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7 fatos e frases da segunda semana de agosto que resumem a economia e o mercado

Inflação dos serviços cai e abre caminho para novos cortes na Selic. Semana teve discussões sobre fim do rotativo, moeda digital do Brasil e a ambiguidade da inflação dos EUA

Roberto Campos Neto, presidente do BC. Foto: Wilson Dias/Agência Brasil
No evento ‘2023 Milken South Florida Dialogues’ em Miami, Campos Neto falou principalmente da agenda de inovações do Banco Central brasileiro. Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

O protagonista da semana econômica foi o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Seja pela frase “um pouquinho melhor” – ao falar da inflação dos serviços – ou pelo discurso que “a solução se encaminha para o fim do rotativo”. 

As duas declarações desaguam num problema crônico e que precisa ser combatido no país: a alta taxa de juros que impacta a vida dos milhões de brasileiros. 

A ata do Copom confirmou que a Selic deve continuar em desaceleração. E Campos Neto, que a solução para o rotativo do cartão de crédito passa por acabar com a modalidade e levar o consumidor direto para o parcelamento com juros mais baixos. 

No noticiário do mercado nos Estados Unidos, a inflação ao consumidor menor e ao produtor maior, deu um nó nas projeções sobre a continuidade, ou não, do aperto monetário no país. 

No Brasil, a isenção de impostos para compras internacionais de até US$ 50 talvez suba no telhado. Já o real avança de patamar com o Drex, novo nome da moeda digital, que deve começar a operar em 2024. 

Relembre, a seguir, os principais fatos e frases que marcaram a semana:

1) “FOI UM POUQUINHO MELHOR” – Roberto Campos Neto, presidente do BC, sobre a desaceleração da inflação dos serviços

A inflação oficial brasileira voltou a acelerar em julho: subiu 0,12% no mês e acumulou alta de 3,99% em 12 meses, acima da meta perseguida pelo BC de 3,25%. 

O IPCA foi puxado pela forte alta de 4,75% nos preços da gasolina, diante da retomada completa dos impostos federais sobre o combustível e o etanol. O índice de preços registraria deflação de 0,11%, não fosse a alta da gasolina.

Na contramão veio a inflação dos serviços, que em julho desacelerou de 0,62% para 0,25% no mês e caiu para 5,63% no acumulado em 12 meses.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, avaliou que o resultado do IPCA veio acima do que o mercado financeiro esperava. No entanto, acrescentou que a pressão inflacionária decorrente do setor de serviços, que o BC tem prestado mais atenção, “foi um pouquinho melhor”.

Apesar do aumento da inflação em 12 meses, o ministério da Fazenda comemorou o resultado do IPCA.

2) “ESSE É O RITMO APROPRIADO PARA MANTER A POLÍTICA MONETÁRIA CONTRACIONISTA NECESSÁRIA AO PROCESSO DESINFLACIONÁRIOAta do Copom, confirma unanimidade de cortes futuros de 0,5 p.p. na Selic

Na semana que passou, o Comitê de Política Monetária publicou a ata da reunião que desacelerou a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual e levou a Selic para 13,25% ao ano. 

No documento, o Copom tentou suavizar as divergências entre os diretores sobre a queda dos juros. No entanto, reforçou que houve “unanimidade” sobre novos cortes na Selic na mesma proporção. 

Dentre os pontos de atenção para os próximos passos destacou não só a queda da inflação dos serviços, como as projeções de inflação até 2025 ainda longe da meta (3%).

Pelo lado da atividade econômica, os juros altos inibiram a melhora das vendas do varejo no mês passado, que ficam estáveis. Já o setor de serviços, que sofre menos influências da Selic, surpreendeu e avançou 4,7% no 1º semestre.

Nas finanças pessoais, caso o início do ciclo de corte dos juros se consolide, a estimativa é que as taxas para o financiamento imobiliário caiam a partir de 2024O mesmo acontece com as linhas de crédito de curto prazo. Os bancos estatais anunciaram redução de juros em algumas modalidades, mas o afrouxamento monetário só terá efeito maior no próximo ano. 

No caso do mercado de renda variável, em entrevista ao B3 Bora Investir, a chefe de pesquisa e estratégia para ações do Santander Brasil, Aline Cardoso, afirmou que estamos na primeira etapa de um ciclo positivo que deve durar 18 meses. 

3) “A SOLUÇÃO ESTÁ SE ENCAMINHANDO PARA QUE NÃO TENHA MAIS ROTATIVO, QUE O CRÉDITO VÁ DIRETO PARA O PARCELAMENTO”Roberto Campos Neto, presidente do BC, fala dos estudos para acabar como rotativo do cartão de crédito

Em um movimento que pode ajudar a diminuir o endividamento e os juros para o crédito no país, o presidente do BC afirmou que a instituição avalia alternativas para a redução a inadimplência nas operações com cartão de crédito rotativo. A modalidade é a linha de crédito mais cara do país, com juros de 437% ao ano, e ocorre quando o cliente não paga o valor total da fatura e joga a dívida para o mês seguinte.

Em substituição ao rotativo, o BC avalia enviar o devedor diretamente para um parcelamento desse saldo, com juros de cerca de 9% ao mês, pouco abaixo da metade dos 15% atuais.

