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Real Digital: Drex vai trazer eficiência para negócios e investimentos, diz diretor de inovação da Fenasbac

Em entrevista ao Bora, Rodrigoh Henriques, da Federação Nacional de Associações dos Servidores do Banco Central, explica na prática como a moeda digital brasileira vai transformar o nosso dia a dia

A moeda digital brasileira, batizada de Drex pelo Banco Central, deve começar a operar nas carteiras virtuais da população no fim de 2024, início de 2025.

O Real digital é uma inovação que faz parte da família Pix, e começou a ser testado para trazer avanços em transações mais complexas – como compra e venda de veículos e imóveis, por exemplo – além de contratos entre empresas e investimentos. 

O cenário de novas possibilidades e grandes transformações financeiras trouxe dúvidas sobre a utilidade e o funcionamento do Drex. O B3 Bora Investir, então, conversou com Rodrigoh Henriques, diretor de inovação da Federação Nacional de Associações dos Servidores do Banco Central (Fenasbac).

A moeda digital vai abrir caminhos para os chamados ‘Contratos Inteligentes’, documentos digitais programados por meio da tecnologia. Neles, após acordadas as regras e o termo assinado, a execução é feita de forma eletrônica e o dinheiro, via moeda digital, liberado. 

O Drex também vai impactar na capacidade de gerar garantias para empréstimos, o que ajuda na redução dos juros. 

Pelo lado dos investimentos, será possível trocar títulos entre pessoas ou até comprar frações de fundos com alto valor de entrada. No entanto, o papel das companhias que fazem a intermediação dos produtos ainda é um ponto em discussão. 

“Tecnologicamente é possível, mas não necessariamente é vantajoso. Porque eu posso gerar nessa desintermediação irrestrita, ou não bem planejada, papéis muito conflituosos e estímulos a comportamentos que são negativos para o investidor”, explica Rodrigoh. 

A segurança da tecnologia é comprovada, já que se inspira em plataformas muito utilizadas pelas instituições financeiras. O Drex será oferecido de forma automática pelos bancos aos seus clientes. 

Confira abaixo a entrevista completa com Rodrigoh Henriques, diretor de inovação da Fenasbac.

B3 Bora Investir: O Drex foi apresentado como mais um componente da família Pix, com avanços em transações mais complexas e serviços financeiros. O senhor pode nos dar exemplos concretos dessas operações? 

Rodrigoh Henriques: O Drex é uma iniciativa de inovação da qual o Pix também faz parte. Então temos agora uma ideia de open finance, Pix e Drex. Esse é um trio superimportante na visão de futuro do Banco Central para o sistema financeiro e essa sinergia entre eles gera um valor maior para a sociedade, causando a inclusão financeira. Eles vão baratear os produtos e serviços bancários. Conjuntamente, garantem segurança, privacidade, programabilidade e instantaneidade do sistema e cada um é especialista em algo.

O Pix na instantaneidade, em garantir que aquele pagamento aconteceu. Quando eu quero ir à padaria tomar um café e comer um pão na chapa. Essa transação não tem nenhuma complexidade entre as partes – nem para mim que estou comprando e nem para o dono da padaria que está vendendo. Inclusive é a categoria de Pix que mais cresce, de pessoas para negócios. Hoje já representa 30% do volume total de transações 

O Real Digital não é bom de instantaneidade e sim em pagamentos que chamamos de complexos, ou seja, onde a programabilidade faz muita diferença. O caso clássico é a compra e venda de um carro. Porque é um objeto de valor maior e o comprador precisa ter certeza quem é o dono do veículo e, mais ainda, se aquele carro pode ser vendido. Existe aí uma complexidade nessa transação. E eu vou usar o Drex para garantir que todas essas etapas sejam cumpridas e eu não precise necessariamente confiar apenas na palavra da outra pessoa. Eu vou confiar no contrato inteligente com o Drex.

Portanto, o que tem no centro do uso do Drex é o contrato inteligente. A partir daí, todo combinado mais complexo, que eu preciso um pouco mais de detalhe, eu vou falar ‘faz um Drex’ e não ‘faz um Pix’.

B3 Bora Investir: Você citou a aquisição de carros, mas o Drex poderá ser aplicado também na compra e venda de um imóvel ou em contratos de negócios?

Rodrigoh Henriques: Exatamente. Na compra e venda de imóveis, na compra e venda de sacas de soja para uma grande cooperativa. Tem um exemplo muito bom que é o do leilão de gado. 

