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7 fatos ou frases que resumem o mercado financeiro na última semana de Março

Arcabouço fiscal foi destaque da semana, que também teve ata do Copom, a volta do consignado do INSS, mais investidores classes C, D/E e Bitcoin em alta

Bolsa de valores. Foto: Divulgação B3.
Bolsa: investidores também monitoram Haddad e Tebet, que participam de evento. Foto: Divulgação B3.

Imagine aquela novela que tem duas fases. Na primeira o telespectador conhece os personagens e entende a trama. Na segunda, já de posse de todo o enredo, a história se desenrola. Pois é, desde o início de 2023 vivemos a novela das novas regras fiscais que foram apresentadas nesta semana pelo governo. Terminada a primeira fase, começa agora a entrega do projeto, as discussões no Congresso e pôr fim a votação – ainda sem data para acontecer.  

No enredo paralelo de uma história de poucos vilões e muitos mocinhos, o Comitê de Política Monetária divulgou a ata da sua última reunião que manteve a taxa básica de juros, a Selic, em 13,75%. No documento, acenos para a equipe econômica e recados cautelosos ao protagonista de que é preciso ‘serenidade e paciência’.

De juros nas alturas, a crédito escasso, discutimos também o encarecimento dos empréstimos, o fim do impasse sobre o teto de juros para o consignados do INSS, o aumento dos investidores das classes C e D/E no Brasil e o Bitcoin subindo impressionantes 68% em três meses. 

No exterior vimos o mercado se acalmar das turbulências com o sistema bancário, após o First Citizens comprar o Silicon Valley Bank. Pelo menos essa novela terminou e parece que o final foi feliz. The End!

Acompanhe os 7 fatos ou frases que marcaram a semana. 

1. NOVAS REGRAS FISCAIS – “SE TODOS PAGAREM IMPOSTOS, INCLUSIVE, OS QUE ESTÃO FORA DO SISTEMA TRIBUTÁRIO, NINGUÉM SAI PREJUDICADO”. (Fernando Haddad, ministro da Fazenda)

O governo federal, por meio do Ministério da Fazenda, apresentou a nova âncora fiscal do país nesta semana. O mecanismo terá na relação receitas e despesas o seu principal foco. A proposta prevê limitar o crescimento dos gastos a 70% da variação da receita dos últimos 12 meses, ou seja, de tudo que entra no caixa do governo. O objetivo é zerar o rombo nas contas públicas já no ano que vem. 

O B3 Bora investir ouviu a opinião de vários economistas sobre a proposta que agradou o mercado financeiro. No entanto, os especialistas esperam algumas mudanças pelo Congresso e resistência dentro do próprio governo em relação ao Arcabouço Fiscal. 

Aliás, você sabe o que essa palavra significa? Uma reportagem do UOL explicou que o arcabouço fiscal ganhou esse nome por ser a carcaça, a estrutura do controle de gastos do governo.

Depois da apresentação, as novas regras fiscais precisam ser enviadas pelo governo ao Congresso Nacional. O texto será analisado pelas comissões, só para depois ser enviado ao plenário para votação.

2. “SERENIDADE E PACIÊNCIA NA CONDUÇÃO DA POLÍTICA MONETÁRIA PARA GARANTIR A CONVERGÊNCIA DA INFLAÇÃO PARA SUAS METAS”. (Ata do Copom)

A frase resume com maestria a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta semana, que manteve a taxa básica de juros, a Selic, em 13,75% ao ano. 

O Banco Central seguiu com o tom mais duro visto no comunicado e mandou esse recado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ala do PT que segue bombardeando Roberto Campos Neto com críticas a manutenção dos juros no maior patamar em seis anos. 

Para a equipe econômica do governo, no comando de Fernando Haddad, o Comitê acenou ao defender a divulgação da nova regra fiscal como uma das indutoras de um processo desinflacionário.

Com a Selic mantida em alta, o Brasil segue como líder no ranking mundial de juros reais – aqueles que descontam a inflação, segundo a Infinity Asset Management. Depois de nós, vem o México, com a taxa real em 6,05%, e o Chile, com 4,92%.

O Copom também reforçou a importância de que a concessão de crédito, público e privado, se mantenha com taxas competitivas e sensíveis à taxa básica de juros. A orientação do Copom em relação ao crédito é válida, no entanto será mesmo que está sendo cumprida?