O Congresso acumula propostas sobre o tema apresentadas nos últimos anos e que defendem, por exemplo, a limitação dos juros cobrados sobre o rotativo. Já os bancos discutem uma limitação de compras parceladas, diante do fim próximo do rotativo. A ideia não é acabar com parcelamento sem juros, mas debater limites. O setor reclama que o risco fica concentrado nas instituições. 

O BC já fala até no PIX como uma alternativa para empréstimos. A ideia é autorizar os bancos a oferecerem empréstimos por meio dessa ferramenta, inclusive com parcelamento (como ocorre atualmente com o cartão de crédito). Atualmente, a parcela das famílias brasileiras com contas a vencer está em 78,1%, menor nível em sete meses, mas ainda numa proporção muito alta. 

Enquanto isso, mesmo com o cenário de juros elevados, endividamento das famílias na casa dos 50% da renda e a inadimplência em patamar alto, a saída de recursos da poupança bateu recorde nos sete primeiros meses de 2023.

4) INFLAÇÃO NOS ESTADOS UNIDOS DÁ SINAIS AMBÍGUOS

No cenário internacional, o foco ficou com os índices de inflação nos Estados Unidos, que trouxeram sinais controversos. 

Se por um lado o indicador que mede os preços aos consumidores teve o menor ganho consecutivo em dois anos, a inflação aos produtores veio pior que o esperado pelo mercado.  

Os dois resultados acenderam um ponto de interrogação na cabeça dos analistas, que diante de uma perspectiva de inflação menor, previam uma estabilidade nas taxas de juros até o fim do ano – movimento que agora se mostra duvidoso.  

A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, comemorou o progresso na redução da inflação e a criação de 13 milhões de novos empregos.

Já a segunda maior economia do planeta passa por um momento de desaceleração na sua economia. Os preços na China estão em deflação e a balança comercial em forte retração. 

A demanda doméstica e global mais fraca, aliada aos preços das commodities em declínio, tem atrapalhado a recuperação do gigante asiático. A restrição de investimentos em tecnologia do país pelos EUA também tem sido um duro golpe para os chineses. 

Para a economia brasileira, a desaceleração chinesa deve afetar com maior intensidade a exportação de minério de ferro, mas ter impacto limitado sobre outros setores, como o agronegócio. 

5) DREX: MOEDA DIGITAL BRASILEIRA

O Banco Central anunciou que a moeda digital brasileira vai se chamar Drex. A divisa terá capacidade de programação e assim vai diminuir os intermediários.  

“Não precisa mais ter advogado, tem um pedaço de código garantindo que os valores estão de acordo com o que foi registrado no contrato. Baixa muito o custo”, explicou o coordenador da iniciativa do BC, Fabio Araujo.

O Drex, previsto para o fim de 2024, pretende ser uma infraestrutura que deverá integrar, pela primeira vez em um só lugar, tanto dinheiro quanto ativos financeiros – ações, debêntures, títulos públicos e até certificados de propriedade de imóveis e automóveis.

O real digital deve acelerar a redução do uso de papel-moeda no Brasil. Há hoje R$ 285 bilhões em circulação em espécie. E o Drex pode ser um bom momento para o brasileiro melhorar a sua relação com o dinheiro. O B3 Bora investir mostrou nesta semana os cinco passos para ajudar nisso

6) COMPRAS INTERNACIONAIS E DIA DOS PAIS

A polêmica sobre a alíquota zerada para a importação de compras até US$ 50 (R$ 236) em sites internacionais voltou à tona. 

De um lado o governo federal deixará de cobrar o imposto para os consumidores até o limite de US$ 50. Em contrapartida, as empresas deverão aderir ao programa Remessa Conforme da Receita Federal e recolher tributos estaduais.

A confusão se instalou, após o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, afirmar que a pasta estuda uma revisão da alíquota para dar “isonomia” aos tributos cobrados de empresas brasileiras. Segundo reportagem do jornal Valor Econômico´, a alíquota pode, inicialmente, ficar entre 17% e 20% sobre o total da compra.

Enquanto a decisão não acontece, o Bora trouxe 15 dicas para fazer compras seguras no Dia dos Pais, mas que servem para qualquer data especial. 

7) FINANÇAS PESSOAIS: AÇÕES

Nas dicas completas do Bora Investir, a renda variável dominou o noticiário na semana que passou. 

Explicamos o que é a liquidez de um investimento e porque ela é importante na hora de escolher um ativo e, especialmente, transformá-lo em dinheiro. 

Enquanto a data de resgate não chega, mostramos quais as ações pagam até o fim de agosto dividendos e JCPs (Juros sobre capital próprio).

Pelo lado dos fundos imobiliários, quanto investir para garantir rendimentos de R$ 1 mil mensais? Até agosto, esse tipo de investimento rendeu cerca de 10,5% ao ano. Assim, seria necessário investir R$ 101 mil em FIIs para conquistar o rendimento de R$ 1 mil por mês.

Quer saber mais sobre investimentos e finanças? Acesse os conteúdos gratuitos do Hub de Educação Financeira da B3. Este aqui, por exemplo, é sobre Como Investir em Ações no Exterior.