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“Miau miau miau”: Entenda como investir no mundo da música

Investimento alternativo pode compor diversificação da carteira, mas demanda atenção e cuidados

O hit que viralizou nos últimos dias traz a versão da música “What Was I Made For”, de Billie Eilish, em um canto único de gatinhos criados por Inteligência Artificial (IA): “miau, miau, miau”. Essa edição atravessou as redes sociais direto para as pistas de dança em algumas baladas pelo Brasil. Esse episódio mostra a força da música combinada com as redes sociais e desperta atenção aos investidores para a lucratividade do setor da música internacional, com diferentes opções de investimento alternativo.

Não é de hoje que os investidores podem alocar recursos em ativos alternativos como diversificação da carteira. Para ver seu dinheiro render em ritmo musical, uma opção é encontrar bons royalties, catálogos abertos a investimento e com nomes de peso na área para atrair capital, com destaque, por exemplo, no cenário da música internacional. 

A rentabilidade desse tipo de ativo alternativo é estimado, em um retorno médio, de 19% ao ano com uma carteira de R$ 170 milhões em catálogo de música, de acordo com Arthur Farache, CEO da Hurst Capital. “A rentabilidade da operação advém do número de vezes que as músicas do catálogo são tocadas mundialmente, seja nas plataformas de áudio ou vídeo. Vemos como uma excelente oportunidade para o investidor diversificar a carteira, obtendo rentabilidade em uma moeda forte com baixo risco, já que são ativos descorrelacionados do cenário econômico mundial”, explica.

Segundo ele, a operação leva 48 meses e é securitizada por meio de uma Oferta Pública de Certificado de Recebíveis, de acordo com as normas previstas na resolução da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nº 88 e na lei 14.430. 

Vale destacar, contudo, que esses investimentos demandam cuidado. É o que alerta o educador financeiro Ricardo Natali. “É interessante os investidores terem mais opções de investimento. É uma alternativa e tem um pouco mais de risco, visto que não está no mercado regulado pela B3. Um tipo de investimento como esse não tem essas características [do mercado regulado]. Mas tem que encarar isso como alternativo, então, não pode alocar grande parte dos recursos.”

🎼🎤🎧Não é Billie Eilish, mas é Beyoncé

Uma das opções abertas aos investidores brasileiros são algumas canções da diva pop Beyoncé, que estão na gravadora Chess Records e que fazem parte do trilha sonora de um filme. Os investimentos podem ser feitos através de Certificados de Recebíveis graças à parceria entre a Muv Capital e ANote Music, cuja operação inclui dois catálogos com outros grandes nomes da música internacional, como Steve James, produtor musical de Justin Bieber, e astros do rap americano Nas e Mos Def.

“É uma grande oportunidade de investir em canções de artistas internacionais e de grande fama. São catálogos sem fronteiras, compostos por músicas interpretadas em língua inglesa e por grandes artistas, fatos que permitem alcance ao mercado global de entretenimento. A seleção do catálogo tem como foco investidores interessados em uma conceituada diversificação na carteira de investimentos, com retorno em euro”, afirma Farache.

💰💵💰Como investir?

Segundo Natali, os investidores podem encontrar os ativos alternativos em corretoras, mas ele alerta sobre os cuidados na hora de investir. “É sempre importante falar de diversificação de carteira. Como esse é um mercado que não está tão bem estabelecido, o investidor precisa ver isso como uma aposta, com ganhos e perdas.”

A partir da tecnologia blockchain, que basicamente funciona como um banco de dados descentralizado, as frações de royalties musicais podem ser negociadas através de determinadas corretoras que possuem o catálogo das gravadoras. Atualmente, esse tipo de aporte de recursos pode ser feito após o ativo ser tokenizado, ou seja, quando passa a existir no registro digital.

O investidor encontra essa opção pelo Certificado de Recebíveis, que é criado a partir de um contrato direto entre o originador e o artista com direitos autorais da música. Conforme Farache, o contrato com o artista estabelece que o originador se torna titular de uma fração dos recebíveis durante determinado período de tempo. São essas frações que são negociadas.

Para gerar rentabilidade, os recebíveis estão interligados ao número de vezes em que a música será tocada e o fonograma executado de forma pública ou reproduzida em streamings. “Para a precificação, avaliamos os valores arrecadados pelo artista no passado, fazemos a projeção do fluxo de caixa futuro do artista levando em consideração as variantes do mercado da música e entramos em acordo com o artista”, conta Farache.

⚠️🚫⚠️Quais são os riscos?

Por estar operando fora do mercado tradicional, Natali salienta que os riscos são diversos, como por exemplo não contar com a proteção do fundo garantidor de crédito ou de uma clearing house. Além disso, quanto mais famoso o artista, menos rentabilidade pode ser gerada, por trazer mais segurança de retorno.

Ele ainda destaca que nem todos os artistas e gravadoras disponibilizam o catálogo musical para investimentos. Contudo, Natali observa que esse mercado tem crescido nos últimos anos e despertado atenção das corretoras e de investidores interessados em diversificar mais o portfólio através dessas alternativas inovadoras. “É um mercado que está em construção, ainda não tem tanta liquidez assim”, observa.

Já Farache ressalta que os ativos alternativos musicais não sofrem tanto com a volatilidade desencadeada por cenários turbulentos na política econômica externa ou doméstica de um país. “O desempenho do mercado fonográfico é pouco afetado em momentos de incertezas político-econômica, característica que o torna bastante atrativo. Além disso, o investidor poderá ter uma renda mensal passiva durante os meses em que os Certificados de Recebíveis permanecerem em vigor”.

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