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Erros de principiantes: como evitar deslizes ao entrar na Bolsa de Valores?

Entender esses pontos antes de começar um investimento pode ajudar a evitar prejuízos

Erro de principiante é comum em toda área. A diferença, quando aplicada aos investimentos, é que cometer um erro pode te custar uns bons trocados. Esse dinheiro perdido por falta de preparo e conhecimento pode ser prejudicial para o futuro. Por isso, entender logo de antemão os principais erros de investidores iniciantes na Bolsa de Valores pode ser um salva-vidas para a sua segurança financeira.

O número de pessoas físicas com investimento na B3 bateu recorde de 19,4 milhões neste ano, segundo dados da B3. Na renda variável são 5,1 milhões de investidores e na renda fixa são 16,3 milhões.

Os investidores têm, geralmente, outras atividades e podem não ter tanto tempo para estudar demonstrativos financeiros, fazer cálculos de valuation, análise de micro e macroeconômica, de acordo com o analista gráfico da Genial Investimentos, Igor Graminhani. Neste caso, existem outras saídas para evitar cair nos erros mais comuns e garantir um início saudável que gere confiança para seguir investindo.

Na operação diária de trade, o erro mais comum entre os principiantes é o de aportar tudo somente em uma empresa. Outros equívocos são a falta de controle de riscos; negligenciar taxas e corretagens; confundir trade com investimentos; falta de preparo e de conhecimento; comprar na alta e vender na baixa e, como não poderia faltar quando o tema é dinheiro, a ganância.

Mas na hora de montar uma carteira de investimentos, os erros são outros. Confira.

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Erro #1: não olhar outros setores

Ao ganhar confiança em um setor, o investidor pode continuar confiante na aplicação dos seus recursos neste único segmento, mas isso traz riscos. Graminhani diz que investir sem levar em conta outras opções de setores pode comprometer a sua carteira pela exposição ao risco e levá-lo a cometer erros. Isso porque um setor pode passar por uma crise e derrubar a rentabilidade dos produtos financeiros atrelados a ele.

Isso pode ser superado com um planejamento financeiro, segundo Eduardo Reis Filho, educador financeiro da Ágora Investimentos. “Um dos principais erros é não ter um plano financeiro, uma estratégia consistente e progressiva e ficar dependendo de indicações ou dicas repentinas que prometem fazer com que os seus recursos se multipliquem de forma extraordinária da noite para o dia.”

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Erro #2: não olhar a rentabilidade

“Incluir uma empresa no portfólio que está com prejuízo líquido. Esse é um erro”, destaca Graminhani. Isso tem relação direta com custo de oportunidade, que é o dinheiro perdido ao escolher uma opção em detrimento de outra.

Outro ponto é entender o patamar atual da taxa básica de juros, a Selic, que está em 10,50% ao ano, de acordo com o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central.

Não optar por compor a carteira com companhias financeiramente saudáveis é um deslize. “Ele coloca uma empresa na carteira em que o ROI [retorno sobre o investimento] é menor do que a Selic, que tem a ver com custo de oportunidade”, afirma.

Já Eduardo Reis Filho observa que os riscos existem em qualquer investimento, mas, para reduzir esse choque, as corretoras disponibilizam um teste regulamentado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para descobrir o seu tipo de perfil de investidor, que é feito antes de tomar qualquer decisão que mexa com seu dinheiro.

“Sempre que falamos em investir, estamos querendo obter o melhor retorno, com total segurança e liquidez a qualquer momento. Sinto em informar: não existe. Não caia nessa”, diz ele.

Erro #3: não se preparar

Graminhani ressalta que o investidor iniciante tem pouco contato com empresas e, sobretudo, com o preparo técnico que a área exige, como estudos de contabilidade, de macro e microeconomia, demonstrativos financeiros e cálculos de valuation.

“Não é todo mundo que irá ter todo esse conhecimento no início. O que essa pessoa deveria fazer? Quase todas as corretoras tem uma área de research com analistas fundamentalistas, onde eles estudam o setor e a empresa específica a fundo. Então, vai ter um analista de petróleo e gás, de varejo, financeiro, energia elétrica, de minério, e eles vão conversar entre si, assim a corretora vai ter a carteira de ações desses analistas fundamentalistas para o cliente [investidor] seguir essa carteira recomendada, já que ele não conhece análise fundamentalista para montar a carteira. Essa é uma ideia.”

Saber onde está pisando, em outras palavras, é o que define essa etapa para o investidor iniciante. Ele não deve saber de tudo e nem é cobrado de que saiba, porém, o básico do funcionamento do mercado financeiro e da Bolsa de Valores é fundamental, de acordo com Reis Filho.

“Investir requer conhecimento de onde se está guardando seu dinheiro, mesmo que não seja um conhecimento profundo, mas entender o mínimo para sentir segurança de onde está colocando seu dinheiro. É como fazemos com a compra de um eletrônico. Você não precisa saber a engenharia por trás daquele equipamento, mas precisa saber como usar e para que serve”, destaca.

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Não esqueça dos ETFs

Por mais que a pronúncia da sigla pareça com ETs, esses fundos não são seres de outro mundo, mas fazem a diferença na diversificação da carteira de investimento. Os chamados ETFs (Exchange Trade Fund, em inglês) podem ser uma opção para quem começa agora a montar um portfólio.

“Quando uma pessoa compra um BOVA11 está comprando as empresas da carteira teórica do Ibovespa, que hoje tem 84 empresas, cada uma delas com um peso diferente, então, ali tem várias empresas do mesmo setor. Mas já que [o investidor iniciante] não sabe garimpar empresas para a carteira ou não quer seguir a recomendação da corretora, uma opação mais simples é a dele comprar esse ETF que irá ter uma boa diversificação”, pondera Graminhani.

Para o investidor disposto a ter um pé nos EUA desde o começo dos investimentos, os ETFs pela Bolsa de Valores também estão no radar. “Outro ETF é o IVVB11, que reflete o S&P 500, que são as 500 maiores empresas dos EUA. Tem muita pessoa física na B3 que já é investidor do IVVB11. Então, o ETF vem para suprir essa alternativa de diversificação”, completa.

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