Finanças e bem-estar: dinheiro é a principal causa de problemas psicológicos
Você já parou para pensar em como a maneira com que lida com as finanças afeta sua saúde mental?
Por Guilherme Naldis
O setembro amarelo foi instituído em 2015 e rapidamente virou símbolo da campanha de prevenção ao suicídio e de cuidados com a saúde mental. Segundo dados da Associação Americana de Psicologia, o dinheiro e a economia são os principais fatores de estresse para a população, de modo geral.
O ambiente de trabalho é outro fator decisivo para a paz de espírito de alguém. Além disso, as dívidas, muitas vezes vistas como uma solução rápida para necessidades imediatas, podem se transformar em um fardo insustentável que afeta não apenas a estabilidade financeira, mas também o bem-estar emocional das pessoas.
É no setembro amarelo que essas discussões vêm à tona, ainda que a preocupação com a saúde mental deva ser uma constante – tanto profissional quanto financeiramente. Por isso, o Bora Investir ouviu especialistas no assunto para te ajudar a se entender melhor com o dinheiro. Veja:
Dívidas e bem-estar: qual a relação entre os dois fatores?
À medida que os níveis de endividamento aumentam (mais de 71 milhões de brasileiros estão inadimplentes, aponta o Serasa), fica claro que essa carga financeira pode afetar o bem-estar psicológico.
De acordo com um levantamento realizado pelo órgão, 51% dos entrevistados disseram que começaram a ter sintomas de estresse por causa das dívidas e 43% alegaram sentir ansiedade e depressão devido às contas atrasadas
5 passos para melhorar sua relação com o dinheiro
Organizar-se financeiramente, além de ser saudável para o bolso, também contribui para a melhora da saúde mental e emocional de toda a família. “Planejamento e organização trazem qualidade de vida e segurança, dois fatores fundamentais para uma mente tranquila. É importante dominar as próprias finanças e saber lidar com o dinheiro, seja para gastar com inteligência ou programar as despesas”, explica Thaíne Clemente, executiva de operações da Simplic.
De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a situação financeira das famílias brasileiras permanece desafiadora.
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Em julho deste ano, a parcela de famílias com dívidas, em atraso ou não, atingiu 78,1%. A expectativa é que esse cenário se mantenha difícil nos próximos meses, conforme aponta a CNC, ainda que os programas de renegociação de dívidas do governo federal devam ajudar.
Educação financeira para o bolso e para a mente
O principal impacto do equilíbrio financeiro é a confiança de que as contas serão pagas, de que os projetos serão concretizados e de que é possível vislumbrar um futuro com segurança e com conforto. Essa confiança traz tranquilidade e motivação para continuar trilhando o caminho escolhido, com uma rotina financeira saudável e, consequentemente, com mais sossego.
“Quando trabalhamos o planejamento financeiro no sentido de orientar sobre as estratégias de organização, de como alcançar o equilíbrio entre gastos no presente e cuidados com o futuro, estamos, na verdade, fazendo um trabalho preventivo de saúde mental”, explica Gustavo Cerbasi, especialista em inteligência financeira e sócio da SuperRico.
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“Aumentando o grau de tranquilidade, de confiança, de previsibilidade das pessoas, elas se tornam mais serenas e esta paz se reflete em todos os aspectos da vida”, acrescenta.
Cerbasi explica que pessoas motivadas se tornam, também, mais produtivas, melhor relacionadas, despreocupadas com contas que serão pagas em atraso ou com projetos que estão sendo desfeitos por causa de algum tipo de desequilíbrio. “A relação é direta”, reforça.
Organizar as contas sem dor de cabeça
Cerbasi explica que grande parte das pessoas, equivocadamente, percebe o corte de gastos e os sacrifícios exigidos pelo reequilíbrio financeiro como uma vida de eterno sofrimento.
“Esse não é o caminho. O planejamento financeiro busca maximizar o benefício dos recursos financeiros e não financeiros para que a pessoa possa desfrutar da melhor vida possível no presente. E tomar cuidados mínimos para que esse bom presente não falte no futuro”, diz.
Em paralelo, o especialista explica que o ideal é construir projetos que envolvam pequenos sacrifícios para pequenas celebrações – e maiores esforços para comemorações ainda mais grandiosas. Afinal, a celebração é um dos elementos mais importantes para manter a motivação para projetos de mais longo prazo.
Para saber ainda mais sobre investimentos e educação financeira, não deixe de visitar o Hub de Educação da B3.