Educação e liberdade financeira: como ex-seminarista virou investidor da bolsa
Júnior Ribeiro, de 41 anos, conta que, hoje, teria independência se tivesse tido a orientação certa no início dos investimentos
Por Rogério Piovezan
Uma vida tranquila e dedicada integralmente a Deus deu lugar à rotina agitada da bolsa de valores, mas com a possibilidade de conquistar a tão sonhada liberdade financeira. Era isso que Júnior Ribeiro, de 41 anos, estava à procura. Mais liberdade, na verdade, é o que ele busca em relação à sua própria carteira de investimentos.
“Eu saí da vida religiosa mais por um projeto de vida, para investir na bolsa e conseguir ficar perto da minha família. Não penso em me aposentar, mas quero ficar perto da minha família”, conta.
Natural de Poxoréu (MT), ele pensava em seguir os ensinamentos da Igreja para se tornar padre, mas, por outro lado, crescia uma vontade de ser professor e cuidar das próprias contas.
Ao passar em uma bolsa da mais tradicional congregação católica, o Salesiano, Júnior foi enviado ainda adolescente para um intercâmbio missionário em Campo Grande (MS). De lá, ele foi transferido para Dourados (MS) e, anos depois, foi para Lins (SP). Até que ele chegou na capital de São Paulo, onde tudo mudou.
Numa roda de amigos padres, Júnior ouviu de um deles sobre um day trade que faria sobre as ações da Magazine Luiza e foi convencido a participar da negociação. Ali, percebeu a lucratividade do mercado financeiro, bem como os riscos.
Não demorou muito para ele entrar, sozinho, na compra de moedas por uma corretora e ver o seu patrimônio de até R$ 8.000 se desfazer com a volatilidade. Ele diz que não teve orientação ou preparo antes de embarcar no universo dos investimentos naquela época.
“Se eu tivesse orientação lá atrás, hoje eu já colheria meus resultados, que é ter liberdade financeira. E estaria bem melhor do que estou hoje. Então, agora eu procuro não ter medo do conhecimento”, afirma.
Investimentos exigem estudo
Depois dessa primeira experiência, Júnior decidiu mergulhar nos estudos sobre o mercado financeiro. Ele queria entender melhor como montar a própria carteira de investimentos e não perder dinheiro, mas sim receber rendimentos. Isso começou quando ele passou a dar aulas de filosofia em escolas de ensino básico e teologia em cursinhos. Aos poucos, ele deixava de lado a vida religiosa.
No dia em que ele decidiu entrar na bolsa e comprar as ações do Banco do Brasil, estourou a pandemia de covid-19. “O mercado tombou”, lembra ele, enquanto olhava para a tela do home broker no refeitório da escola, segundo conta.
A diferença, agora, era que ele tinha estudado e sabia como lidar com a situação, por mais inédita que fosse a queda das bolsas de valores ao redor do mundo.
Liberdade financeira
Alcançar a liberdade financeira que tanto deseja ainda vai levar um pouco mais de tempo. Júnior diz que se tivesse tido a orientação certa no início dos investimentos, hoje, ele já estaria desfrutando dessa liberdade. Porém, ele não se deixa abater e lembra que procura conciliar a rotina de professor com a de investidor.
“Eu sei que vou alcançar minha liberdade financeira quando os valores [dos rendimentos] cobrirem os meus gastos mensais. Mas, por enquanto, eu paro no meu dia a dia e compro 30 ações, ou outra hora vejo como andam as coisas e compro apenas 10 ações. Eu não reservo nenhuma quantia para investir, eu só vejo se vale a pena e vou lá no meu home broker e faço a compra.”
Diversificação vem com o tempo
Durante a pandemia, Júnior passou os sábados assistindo lives e lendo livros para aprimorar cada vez mais o conhecimento em investimentos. Ao sentir que era a hora, ele decidiu sair da vida de seminarista e voltou para Mato Grosso, onde hoje trabalha como professor e coordenador de uma escola em Rondonópolis (MT).
Com uma carteira de investimentos robusta, Júnior conta que continua investindo nas ações do Banco do Brasil, mas começou a diversificar os recursos em ações de seguradoras. Mas no setor do varejo ele tirou alguns ativos que tinha e os vendeu por considerar que não estavam rendendo o suficiente para seu objetivo de vida.
“É ter clareza da minha condição de vida. Minha mãe vendia salgados para se manter. Então, eu venho dessa realidade e por isso eu tenho que saber como dosar até onde eu posso ir, porque eu não tive orientação. Tive que começar do zero”, conta.
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