Depois de fechar o negócio e ter certeza de que o dono do animal pode vender aquele boi, posso combinar o pagamento em várias parcelas, que podem começar mais altas e depois irem diminuindo – tudo em contrato digital. Além disso, tem um valor que se eu comprar muito gado, não pago frete. Tem a taxa do leiloeiro. E acima de tudo tem a pergunta: e se eu não pagar, o que acontece? Então, esse é um tipo de arranjo de compra e venda que tem várias camadas. O Drex pode ser usado para verificar esse contrato inteligente, garantir tudo que está nele, para que eu faça um pagamento tranquilo e mande o dinheiro para o contrato. 

A pessoa fica tranquila dizendo ‘olha, se não transferirem o gado para mim, não vão receber o dinheiro’. E o vendedor vai dizer ‘eu posso transferir o título digital desses animais porque tem um ativo digital, tem token do gado, que é o título de propriedade na forma digital. Então é isso que o real Digital faz. Ele garante que todo o combinado que for feito no mundo digital vai ser cumprido. 

B3 Bora Investir: E de que forma esses contratos inteligentes podem gerar novas oportunidades de negócios? 

Rodrigoh Henriques: Isso acontece porque será possível gerar contratos nunca feitos antes. 

Eu posso fazer uma compra de soja, por exemplo, vinculada a um padrão de sustentabilidade. Eu digo: ‘se você melhorar essa qualidade do solo, com mais matéria orgânica, se estiver sequestrando carbono para o solo, esse é o preço que eu pago pela sua soja’.

Então, você deposita o valor da soja. E numa parte do contrato, pré-validada, se o produtor conseguir chegar ao nível de sequestro de carbono no solo pré-acordado, você recebe todo o valor. Se não conseguir, ganha só uma parte acordada. O critério de sustentabilidade de produção abre possibilidades que não se tinha antes porque tudo fica registrado no contrato, não é uma conversa fiada, não se consegue voltar atrás. 

É possível também adicionar mais pessoas ao contrato, partes diferentes dessa negociação, de uma forma extremamente eficiente e barata. Não é que a gente não podia ter isso, só que fica muito caro. O mundo físico se tornou um lugar caro. Você tem que ir até o cartório, ao Detran, imprimir o papel, carimbar. Tudo isso a gente chama de ineficiência. 

Então, a plataforma do Drex vai trazer uma eficiência para todo e qualquer tipo de contrato que a gente tem hoje. 

B3 Bora Investir: Pode nos dar mais um exemplo para o dia a dia das pessoas? 

Rodrigoh Henriques: Claro. Imagine um restaurante onde o dono e os garçons vão ganhar 10% do faturamento. Pode ser feito um contrato inteligente na hora da contratação em relação a esse valor e onde ele será depositado. O garçom pode ficar tranquilo. 

Eu posso dizer para a equipe do restaurante, ‘se a gente aumentar 20% do faturamento desse mês, todo mundo tem um bônus de R$ 100. É automático e eu conecto esse contrato com a informação de faturamento da empresa e todo mundo recebe o valor.

Vamos dar mais um passo. Em algum momento o governo vai dizer: qual é o imposto de pagamento de folha? Então, já que você está pagando a folha, já recolhe imposto direto. É muito simples. O proprietário não vai ter de parar um momento, não será preciso fazer nenhuma conta. Tudo vai estar atrelado ao contrato.

Que dia vence o FGTS? O INSS? Com o contrato inteligente, tudo é amarrado. O empresário já pagou o imposto, os 10% e se tem bonificação também já pagou. Caiu na conta exatamente o que precisava.

Então essa é a beleza e a grande transformação que está sendo proposta com a plataforma do Drex. A moeda digital é uma parte disso, porque ela precisa existir para ser possível ter a capacidade de criar o contrato inteligente.

B3 Bora Investir: Indo agora para o mercado financeiro. O primeiro teste do Drex envolveu a compra e a venda de um título público federal entre clientes de instituições diferentes. Com a moeda, será possível que duas pessoas troquem de títulos entre si?

Rodrigoh Henriques: Essa é a ideia. Como que eu, Rodrigo, tenho um título federal parecido com o Tesouro Direto, consigo vender diretamente para outra pessoa. Mais do que isso, eu posso fracionar esse título. Eu vou poder dizer ‘olha eu não preciso de todo o dinheiro que está no título, quero vender 5% dele e sustentar o resto por cinco anos. Então, eu vendo uma fração dele. Essas frações só são possíveis porque a tecnologia da plataforma do Drex torna tudo isso muito eficiente e muito barato. 

