Como o mercado internacional interfere nos BDRs do Brasil
Manutenção da taxa de juros nos EUA faz BDRs terem menor liquidez; porém, dividendos podem ter valorização
Com as recentes expectativas sobre o mercado internacional – envolvendo o risco de uma recessão econômica e a manutenção de altas taxas de juros nos Estado Unidos, principal economia do mundo – o mercado de BDRs no Brasil pode ser afetado.
Entenda a seguir como funciona a relação entre mercado internacional e BDRs e o que esperar no futuro.
O que são BDRs?
O Brazilian Depositary Receipts (BDR) é um produto negociado pela B3 que permite investimentos em empresas estrangeiras.
Na prática, funciona do seguinte modo: um banco brasileiro compra ações de empresas estrangeiras e emite recibos; estes, por sua vez, são os BDRs, vendidos a investidores brasileiros. Todo o processo é regulado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Dependendo da empresa representada pelo BDR, o recibo pode pagar ou não dividendos ao investidor. Acontece que pela legislação norte-americana, nem toda empresa é obrigada a distribuir parte de seus lucros. Logo, antes de adquirir BDRs, é uma boa ideia verificar se o produto dá direito a dividendos.
O que está acontecendo no mercado internacional?
Motivada pelas políticas de auxílio econômico nos Estados Unidos durante a pandemia, a inflação subiu no país. Para combatê-la, o FED, banco central estadunidense, elevou as taxas de juros.
Entenda por que os bancos centrais elevam a taxa de juros para combater a inflação
A pandemia passou, mas a inflação e o juros continuam altos nos Estados Unidos. Hoje ele se encontra entre 3% e 3,25%. Comparado com o Brasil, pode parecer juros baixos, mas trata-se de um patamar alto para o histórico dos EUA. Para se ter uma ideia, a última vez que o juros atingiu esse nível foi em 2008, ano da última grande crise americana.
Não só nos Estados Unidos a inflação está alta. Todo o continente europeu enfrenta problema parecido, motivado principalmente pala Guerra na Ucrânia e consequente desabastecimento de produtos alimentícios no mercado.
No Reino Unido, por exemplo, além dos problemas de juros e inflação, também houve um pacote econômico do novo governo que fez a libra despencar à sua mínima histórica ante o dólar.
Por tudo isso, há uma expectativa sobre uma possível recessão global.
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Como o mercado internacional afeta os BDRs?
Uma vez que grande parte dos BDRs negociados no Brasil são de empresas estadunidenses, é de se esperar que a situação econômica dos EUA afete o mercado brasileiro do produto.
Segundo Eduardo Becker, professor da B3, a relação entre o mercado externo e o de BDRs é explicada por um padrão de comportamento do investidor.
“Muitos investidores têm foco sobre o maior lucro, com o mínimo risco e no curto prazo, de um a três anos. Esse é um comportamento que se observa no mundo inteiro. Então, o aumento dos juros nos Estados Unidos torna a renda fixa mais atraente, pois ficam mais rentáveis”, explica.
Com isso, acredita Becker, pode-se esperar uma transferência de recursos da renda variável para a fixa. “A menor procura por ações de empresas norte-americanas no mercado internacional implica em queda de preço e menor liquidez de BDRs no Brasil”.
Por outro lado, uma recessão internacional pode elevar o preço do dólar; com isso, o valor dos dividendos pagos por alguns BDRs também pode subir.
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