Investir melhor

O que Cobra Kai pode ensinar a investidores? 

Filosofia das artes marciais pode ser de grande auxílio na hora de investir

Lutadores da série Cobra Kai se encarando
Confira a seguir algumas dicas para se tornar um investidor faixa preta! Foto: Divulgação/Netflix

Disciplina, paciência e perseverança: são essas algumas lições aprendidas por praticantes de artes marciais. O caratê, por sua vez, voltou à atenção do público nos últimos tempos, graças à série da Netflix Cobra Kai.  

Mas será que é possível usar tais lições no mundo dos investimentos? Confira a seguir algumas dicas para se tornar um investidor faixa preta! 

Autoconhecimento

Na série, jovens de Los Angeles redescobrem o caratê por meio de dois ícones locais do esporte: Daniel LaRusso e Johnny Lawrence. Adversários desde a adolescência, cada um adota um estilo de luta – o primeiro é mais defensivo e o segundo valoriza o ataque. 

Cada um dos dois lutadores tem o seu próprio dojô, lugar onde a arte marcial é praticada. No início da série, Lawrence está à frente do Cobra Kai e LaRusso do Miyagi-Do. Os aspirantes a pupilos devem escolher qual será o seu local de treino e, portanto, se preferem o estilo agressivo ou defensivo. 

Nos investimentos também é preciso fazer uma escolha entre uma estratégia agressiva ou defensiva. Trata-se do perfil do investidor. O mais arrojado equivale àquele que valoriza o ataque e se expõe mais aos riscos. Investimentos em renda variável e rotinas de day trade são próprias desse perfil. Já o conservador é o que adota uma postura defensiva e busca minimizar os riscos por meio de investimentos que têm poucas chances de prejuízo. Títulos de renda fixa, como CDB e Tesouro Direto, são escolhas comuns desse perfil. 

Se na série os personagens escolhem o dojô baseados em suas personalidades, na bolsa não é diferente. O perfil de investidor deve estar de acordo com as circunstâncias de vida e objetivos de cada um. Essa autoanálise é um dos primeiros passos que se dá no mundo dos investimentos e pode ser feita com a ajuda de sua corretora de valores; várias delas oferecem um teste de suitability ou de adequação, na tradução livre para o português. No geral, os testes consideram aspectos de segurança, liquidez e rentabilidade para descobrir o perfil de seus clientes e indicar os investimentos mais adequados.  

Lembra que falamos de disciplina no começo desse texto? Pois é, nas artes marciais e nos investimentos nada acontece sem ela. Para o investidor, disciplina significa duas coisas: organizar as finanças pessoais antes de iniciar uma rotina de aplicações – isso é, só começá-la se não houver dívidas, uma vez que os juros de um cartão de crédito ou empréstimo podem superar os retornos de um investimento – e criar o hábito de investir todo o mês, ou seja, adequar ao orçamento mensal uma parcela que será sempre dedicada a aplicações.  

Combinar defesa e ataque

Nas temporadas mais recentes de Cobra Kai, os dojôs de LaRusso e Lawrence se unem para combater um inimigo em comum: o antagonista John Kreese. Desse modo, as duas filosofias de combate se unem e as diferenças são superadas.

Se é verdade que cada investidor deve conhecer seu perfil, moderado ou arrojado, também é um fato que a carteira de investimentos deve ser diversificada, o que significa combinar estratégias de defesa e ataque.

Por exemplo, imagine o quão arriscado seria uma carteira formada apenas por ações de uma só empresa. Um momento de queda do preço dessas ações poderia significar prejuízo certo ao investidor. 

Por outro lado, uma carteira composta só por títulos de renda fixa, mas com datas distantes de resgate, pode implicar em um longo período sem que o investidor tenha retorno financeiro. É por isso que a diversificação deve levar em conta não apenas tipos de investimentos, mas prazos variados de retorno, diferentes indexadores e, no caso da renda variável, ações de empresas de diferentes setores, evitando, desse modo, prejuízos vindos de incertezas em alguma área específica de atuação empresarial. 

Uma técnica de defesa que todo perfil deve adotar é a reserva de emergência. Ela pode ser uma quantia economizada antes de se iniciar os investimentos ou um título de renda fixa que tenha liquidez constante, isso é, que além da data de resgate fixada após alguns anos, tenha-se períodos em que se possa resgatar parte do dinheiro aplicado antes do vencimento. É o caso dos CDBs com liquidez diária, que permitem o resgate a qualquer momento, ou títulos do Tesouro Direto com juros semestrais, em que há retorno ao final de cada semestre.   

Mente sã

Na quarta temporada de Cobra Kai, o personagem Robby promete se vingar de LaRusso, seu antigo mestre. Esse, em resposta, aconselha seu ex-pupilo a nunca colocar a paixão antes dos princípios. A lição é valiosa também para o mundo dos investimentos, em que é fácil tomar decisões impulsivas e se desesperar após prejuízos. 

Um pensamento que pode ajudar a manter a calma é que não existe investimento sem risco, logo, perdas fazem parte da trajetória de qualquer investidor, iniciante ou experiente. Outro princípio conhecido é de que risco equivale a incerteza, isso é, quanto mais incertos são os retornos de um investimento, maiores são os riscos de prejuízo. Então, para minimizá-los, pode ser uma boa ideia investir em empresas consolidadas, assim como títulos oferecidos por bancos ou outras instituições bem conhecidas.  

Também é preciso lembrar que incertezas podem esconder lucros não previstos, ou seja, ações de empresas iniciantes no mercado ou títulos de bancos não conhecidos podem trazer grandes retornos. 

As agências de rating, órgãos que avaliam empresas e instituições financeiras com base nos riscos oferecidos, podem ser de grande ajuda na tomada de decisão. Além disso, deve-se lembrar que, assim como o praticante de artes marciais, o investidor nunca para de aprender. Há uma série de livros sobre educação financeira que já se tornaram clássicos e devem estar na cabeceira de quem deseja se aprofundar no assunto. Afinal, nada melhor do que aprender com quem já acumulou experiência e se tornou um mestre. 

Para saber ainda mais sobre investimentos e educação financeira, não deixe de visitar o Hub de Educação da B3.