Então investimentos que antes eu só poderia entrar com R$ 100 mil, vou poder entrar com R$ 1.000. Investimentos que só poderia entrar com R$ 1.000, será possível investir com uma fração de R$ 1 desse investimento.

No mercado de ações e títulos de dívida privada posso fazer a mesma coisa. Então será possível criar plataformas que geram uma inclusão financeira na parte de investimentos muito grande e pode-se garantir o chamado mercado secundário, que reduz muito o risco do investimento, principalmente para o pequeno investidor. 

Eu adoraria comprar uma fração de uma startup ou fintech que tem tudo para crescer, mas não sei se posso esperar sete ou oito anos para ela fazer um IPO, ou seja, colocar as ações dela na bolsa. Então, se eu consigo criar essa plataforma digital onde o investimento está lá, o dinheiro também – e ele se encontra num contrato inteligente – eu crio o caminho para uma inclusão muito grande e de novo, posso passar a criar produtos de investimento que não existem hoje. 

A gente já tem algumas inspirações em produtos descentralizados, onde você faz o investimento e os juros são sorteados no final. Você não perde nada, é garantido. Um ano depois, metade dos juros vai para alguém sorteado daquele grupo. A outra metade foi para quem organizou o produto. Esse é um produto de investimento, obviamente de introdução, mas que hoje eu não consigo nem fazer. O investimento mais parecido que a gente tem é título de capitalização. 

Então, eu posso fracionar a ação, posso vender no mercado secundário e aí eu começo a expandir o processo.

B3 Bora Investir: Em relação a essa compra e venda de títulos ou frações de ações, como a ‘tokenização’ dos ativos será garantida pelo Drex, tanto pelo lado da titularidade, quanto da garantia de que ele existe? 

Rodrigoh Henriques: A garantia de que esse ativo existe é facilmente consultada pelo blockchain, que é uma rede distribuída de registros. 

A questão de titularidade também pode ser resolvida com alguma facilidade com isso. Porque a titularidade fica vinculada – num desenho tradicional, numa blockchain pública não comissionada – a um endereço. Então, se você tem a senha do endereço, você pode movimentar. 

No desenho de uma plataforma Drex não é diferente porque você tem o vínculo da pessoa à carteira. Eu consigo dizer que quem tem acesso a essa carteira, tem esse endereço e pode movimentar. Eu consigo dizer que quem é dono disto é Rodrigo, é Renato. Eu consigo vincular à pessoa ao endereço. 

Talvez a questão um pouco mais complexa e importante do ponto de vista do mercado de capitais é: quem disse originalmente que essa ação existe? E quem registrou originalmente essa ação? A partir do momento que uma informação é colocada numa blockchain, ela é inviolável, não pode ser alterada. Assim eu posso dar veracidade para ela, entendo tudo o que aconteceu com ela. 

Muita gente pergunta: mas quem colocou essa informação poderia ter colocado? Vale para o mercado de ações? Mas vale para imóveis, vale para carros. Quando alguém coloca o título de produto digital no contrato e a outra pessoa está garantida, ela vai receber. A pergunta é: onde o Detran entra nessa conversa? No imóvel é a mesma coisa: onde o cartório entra nessa conversa? O contrato inteligente não está só acionando vendedor e comprador. Ele está acionando todas as instituições envolvidas para que aquilo possa ser validado.

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B3 Bora Investir: Hoje a liquidação dos ativos é feita por um sistema e uma depositária. Como o senhor enxerga o papel da depositária e como isso será feito e controlado pelo Drex? Será preciso investir dinheiro?

Rodrigoh Henriques: Essa é uma discussão de quais são as necessidades do ponto de vista tecnológico, das infraestruturas de mercado – seja uma registradora, uma depositária central, uma securitizadora. A pergunta é se já não substituímos parte dessas funções para tecnologia? Em alguns momentos é possível dizer sim. Essa tecnologia substitui parte dessas infraestruturas de mercado que a gente conhece hoje. Só que do ponto de vista regulatório, mesmo que ela substitua, talvez não seja vantajoso para a sociedade. 

