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EUA: problemas nos bancos PacWest, Western Alliance e First Horizon reacendem temores de crise

Pacific Western Bank (PacWest), Western Alliance e First Horizon perderam boa parte do seu valor de mercado nos últimos dias por uma crise de confiança que envolve bancos menores americanos

Após problemas com depósitos desde o início do ano, o First Republic Bank (FRB), foi à falência no dia 01/05. Foto: JHVEPhoto on Adobe Stock
Após problemas com depósitos desde o início do ano, o First Republic Bank (FRB), foi à falência no dia 01/05. Foto: JHVEPhoto on Adobe Stock

Após a quebra do quarto banco americano no ano, o First Republic Bank, adquirido pelo J.P Morgan em uma operação de emergência, rumores sobre problemas em pelo menos três bancos regionais americanos (Pacific Western Bank, Western Alliance e First Horizon) nos últimos dias reacenderam temores sobre uma crise bancária no país. O resultado: aumento de resgates de dinheiro de clientes e desvalorização intensa das ações.

Na quarta-feira passada, 03/05, a Bloomberg revelou que o Pacwest avalia uma série de opções para evitar a derrocada, incluindo uma venda, uma cisão ou um aumento de capital. A notícia derrubou a ação do banco em mais de 50% no pós-mercado. Horas depois, o banco informou que sua administração e conselho “revisam continuamente as opções estratégicas”.

No comunicado, o banco também disse que “não experimentou fluxos de depósito fora do comum após a venda do First Republic Bank” e que os principais depósitos de clientes aumentaram desde 31 de março. Os depósitos totais estão em US$ 28 bilhões, sendo 75% desse montante segurados, segundo o PacWest. Os depósitos, no entanto, caíram cerca de US$ 900 milhões desde 24 de abril.

No dia 05/05, a Fitch colocou o rating do PacWest sob observação negativa, indicando alta probabilidade de uma ação de rebaixamento no curto prazo. Mesmo depois de anunciar que irá reduzir o pagamento de dividendos e se recuperar nos dois últimos pregões, a ação enfrentava alta volatilidade no pregão de ontem.

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Antes, no dia 02/05, as ações do banco Western Alliance, que tem cerca de US$ 50 bilhões em depósitos, caíram mais de 20%, também atingida por rumores de uma potencial venda. O banco respondeu que a notícia é “categoricamente falsa”.

Na quinta-feira, 04/05, pela manhã, os papéis do First Horizon também despencaram após comunicado de que o banco do Tennessee e o canadense Toronto-Dominion Bank desistiram de uma fusão. “Com chances de mais vítimas da crise, o movimento de aversão ao risco acaba tomando conta novamente”, apontam analistas da corretora Guide em relatório.

Quando os problemas de má-gestão em bancos regionais americanos começaram, em março, com a quebra do Silicon Valley Bank, o Fed abriu uma linha de crédito de emergência para os bancos mais necessitados. Em abril, parecia que a crise estava sanada. Contudo, entre o final do mês e o início de maio, diversos bancos americanos acessaram essas linhas de crédito.

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Qual o risco da crise dos bancos dos EUA para o mundo?

Apesar de aumento da aversão a risco, segundo especialistas, essa crise é limitada aos bancos regionais. Prova disso é que os grandes bancos que já soltaram seu resultado financeiro no primeiro trimestre surpreenderam positivamente, diz Erivelto Rodrigues, da Austin Rating.

O que antes era uma crise essencialmente de má-gestão, com bancos como Silicon Valley, First Republic e Signature cuidando pouco de seus controles de risco, sem prever um aumento intenso da taxa de juros, agora se tornou uma crise de confiança.

Falar em crise sistêmica, portanto, é prematuro, diz Rodrigues, da Austin. Contudo, bancos menores sofrem muito porque a taxa de juros americana era zero e, após o aperto monetário promovido pelo Fed, agora títulos de renda fixa no país estão pagando 5% ao ano. “Nos EUA, os bancos não pagam remuneração em cima de depósitos parados. Então, ou os clientes vão para títulos de renda fixa, em busca de maiores rendimentos, ou para bancos maiores, atrás de maior segurança”.

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Existem quase 5 mil bancos nos Estados Unidos e a atual crise pode provocar uma consolidação no mercado, diz Cruz, da RB Investimentos. “Podemos ver mais cadáveres pelos caminho entre os bancos menores. Mas a crise não vai descarrilhar a economia americana. Vimos dados fortes na divulgação do payroll, por exemplo, e o Fed pode parar de subir os juros mais rápido do que se esperava”.

Rodrigues classifica a ação do Fed para conter problemas como “inteligente e eficiente”. Além do Fed, o FDIC (Federal Deposit Insurance Corporation) está buscando dar maior tranquilidade ao mercado garantindo depósitos em até US$ 250 mil. “Mas os clientes dos bancos estão assustados. Enquanto não houver estabilização de resgates, será difícil conter a crise”.

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