3. POR QUE O ACESSO AO CRÉDITO ESTÁ MAIS CARO E DIFÍCIL NO BRASIL? ENTENDA

O B3 Bora Investir publicou uma matéria especial que explicou os motivos para a dificuldade de conseguir crédito no país. Dentre as variáveis estão os juros altos, a inflação elevada e a inadimplência recorde. 

Diante desses fatos, a concessão de empréstimos despencou 9,5% em fevereiro, na comparação com o mês anterior. Apenas para as famílias a queda foi de 10,5% na comparação com janeiro, segundo o Banco Central.

O acesso aos empréstimos mais limitado tem levado as famílias brasileiras a procurar linhas de crédito consideradas ‘ruins’ e ‘caras’ como o rotativo do cartão de crédito e o cheque especial.

Diante deste cenário, a ANEFAC (entidade que reúne executivos de finanças e economia) fez um passo a passo para ajudar as famílias brasileiras a saírem do vermelho.

4. BANCOS RETOMAM CONSIGNADO DO INSS

A semana marcou o fim do impasse sobre o teto de juros para os empréstimos consignados de beneficiários do INSS. A boa notícia veio depois que o Conselho Nacional da Previdência Social (CNPS) aprovou a nova taxa de 1,97% ao mês para a modalidade.

Quem não gostou nem um pouco foi o ministro da Previdência, Carlos Lupi, que sofreu uma derrota ao tentar baixar os juros na canetada e ainda levou ‘pito’ do presidente Lula. 

 “Nós recuamos no que a gente tinha proposto inicialmente. Continuo achando a taxa alta, mas a gente tem que fazer o que é possível, nem sempre é o que a gente quer, é o que é possível”, disse Lupi.

5. CRESCE NÚMERO DE INVESTIDORES DAS CLASSES C E D/E

As classes C e D/E impulsionaram o aumento do número de investidores no Brasil em 2022, segundo pesquisa da Anbima em parceria com o Datafolha. O percentual de investidores da classe C teve um aumento de 5 milhões de pessoas, seguido pela D/E – com expansão de 2 milhões e da A/B com expansão de 1 milhão de pessoas.

“Tá dominado, tá tudo dominado. Quero ouvir geral”. E o mercado de renda fixa falou. Segundo reportagem do jornal Valor Econômico, o balanço das aplicações financeiras do primeiro trimestre mostrou que a renda fixa dominou e confirmou o posto de alternativa mais rentável – e segura – para o investidor.

Mais investidores, menos golpes. O B3 Bora Investir fez uma lista de dicas de como se proteger de criminosos, que tentam tirar proveito dos novos investidores. Entre os principais estão ‘utilizar instituições financeiras reconhecidas’ e desconfiar de promessas absurdas. 

6. BITCOIN TAMBÉM AVANÇA E SOBE 68% NO TRIMESTRE

O mesmo jornal trouxe a informação de que o bitcoin (BTC) chegou ao último dia do primeiro trimestre de 2023 com um ganho acumulado de 68%. A criptomoeda está bastante à frente da maioria das demais aplicações financeiras de risco no período.

O resultado, segundo especialistas, leva a crer que o chamado inverno dos criptoativos ficou para atrás bem antes do que o vislumbrado no final do ano passado, na esteira da quebra da FTX e implosão do sistema Terra Luna. 

É a maior valorização trimestral do bitcoin desde a alta de 103% vista no primeiro trimestre de 2021, no segundo ano de pandemia.

7. FIRST CITIZENS COMPRA O SILICON VALLEY BANK

As temores de uma crise financeira global parecem ter terminado na semana em que o First Citizens, um dos maiores bancos regionais dos Estados Unidos, concordou em comprar o Silicon Valley Bank (SVB), 15 dias após o colapso da instituição.

O acordo foi a ‘season finale’ (capítulo final) do combate às turbulências no setor bancário internacional, que levou à compra do Credit Suisse pelo banco UBS; os fortes saques que desencadearam uma crise no First Republic Bank e mais recentemente problemas de confiança no Deutsche Bank.

Especialistas consultados pelo Bora, apontaram onde investir agora, no Brasil e lá fora, para se proteger da ameaça de uma crise de crédito global.

Quer saber mais sobre investimentos e finanças? Acesse os conteúdos gratuitos do Hub de Educação Financeira da B3.