Você tem uma discussão superinteressante. Por exemplo, uma Exchange de ações. Ela deveria ser a custodiante também da chave que dá acesso a essas ações? Eu posso dizer: ‘a tecnologia me garante. Eu sou Exchange, depositária, custodiante’. Eu não preciso dessas figuras do ponto de vista tecnológico. Mas do ponto de vista de desenho de mercado, talvez seja interessante manter algumas dessas estruturas. Ter uma separação clara e dizer: ‘olha, mesmo que eu pudesse ter tudo num lugar só, eu separo’. Mas algumas delas vão ser questionadas ao longo do tempo mesmo. 

Depositários, registradores e outras custodiantes você precisa ter certeza – nesse desenho de futuro – do papel de cada uma delas. É uma discussão em aberto, que não envolve só o Banco Central, mas em especial a CVM [Comissão de Valores Mobiliários]. Até porque no mercado de capitais, especificamente, a CVM é a reguladora maior do processo.

B3 Bora Investir: Diante disso, ainda não é possível estipular o papel do antigo jeito de comprar e vender ativos do novo? 

Rodrigoh Henriques: Você pode dizer: ‘eu posso excluir esse papel de custodiante, depositário, desse registrador’. Tecnologicamente é possível, mas não necessariamente é vantajoso. Porque eu posso gerar nessa desintermediação irrestrita, ou não bem planejada, papéis muito conflituosos e estímulos a comportamentos que são negativos para o investidor e para a sociedade de forma geral. Então tem que ter cuidado nesse desenho.

B3 Bora Investir: Dentro dessa questão, a segurança do investidor também é levada em conta?

Rodrigoh Henriques: A segurança do investidor tem que estar em primeiro lugar. Porque esses desenhos não são tecnológicos, mas feito para garantir que o mercado de capitais, o bancário, de seguros, funcione melhor para o cliente, o usuário, o cidadão. Ou seja, como é que eu uso essas tecnologias, esse novo desenho, para transformar, por exemplo, o mercado de ações, de seguros, em algo ainda mais transparente e inclusivo? Se a desintermediação pode levar a isso, está ótimo. Mas se a desintermediação pode colocar em risco a segurança do mercado, eu não vou poder desintermediar.

B3 Bora Investir: O Brasil será o pioneiro na moeda totalmente digital. À medida que outros países adotem essas divisas, como isso vai ajudar no dia a dia? 

Rodrigoh Henriques: Vai ajudar na remessa entre pessoas. Exemplo: você tem um parente que está na Colômbia e precisa receber R$ 200. Hoje, sem uma moeda digital e sem os contratos inteligentes, não é eficiente, ou seja, é caro. Você não consegue mandar R$ 200 porque pode custar mais R$ 200 para enviar. Assim será preciso R$ 400 para que o valor inicial chegue na conta, isso não faz sentido. Agora se você for mandar R$ 200 e custar R$ 5 tudo bem. 

Em relação aos contratos maiores. Desde crédito de carbono, soja, minério de ferro, carro, software produzido no Brasil. Quando você tiver um mundo com as suas moedas digitais, todas elas vão ter plataformas de contratos inteligentes, interoperáveis. Isso quer dizer que eu vou poder iniciar um contrato inteligente no Brasil e passar para qualquer pessoa do outro lado do mundo. Pode ser uma grande empresa chinesa comprando um enorme volume de soja no país, depositando em Yuan digital no contrato. Isso antes mesmo de ter a comprovação de que a soja está no porto e não se corre risco.

O bacana é que em cima disso você constrói a última característica desse sistema todo: a compossibilidade. Mas e se a soja variar de preço? Se depositou um valor que não é o suficiente? Então se coloca um seguro de variação de preço no contrato. E se tiver uma quebra de produção no Brasil e não for possível entregar? Coloca-se uma cláusula de quebra e o produtor constrói um seguro. 

Ou seja, vai se compondo como se fosse um grande Lego de peças para garantir que todas as partes sejam atendidas pelo contrato que será assinado e tenham segurança do que estão fazendo. Portanto, esse é o cenário do futuro. Tudo é possível porque monta-se peças separadas do melhor jeito.

B3 Bora Investir: Em relação a empréstimos, o Drex poderia ajudar a diminuir a taxa de juros? 

Rodrigoh Henriques: Um dos maiores componentes de juros no Brasil é que a maior parte do empréstimo tomado pelo brasileiro é sem garantia. Não interessa se é R$ 500, R$ 50 mil ou R$ 500 mil emprestados. Esse tipo de crédito tem um risco muito alto de não pagamento. 

