleo gás e biocombustíveis12,9813,5334,8776,03
8Comunicações25,78-10,5413,9133,88
 Ibovespa9,8314,7540,78130,76
* A quantidade de empresas em cada período é variável, a quantidade informada é a total embora em alguns períodos podemos ter quantidades menores de ativos tendo em vista que alguns ativos podem não ter liquidez ou não estarem listados na B3 no período da analise
Consideramos a ação mais liquida de cada empresa
Levantamento elaborado por Einar Rivero

Utilidade pública desponta com melhor retorno em 10 anos, tecnologia fica em segundo

O segmento de utilidade pública despontou na janela de dez anos, com a mediana do retorno em 263,33%. Além do alto rendimento, a baixa volatilidade chama a atenção. “Com uma taxa de retorno perto de 15% ao ano, é um setor muito resiliente, estável e previsível”, comenta Gabriel Costa, analista da Toro Investimentos.

Essas empresas normalmente têm contratos de longo prazo firmados com o governo para prover serviços essenciais, com a previsão de reajuste tarifário anual, afirma Mônica Araújo, Estrategista de Renda Variável da InvestSmart XP.

“São empresas com menor oscilação de receita e resultado, ligadas ao setor elétrico, de saneamento, que já têm no escopo de concessão uma programação de investimento que precisam fazer e uma base de ajuste nas tarifas”, diz ela.

Em segundo lugar, ficou o setor de tecnologia da informação, muito sustentado pelo boom de novas tecnologias dos últimos anos. Nas janelas mais curtas, no entanto, as empresas de tecnologia têm mediana negativa de rendimento. Parte do movimento foi um reflexo da elevação da Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira.

“Com a elevação da taxa de juros de 2% para 13,75% [de 2021 a 2022], o setor de tecnologia, que é muito alavancado, acabou prejudicado”, afirma Costa.

Consumo cíclico tem pior desempenho em quase todas as janelas

Com um retorno negativo de mais de 30%, o setor de consumo cíclico teve o pior desempenho em 10 anos, e foi o único que registrou queda em todas as janelas. “São empresas dependentes de fatores macroeconômicos, como disponibilidade de renda, facilidade de acesso ao crédito, taxa de juros. Por isso, as ações acabam por ter mais volatilidade, em função de estarem ligadas ao ciclo”, diz Mônica.

Gabriel Costa, analista da Toro Investimentos, lembra que os últimos dez anos foram difíceis para a economia, e o consumo cíclico é um dos setores mais sensíveis ao que acontece no mercado doméstico.

Segundo ele, a dinâmica no consumo cíclico é “diferente do setor de bens industriais, que também depende do mercado interno, mas consegue usar o externo para se viabilizar em momentos de instabilidade”.

Diversificação e longo prazo

Um dado interessante que o levantamento traz é que o mercado de renda variável tende a trazer bons resultados no longo prazo. Basta ver que nas janelas de cinco e dez anos, apenas o setor de consumo cíclico teve uma mediana negativa de retorno.

“Quando se olha os investimentos como um todo, seja renda variável ou fixa, não devemos olhar períodos muito curtos. Nas ações, isso é ainda mais evidente, pois o resultado está muito ligado aos ciclos econômico e monetário”, afirma a Estrategista de Renda Variável da InvestSmart XP, Mônica Araújo.

Mas simplesmente escolher o setor com o melhor desempenho no passado não é a melhor estratégia. Até por que, não se esqueça, rendimentos passados não são garantia de resultados futuros.

Dividir o seu patrimônio em mais de um setor, e em mais de uma empresa dentro de cada setor, é importante para diminuir os riscos.

Como montar um portfólio?

Para saber qual a melhor composição para sua carteira, é preciso conhecer o seu perfil de investidor. Mas uma forma de começar a pensar é dividir o dinheiro entre os setores mais e menos cíclicos.

Outro ponto importante para se analisar é a correlação entre eles. “Se o setor de tecnologia é afetado pela alta taxa de juros, o financeiro consegue repassar o spread para o cliente mesmo nesse cenário”, exemplifica Costa, da Toro.

Mônica lembra, ainda, que não se deve analisar apenas o setor em que a empresa está inserida, mas as particularidades da companhia. “Gostamos de unir uma visão de cima para baixo, para correlacionar o setor e o momento macro, com uma visão de baixo para cima, analisando cada empresa, porque existem algumas em situações interessantes, independente do setor”, diz.

Outra sugestão de Mônica Araújo, da InvestSmart XP, é criar uma rotina de acompanhamento da sua carteira. Afinal, o cenário macro é dinâmico e o desempenho das ações depende não só de questões domésticas, mas tem muita relação com o cenário internacional. Do lado micro, também é preciso avaliar como a empresa tem colocado de pé seus projetos.

“Não precisa ser todos os dias, mas é necessário olhar pelo menos a cada três ou seis meses, para ver se a estratégia que você desenhou tem se confirmado periodicamente, não só em função do cenário, mas do rumo que a empresa tomou”, diz.

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