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O que é o mercado fracionário? Como investir nele?

Comprar ações pode ser mais barato do que parece. Graças ao mercado fracionário, investidores iniciantes podem colocar um pé na renda variável com exposição moderada ao risco da modalidade

O mercado fracionário é uma das iniciativas da B3, a Bolsa de Valores do Brasil, para facilitar o acesso ao mercado de capitais. Através dele, é possível comprar ações de empresas de maneira unitária em vez dos lotes oferecidos pelo mercado à vista. E, o melhor, fazer o processo pelo home broker, da mesma fora que a compra de um lote!

Normalmente, na compra e venda de papéis, as transações são feitas em pacotes com 100 unidades. Ou seja, se uma ação vale R$ 30, um investidor em potencial precisaria ter R$ 3 mil para comprar o ativo, já que ele é negociado em lotes padronizados. Esse fator pode fazer parecer que o mercado de ações é caro e, para quem está começando a investir, proibitivo.

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Já no mercado fracionário é possível adquirir o ativo de forma unitária ou em lotes de até 99 papéis. A ideia é que mesmo quem não tenha recursos suficientes para comprar os lotes regulares possa investir nas companhias da sua preferência.

Ao comprar um único papel ou o lote usual, com 100 ações, os investidores têm os mesmo direitos sobre a companhia: podem votar em suas assembleias, se for uma ação ordinária, e ser elegível para a distribuição de lucros e dividendos. Mas, em todos os casos, o recebimento destes valores será proporcional à posição do investidor. Ou seja, quanto mais ações ele tiver, maiores serão seus proventos.

Investir no mercado fracionário vale a pena?

A principal vantagem desta modalidade de investimento é o seu baixo custo, o que pode favorecer investidores que queiram adquirir um papel particularmente caro. “Uma ação unitária é para quem quer provar o risco da renda variável, mas com segurança. Como se fosse pimenta em prato: você quer experimentar, por isso coloca um pouquinho”, exemplifica Jenni Almeida, consultora credenciada pela CVM e CEO da Invest4U.

Especialistas ouvidos pelo Bora Investir também apontam a diversificação da carteira como um dos diferenciais deste mercado. Como o investidor irá poupar dinheiro na compra de cada ação, é possível variar mais as empresas nas quais irá investir.

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Ainda assim, Almeida afirma que é preciso ter cautela na hora de escolher uma companhia para investir. Apesar do preço baixo, algumas ações podem não valer a pena.

“Isso vale tanto para o mercado tradicional quanto para o fracionado: se as empresas pagam dividendos e têm reputação, são mais robustas e são confiáveis. Agora, se está em recuperação judicial, é cilada. Mesmo que o papel esteja baratinho, a R$ 1, não vale a pena, pois a ação não vai valorizar”, explica.

Quem pode investir no mercado fracionário?

O mercado fracionário é uma porta de entrada para novatos da bolsa. Normalmente, conforme o investidor acumula capital e dá novos passos rumo à sua independência financeira, as ações unitárias acabam ficando para trás. 

Uma das razões para que isso aconteça está relacionada aos objetivos do investidor, sua estratégia de acumulação de patrimônio e seu modo de lidar com o dinheiro. Segundo o economista e sócio fundador da Serafin, Bruno Mori, o perfil de quem investe vai ditar a sua preferência por um tipo de ativo ou outro. 

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“Cada investidor tem uma prioridade. Alguns não estão dispostos a acompanhar o mercado e olhar as empresas de perto. Para eles, é melhor deixar os recursos em um fundo. Agora, quem quiser aprender sobre o mercado de ações, vale a pena começar comprando lotes menores para entender as dinâmicas do mercado”, explica Mori.

Quais as desvantagens de comprar ações fracionadas?

O especialista conta que o preço dos ativos de uma mesma empresa pode variar caso seja comprado em lote ou individualmente. Como a venda mais frequente é feita em lotes, os papéis individuais podem enfrentar falta de liquidez na hora da venda. 

Também é preciso levar em conta os custos de corretagem da compra e venda desses investimentos. Em algumas corretoras, a alíquota cobrada para transações com lotes de 100 ações ou com papéis individuais é a mesma, o que distorce a cobrança e torna a compra proporcionalmente menos vantajosa. Por isso, fique de olho!

“Ações que têm muita negociação tendem a não registrar diferença de liquidez e preço nos dois ambientes. Já no caso de empresas com baixo volume de negociação, como uma small cap, a diferença vai ser maior, e aí o preço pode variar”, conclui Mori. 

Split: outra ferramenta de democratização

Mais umas das formas de dar mais acesso ao mercado de ações é o split. Em português, seria algo como “desdobramentode ações. Basicamente, ele acontece quando uma empresa atinge um valor de mercado tão alto que impede que investidores iniciantes comprem seus papéis. Para solucionar esse problema, a Bolsa pode “reparti-los”.

A ideia é aumentar a liquidez da ação – a quantidade dos seus ativos que circulam no mercado – e, ao mesmo tempo, possibilitar um aumento na base de investidores. A ferramenta favorece a democratização do mercado de capitais e, simultaneamente, a captação de recursos pelas companhias.

Por exemplo: uma ação X sobe consistentemente e atinge o preço de R$ 100. Valorizada e cara, poucos investidores novos têm os recursos necessários para comprá-la. Para resolver o problema – já que o papel é desejado por muitas pessoas – a empresa emissora e a Bolsa de Valores iniciam o processo de “divisão” do ativo.

Dessa maneira, um único papel da empresa se transformará, por exemplo, em quatro ações novas. No caso da empresa X, ela seria desdobrada em quatro papéis Y – valendo R$ 25, cada um. Quem já tem a ação em sua carteira não será prejudicado, já que o valor total do investimento não muda – mas sua quantidade. Já os investidores que desejavam ver a aplicação no seu portfólio agora poderão comprá-la por um preço menor.

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