Mercado

7 fatos e frases da primeira semana de outubro que resumem a economia e o mercado

Mercado de trabalho forte e juros altos nos EUA impactaram o mercado. A positiva projeção do PIB brasileiro, esquenta para nova fase do Desenrola e o impacto do clima na economia

dólar, investimento exterior. Foto: Pixabay
Com a característica de potencializar os retornos, os investimentos em dólar podem atender diversos tipos de perfis de investidor. Foto: Pixabay

O foco da semana foram os dados mais fortes do mercado de trabalho dos Estados Unidos. A percepção dos investidores de que o cenário de mais emprego e inflação torna difícil a tarefa de Federal Reserve de baixar os juros foi catastrófica. 

O rendimento dos títulos do Tesouro americano (Treasures) renovaram o maior patamar em quase 15 anos, o que levou a uma forte saída de recursos das bolsas mundiais, e trouxe o dólar de volta a patamares muito elevados.  

No Brasil, as discussões sobre os caminhos para atingir as metas de inflação se somaram a dúvida se o governo vai conseguir zerar o déficit das contas públicas em 2024. No campo do PIB, boas notícias com as projeções de crescimento acima da média mundial.

Nas finanças, o destaque ficou com a nova fase do Desenrola, o programa de renegociação de dívidas do governo. Nos investimentos, discutimos sucessão familiar, fundos de Caixa e risco pais. No meio ambiente, explicamos as consequência do El Niño na economia global. 

Relembre, a seguir, os principais fatos e frases que marcaram a semana:

1) O IMPACTO DO MERCADO DE TRABALHO NOS JUROS DOS ESTADOS UNIDOS

Em mais uma semana de tensão entre os investidores, o foco das notícias econômicas ficou com o mercado de trabalho cada vez mais resiliente nos Estados Unidos.

Em setembro, a economia americana criou o dobro de vagas do que era esperado pelos analistas, segundo o Payroll. A força do mercado de trabalho dos EUA também ficou evidente com o crescimento no número de empregos disponíveis em agosto

Esses números indicam uma maior dificuldade do Federal Reserve, o Banco Central americano, em controlar a inflação. Com mais pessoas trabalhando, há mais recursos disponíveis na economia, ou seja, mais consumo e pressão sobre os preços.

Esse receio dos investidores desencadeou um aumento forte nos Treasures (títulos do Tesouro americano), no dólar a nível global e a uma forte queda das bolsas pelo mundo.  

A demora num acordo para evitar um shutdown (paralisação) do governo dos Estados Unidos também impactou forte os mercados. 

2) “A INFLAÇÃO BATEU NO PICO” (Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central)

A inflação e as contas públicas brasileiras também estiveram no noticiário da semana que passou. 

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, voltou a destacar a queda da inflação em 12 meses e disse que o índice “bateu no pico”. Segundo o mandatário, a recente elevação dos preços, já era esperada por efeitos estatísticos.

O diretor de política monetária do BC, Gabriel Galípolo, foi na mesma linha e acrescentou que a inflação tem se mostrado mais resiliente, o que deixa as expectativas longe da meta de 3% fixada a partir de 2024.

Pelo lado das contas públicas, Campos Neto afirmou que o BC tem apoiado o governo na busca de uma meta de resultado fiscal positivo, ou seja, das contas públicas em equilíbrio.

Já Galípolo falou sobre a meta fiscal do governo de zerar o déficit das contas públicas no ano que vem, ou seja, receitas e despesas no mesmo patamar. Segundo o diretor do BC, é razoável assumir o que está projetado pelo mercado: déficit de 0,8% do PIB.

Pelo lado da atividade econômica, a produção industrial voltou a registrar comportamento positivo em agosto, mas segue com perdas no acumulado do ano, impactadas pelo alto patamar de juros no país.

Já a atividade do setor de serviços perdeu força em setembro e passou a indicar uma contração pela primeira vez em sete meses.

3) ECONOMIA BRASILEIRA NA DIREÇÃO OPOSTA DA GLOBAL

As discussões sobre juros, inflação e seus impactos na economia brasileira e global, também foram pauta de um relatório da Organização das Nações Unidas.  

No documento, a entidade afirmou que o PIB do Brasil deve crescer 3,3% neste ano, enquanto o mundo vai avançar 2,4%. Por aqui, a melhora das exportações de commodities e das colheitas explica esse resultado, isso apesar dos juros em patamares elevados. 

No mundo, a preocupação se divide em três pontos:

1. A recuperação na zona do Euro, que viu o seu crescimento despencar de 5,4% em 2021 para 0,4% este ano, diante da guerra na Ucrânia e da inflação;

2. O ambiente de incerteza em torno da eleição presidencial nos Estados Unidos, que deve desacelerar a economia americana no 2º semestre, e o alto patamar de juros para conter a inflação;

3. A China que deve ver a sua economia desacelerar do crescimento de 8,4% em 2021, para 4,6% neste ano. Para a ONU, o gigante asiático não vai crescer tão rápido como o seu primeiro ano pós-pandemia.

