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Selic é mantida em 13,75%. Onde investir agora?

Com a taxa básica de juros mantida no nível atual, algumas opções de investimentos são mais interessantes. Conheça

O Banco Central agiu conforme a expectativa e manteve a taxa básica de juros, a Selic, no patamar de 13,75%. A decisão deu continuidade, pela quinta vez consecutiva, à estratégia de prolongamento dos juros altos para conter a inflação. Mas, e agora? O que muda para os seus investimentos?

O que é taxa Selic? Entenda como ela afeta seu dinheiro

Jayme Carvalho Jr, economista e sócio da SuperRico, diz que os sinais dados pelo Banco Central indicam que os juros só vão arrefecer mediante uma tendência de queda consolidada da inflação.

Por isso, com a Selic alta, a renda fixa continua mais interessante que a renda variável, já que muitos dos investimentos deste tipo se baseiam no piso de juros.

“Os desafios fiscais do Brasil não vão permitir que o Brasil tenha juros básicos como os de 2021, de cerca de 5%”, afirma.

A vez ainda é dela: a renda fixa

A preferência do investidor deve ser por investimentos pós-fixados e indexados à inflação, preferencialmente isentos do pagamento de Imposto de Renda e com garantias do Fundo Garantidor de Crédito, diz Carvalho Jr.

Inflação controlada: como os Bancos Centrais definem a taxa de juros?

Rodrigo Cabraitz, portfólio manager da Principal Claritas, afirma que os títulos Tesouro IPCA+, de vencimento a médio prazo, podem ser alternativas rentáveis e seguras no cenário macroeconômico projetado pelo Banco Central. O Tesouro IPCA+ é um título público indexado à inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

“Essa condição de Selic a 13,75%, com 6,5% de juros reais, é bastante atrativa e aconteceu poucas vezes no Brasil, ainda mais se for manter o papel até o vencimento“, afirma.

Para Cabraitz, a possibilidade de uma recessão no curto prazo no Brasil favorece estes títulos, ao passo que, a despeito da trajetória da inflação, seus lucros estão ‘garantidos’ por serem pós-fixados.

“Num cenário menos provável de uma nova aceleração da inflação, a posição também estaria bem protegida”, complementa o especialista.

Raone Costa, economista-chefe da Alphatree, aponta que a trajetória atual de juros e inflação deve permanecer inalterada por algum tempo até que o cenário mude e o Bacen troque de estratégia. “Mesmo com os juros de 13,75%, o modelo do BC só tem inflação dentro da meta do final de ano que vem”, diz.

Tesouro Prefixado

Já num cenário de corte de juros nas próximas reuniões do Copom, Cabraitz afirma que outras opções ofertadas pelo Tesouro Nacional, como o Tesouro Prefixado e Tesouro Prefixado com Juros Semestrais podem ser mais atrativas.

Isso porque, nestes casos, os ganhos seriam maiores do que o esperado, visto que as notas foram emitidas imaginando um cenário de juros mais agressivo. Teoricamente, estas notas se beneficiariam com a “surpresa positiva” de uma eventual antecipação do relaxamento monetário.

Queda de rentabilidade

A expectativa de rentabilidade dos investimentos de renda fixa caiu da última reunião do Copom para cá, mesmo que a taxa tenha permanecido inalterada. A razão está na percepção de que a inflação está se controlando, e de que não será mais necessário aumentar juros – pelo menos por enquanto.

Isso acontece porque os rendimentos de CDBs e títulos públicos do Tesouro Direto é estimado com base nos juros futuros do prazo da aplicação.

As instituições financeiras se antecipam às decisões futuras sobre juros e embutem isso nos retornos dos produtos. Por isso, mesmo com a decisão de manter o atual nível da Selic, as taxas futuras seguem caindo, se ajustando a possíveis movimentos no longo prazo”, explica a planejadora financeira do C6 Bank, Larissa Frias

O banco digital projeta que a Selic ficará em 13,75% até o final deste ano. Para 2024, a previsão é de que a taxa termine o ano em 12%.

No médio e longo prazo, caso a previsão se concretize, a queda de rentabilidade da renda fixa não a tornará menos atrativa. Isso porque, segundo Anderson Domingos, fundador da Favos Invest, é difícil imaginar um cenário de juros abaixo dos dois dígitos nos próximos anos porque a correção de rumo da política monetária demora a surtir efeito.

Dessa maneira, mesmo que a inflação dê sinais de que, de fato, está arrefecendo, o Banco Central fará cortes graduais na taxa básica de juros de modo a não estimular um rebote inflacionário.

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