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Copom reduz Selic em 0,50% e leva taxa a 12,75% ao ano; confira a repercussão do mercado

É a segunda vez que o comitê opta por reduzir a taxa em 0,50%. Antes disso, o juro básico passou quase um ano no nível dos 13,75%

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) do Banco Central do Brasil (BCB) decidiu cortar a Selic, a taxa básica de juros do Brasil, em 0,50 ponto porcentual na reunião encerrada nesta quarta-feira, 20/09. Agora, o juro terminal está em 12,75% ao ano. 

É a segunda vez que o comitê opta por reduzir a taxa em 0,50%. Antes disso, o juro básico passou quase um ano no nível dos 13,75%.

A decisão atendeu às expectativas da maior parte do mercado, que já previa um corte neste encontro. Na última edição da pesquisa Focus do Banco Central, o mercado financeiro manteve a projeção de que 2023 deve encerrar com uma Selic a 11,75%.

Inflação controlada: como os Bancos Centrais definem a taxa de juros?

A decisão foi unânime entre os nove integrantes do colegiado. Seguindo o ritmo atual, o BCB disse que a próxima reunião do colegiado, marcada para 31/10 e 01/11, deve contar com um novo corte de 0,50%. 

Por que o Copom cortou a Selic de novo?

Na nota de anúncio da nova Selic, a autoridade monetária afirmou que a inflação observada entre a última reunião e esta se comportou como o esperado, ainda que se situe acima da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

O Banco Central também destacou maior resiliência da atividade econômica do que anteriormente esperado. “Mas o Copom segue antecipando um cenário de desaceleração da economia nos próximos trimestre”, afirma a nota.

O comunicado reforçou que o comitê está determinado a não somente consolidar a desinflação, mas também ancorar as expectativas: “A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento e por expectativas de inflação com reancoragem parcial, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária”.

Inflação, deflação e desinflação: entenda as diferenças

Entre os riscos que podem reacender a inflação e tornar a elevar os juros, o BCB destaca:

  1. Uma persistência das pressões inflacionárias vindas do restante do mundo
  2. Uma resiliência na inflação de serviços maior que a projetada

Já os fatores que podem contribuir para a baixa inflacionária e acelerar o ritmo dos cortes são:

  1. Uma desaceleração da atividade econômica global maior que a prevista
  2. Um impacto do aperto monetário sobre a desinflação global mais forte do que o esperado.

Brasil deixa a liderança mundial de juros reais 

Com a nova baixa da Selic, o Brasil não é mais o líder global no ranking da Money/You de juros reais – aqueles que descontam a inflação e são alvos das críticas de políticos e empresários.

O Brasil ocupou o posto ininterruptamente desde maio de 2022, quando a Selic, ainda no ciclo de alta, chegou justamente ao mesmo patamar adotado hoje, de acordo com informações da Agência Estado. 

Segundo levantamento do site com 40 economias, o Brasil passa a ter uma taxa de juro real de 6,40% e agora figura entre os campeões do mundo atrás do México (6,61%). Em terceiro lugar aparece a Colômbia, com 5,10%.

Recepção do mercado a decisão do Copom

O BCB ressaltou, sutilmente, a necessidade de se perseguir as metas fiscais, segundo Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, a fim de manter o bom curso da política monetária sem maiores pesares.

“Isso tornou o Comunicado ligeiramente mais hawkish, pois, mesmo não sendo explícito, pode ser interpretado como mais um condicionante para o Copom acelerar o ritmo de cortes de juros à frente”, afirma João Savignon, head de pesquisa macroeconômica da Kínitro Capital.

Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, afirma que, assim como o ocorrido no FOMC, a reunião do Federal Reserve que definiu os juros dos EUA mais cedo, “pouco importava a decisão, que já estava antecipada”. Para ele, o que estava em jogo era o tom do comunicado. “Assim como lá, nós vemos certas curvaturas mais conservadoras por parte da autoridade monetária”, afirma.

O comunicado manteve o mesmo teor, indicando a continuidade da queda nas próximas reuniões, avaliou André Nunes, economista-chefe do Sicredi. “Acreditamos que alguns pontos importantes para a leitura do cenário atual, com a dinâmica da inflação de serviços e a projeção para a desaceleração do PIB, devem ser abordados com mais detalhes na ata que sairá na próxima semana”, disse.

“A queda dos núcleos sugere que a insistência do BC em manter sua política austera por mais tempo parece ter sido exitosa. Dessa maneira, a decisão de hoje nos parece bastante acertada”, avaliou Alexandre Espirito Santo, economista-chefe da Órama.

O comunicado contou com algumas preocupações novas por parte do Banco Central, segundo Jayme Carvalho, economista-chefe da SuperRico. “Principalmente com aumento do combustível e do petróleo globalmente, o que não estava no cenário anterior”, destaca.

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