Vamos imaginar essa economia toda ‘tokenizada’. Então eu tenho um celular que eu comprei por R$ 4 mil e tenho a propriedade desse celular no digital. Eu vou ao banco, pego um empréstimo de R$ 500 e coloco o meu celular de garantia. Em caso de não quitação do empréstimo, o banco pode tomar esse telefone ou mesmo consegue fazer esse celular não funcionar mais. Então o banco consegue baixar os juros desse empréstimo. 

Um outro exemplo com o Drex. Imagina que preciso trocar o meu carro. Eu posso pegar o título de propriedade do meu apartamento, que vale R$ 300 mil, por exemplo, e coloco uma fração dele de garantia para pegar R$ 10 mil emprestado. 

No mundo digital fracionar é muito fácil, muito barato. O banco consegue dizer: ‘se não pagar a partir de agora, sou dono desse pedaço do apartamento’. O que dá direito inclusive de leiloar o imóvel. Logo o proprietário vai receber um pedaço e o banco o resto. Então eu posso colocar 1% do meu apartamento de garantia do empréstimo. Se eu não pagar, vai a leilão, e eu recebo de volta 99% do meu imóvel. 

Essa variação na capacidade de gerar garantias para empréstimos se soma ao Open Finance, onde o banco consegue ver todas as suas relações financeiras e pode oferecer um produto melhor. Isso tem um impacto grande na capacidade de pedir/ceder empréstimos e impactar juros.

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B3 Bora Investir: O senhor já falou um pouco da questão ambiental, mas queria voltar ao tema. Há expectativa de que o Drex estimule investimentos ESG. Como isso poderia funcionar?

Rodrigoh Henriques: O Drex vai acelerar os investimentos de ESG porque a plataforma oferta um conjunto de garantias para que toda a aplicação do dinheiro seja de forma transparente e inviolável. Então, todos os envolvido no processo conseguem enxergar o que está acontecendo e todo mundo sabe que aquela informação não foi alterada por ninguém. 

Hoje no Brasil você tem algumas iniciativas de pegar a titularidade de um pedaço da floresta amazônica e levá-la para uma plataforma parecida com a do Drex e dizer: ‘você quer ajudar a preservar essa floresta?’ E vende-se tokens, pedaços digitais dessa floresta. E a partir daí eu posso ajudar a preservar. 

Mas quem garante que está sendo preservado? Aí o contrato vai dizer que uma vez por mês serão usadas imagens de satélite para validar se essa floresta está sendo preservada. Uma vez por ano, o contrato diz que tem uma auditoria que vai visitar no local. Com tanta segurança e transparência, se acelera esse processo. 

B3 Bora Investir: Quando o Drex for efetivamente implementado, como as pessoas terão acesso? Haverá custos?

Rodrigoh Henriques: Assim como o Pix roda num sistema diferente – com computadores e criptografia específica e a gente não enxerga isso no nosso dia a dia – o Drex vai rodar numa plataforma diferente. As instituições financeiras vão oferecer uma carteira digital de forma automática. Então todo mundo vai ter. 

Se você tem uma conta no banco, você terá uma carteira digital para poder usar o Drex. É provável que se enxergue isso como saldo conjunto. Você não vai ver quanto tem no sistema Drex, no Pix, no sistema antigo. Hoje a gente olha o saldo. 

A instituição financeira, que tem conta no Banco Central, está equilibrando e organizando isso. Mas essa é uma complexidade dela e não do cliente. Então, se em algum momento alguém falar ‘olha, vou te vender o carro, mas eu não aceito Pix, só Drex. Tudo bem. O cliente não precisa se preocupar com isso. Se você tem saldo, ele será convertido na moeda digital na hora. Esse é o caminho mais provável. 

B3 Bora Investir: Diante de tantas inovações, a última pergunta não poderia ser outra: o Drex é seguro?

Rodrigoh Henriques: A plataforma é extremamente segura e é testada constantemente. Essa é uma das grandes vantagens de você se inspirar nas plataformas que já estão sendo usadas com algum tempo para criptoativos

A plataforma Drex é chamada de EVM Compatible. Ela é compatível com a rede Ethereum, que tem mais de uma década sendo testada para segurança. Fora isso, ela não é uma versão pública da plataforma. Portanto, está se construindo uma plataforma extremamente segura e testando privacidade. Segura você tem certeza de que ela tem que ser e será. Você também tem que ter certeza que a privacidade será garantida. 

A segurança é questão de ponto pacífico. Portanto, se não for segura, nunca será lançada.

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