Organizar as contas

430%: juro do cartão de crédito rotativo bate maior valor em 6 anos

Governo negocia com bancos redução dessa taxa que impacta os mais pobres. Concessões de crédito desaceleraram em março e inadimplência ficou estável, segundo o BC.

A taxa de juros do cartão de crédito rotativo atingiu 430% ao ano em março, ante 417% no mês anterior, segundo o Banco Central (BC). É o maior patamar em seis anos, ou seja, desde março de 2017, quando estava em 490% ao ano. O rotativo do cartão de crédito é a modalidade de “crédito” mais cara, pois é acionada por quem não consegue pagar o valor total da fatura na data do vencimento.

Os especialistas em finanças pessoais são unânimes em dizer que essa linha de crédito precisa ser evitada para as pessoas não caíram no endividamento. A recomendação é sempre pagar todo o valor da fatura mensalmente. Em março, a parcela das famílias brasileiras com contas em atraso acima de 90 dias atingiu o maior patamar em um ano.

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O rotativo pré-aprovado no cartão também inclui saques feitos na função crédito. Em caso de inadimplência, o banco precisa parcelar o saldo devedor ou oferecer outra forma para quitar a dívida em condições vantajosas no prazo de 30 dias. Diante da inflação elevada e dos juros, mais da metade dos brasileiros têm tomado atitudes para cobrir os gastos emergenciais.

Os altos juros cobrados no rotativo do cartão de crédito pelos bancos está na mira do ministro da Fazenda. Na semana passada, Fernando Haddad, afirmou que pretende negociar com as instituições financeiras uma redução dos juros cobrados nessa linha de crédito.

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“Está prejudicando muito a população de baixa renda. Uma boa parte do pessoal que está no Serasa hoje é por conta do cartão de crédito. Não só, mas é também por cartão de crédito. E as pessoas não conseguem sair do rotativo. É preciso encontrar um caminho negociado como fizemos com a redução do consignado dos aposentados”, disse Haddad.

Juros em outras linhas de crédito

A taxa de juros média anual cobrada pelo sistema financeiro nas operações de crédito subiu 0,4 ponto percentual em março, para 31,6%. Para as famílias, a taxa avançou de 36,4% para 36,9%; e para as empresas foi para 21,5% em março, segundo o BC.

A taxa média de juros para famílias e companhias em empréstimos com recursos livres, que são definidos pelas instituições financeiras, ficou em 44,3%. É o maior patamar desde agosto de 2017. No cheque especial, a taxa recuou para 129,1% ao ano em março, após atingir 134,2% no mês anterior.

Concessões de crédito

As concessões de crédito feitas pelo sistema financeiro em março avançaram 24,2% na comparação com o mês anterior. Esse número leva em conta os novos empréstimos e financiamentos totais em cada mês. Na conta dessazonalizada (que exclui efeitos sazonais), no entanto, as liberações caíram 1%. Para as pessoas físicas (-2,2%) e empresas (-2,6%), a baixa foi ainda maior.

A queda na concessão de empréstimos e os custos do crédito tem sido impactados pela inadimplência recorde (70 milhões de pessoas), inflação elevada e taxa básica de juros, a Selic, no maior patamar em seis anos (13,75% ao ano). Para evitar entrar no pesadelo do endividamento e da inadimplência, os analistas afirmam que é preciso elaborar um orçamento e considerar os gastos dentro da renda disponível.

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O saldo das operações de crédito cresceu 0,7% em março, para R$ 5,3 trilhões. Para as famílias, houve uma alta de 0,8% no mês, chegando a R$ 3,266 trilhões. Para as empresas, crescimento de 0,6%, para R$ 2,096 trilhões.

O chefe do departamento de estatísticas do BC, Fernando Rocha, afirmou que a desaceleração da taxa de crescimento do saldo de crédito está “em linha” com desempenho da economia e com o ciclo de aperto monetário.

“O que a gente tem visto é uma desaceleração nos últimos nove meses. Por volta de junho de 2022, diversas séries registraram o pico [de crescimento] e de lá para cá vêm desacelerando, está consistente com o desempenho da economia”. A inadimplência média das operações de crédito ficou estável em 3,3% em março, na comparação com fevereiro.

A inadimplência média das operações de crédito ficou estável em 3,3 % em março, na comparação com fevereiro.

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