A segunda maior economia do planeta foi tema da entrevista do Bora com o pesquisador do FGV IBRE e sócio da consultoria BRCG, Lívio Ribeiro. 

“O atual cenário chinês é muito delicado, por exemplo, para empresas como a Vale. A China vai continuar consumindo minério, mas o motor dessa economia engasgou um pouco”. 

4) DESENROLA: 3ª FASE COMEÇA NA SEGUNDA-FEIRA, 09/10

A terceira fase do programa de renegociação de dívidas do governo federal, o Desenrola Brasil, começa na próxima segunda-feira, para a população com renda mensal de até dois salários mínimos ou inscritas no Cadastro Único do governo, o CadÚnico.

Nesta data o governo vai lançar a plataforma online onde os brasileiros vão poder renegociar débitos bancários e de consumo – como contas de luz, água, varejo, educação – no valor de até R$ 5 mil. 

Na semana que passou, inclusive, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou o projeto que regulamenta o Desenrola. No mesmo texto, também está a limitação dos juros do cartão de crédito.

A proposta não impõe o valor do teto, mas dá prazo de 90 dias, a partir da publicação da norma, para que as emissoras de cartões apresentem uma proposta de teto, a ser aprovada pelo Conselho Monetário Nacional.

5) EL NIÑO: OS IMPACTOS DO CLIMA NA ECONOMIA

Em uma reportagem especial, o B3 Bora Investir explicou o impacto do fenômeno climático El Niño – que eleva a temperatura das águas do oceano Pacífico e afeta o ciclo de chuvas – na economia. 

Cada vez mais próximos do nosso dia a dia, as ventanias na região sul e a seca intensa que assola o Norte deram sinais de que o El Niño será mais rigoroso que o usual. O tempo mais instável, afeta principalmente o agronegócio que depende do clima

Um estudo do Banco Mundial mostrou que os eventos climáticos gerados pelo fenômeno trazem incertezas sobre o crescimento da América Latina e Caribe. Segundo a instituição, a chegada do El Niño “limitará a produção agrícola e causará problemas, de modo geral, em vários países”.

A estimativa dos analistas é que o fenômeno termine no fim deste ano, isso sem antes trazer problemas específicos a cada região do Brasil.

6) FINANÇAS SUSTENTÁVEIS E O MERCADO DE CRÉDITOS DE CARBONO

As discussões em torno das mudanças climáticas e como tornar a vida mais sustentável tem cada vez mais desembarcado no mercado financeiro. 

Parte dessa discussão passa pelo conceito de finanças sustentáveis, que buscam unir aspectos econômicos financeiros aos de sustentabilidade. Fazem parte desses investimentos, os títulos tradicionais ou específicos do conceito, como crédito de carbono ou índices ligados ao tema.

Na semana que passou, o Senado aprovou projeto de lei que regula o mercado de crédito de carbono. O texto cria o Sistema Brasileiro do Comércio de Emissões (SBCE) e regula as emissões de empresas que emitem acima de 10 mil toneladas por ano.

Importante lembrar que o mercado de crédito de carbono é um sistema usado para compensar a emissão de gases de efeito estufa. Ele beneficia empresas e países que poluem pouco e cobra daqueles que liberam mais poluentes na atmosfera.

7) FINANÇAS PESSOAIS: INVESTIMENTOS

Nas dicas completas do Bora Investir, falamos de como planejar os investimentos e diminuir os custos na sucessão familiar. Afinal, o momento do inventário costuma causar algum tipo de tensão entre os herdeiros.

Em relação a aposentadoria, explicamos que existe a possibilidade de se usar o tempo de contribuição no Brasil para pedir esse tipo de benefício no exterior. Claro, que isso depende das bases de um acordo internacional entre os países.

Em meio a retirada cada vez mais forte de recursos da caderneta de poupança, os chamados Fundos de Caixa tem se tornado uma alternativa para os brasileiros. Essa opção de investimento tem baixo risco, já que o dinheiro não fica exposto a crédito corporativo privado, tem alta liquidez e rentabilidade próxima ao CDI.

Será que essa tendência vai levar muitos investidores a trocarem a poupança pelos Fundos Caixa? Pelo sim, ou pelo não, o Bora explicou como o efeito manada influencia decisões e afeta investimentos e finanças

Trouxemos ainda uma reportagem sobre o que é o risco-país e como ele pode afetar seus investimentos? E o que são os investimentos alternativos e como eles podem fazer parte do seu perfil financeiro.

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