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Como avaliar o desempenho da sua carteira em 2023?

Além de acompanhar o sobe e desce das cotações, é necessário fazer um balanço de longo prazo do desempenho dos ativos

Números sendo mostrados em uma tela
Bolsa de valores. Foto: Adobe Stock

O ano de 2023 já está chegando ao fim, mas a sua vida de investidor não. Agora que você sabe a importância dos investimentos e o valor da organização financeira, é preciso olhar para trás e avaliar o desempenho das aplicações feitas durante o ano. 

Saber avaliar o rendimento de uma ação, de um título, um fundo, etc. é fundamental para manter sua carteira saudável e rentável e fazer os ajustes necessários. Afinal, é olhando para o passado que se sabe para onde ir no futuro. 

“Esse conhecimento vai auxiliar na tomada de decisões para investimentos futuros e para ajustar estratégias a fim de alcançar metas de curto e longo prazo, além de permitir uma gestão mais eficiente do portfólio de investimentos, bem como uma maior compreensão dos ganhos ou eventualmente perdas obtidas”, explica José Carlos de Souza Filho, professor da FIA.

Como calcular o desempenho de um investimento?

Depois de aprender conceitos como liquidez, valuation, oscilação e stock picking, é hora de fazer conta. Para fazer o cálculo de retorno nominal de um investimento, você precisa saber o valor pago pelo ativo (valor inicial, ou VI), e o valor atual (a cotação corrente do investimento, ou VA).

A taxa de retorno nominal de um investimento se dá pela fórmula:

Retorno = [(VA –VI) / VI] x 100

(Para fazer na calculadora, o cálculo é: valor atual menos valor inicial, dividido pelo valor inicial, multiplicado por 100. O resultado é o retorno porcentual).

Nesse cálculo, não está considerado o tempo entre o aporte inicial e o valor atual, e nem uma média de taxa de juros. Portanto, trata-se de um referencial de cálculo básico, nas palavras do professor.

Cada perfil de risco tem um prazo diferente

Os perfis de investidor são uma ferramenta importante para a mensuração dos resultados de uma carteira. “Eles ajudam a determinar o nível de risco que o investidor está disposto a assumir, o que, por sua vez, afeta o desempenho esperado da carteira”, afirma a planejadora e consultora financeira Carol Stange. Geralmente, o perfil dos investidores é dividido em:

  • Conservador, mais avesso ao risco. São as pessoas que preferem carteiras com maior previsibilidade de retorno
  • Moderado, quem está disposto a assumir um risco maior em busca de um retorno potencial mais elevado
  • Arrojado, com alta tolerância a risco e em busca de retornos potenciais acima da média, mesmo que isso signifique mais oscilação no curto prazo

O perfil de investidor é determinado por fatores como renda, objetivos financeiros e tolerância ao risco. “A idade é um dos fatores mais importantes, pois os investidores mais jovens podem, em teoria mas não obrigatoriamente, assumir mais risco, pois têm mais tempo para recuperar perdas”, diz Stange. Por isso, a mensuração do prazo de um investimento e da sua rentabilidade com o passar do tempo são relativos ao objetivo daquela aplicação.

Curto, médio e longo: entenda os prazos dos investimentos

O risco e o tempo

O horizonte de tempo é crítico na avaliação do desempenho da carteira, além de influenciar na escolha dos ativos do portfólio. Afinal, os objetivos ao se investir em CDB com liquidez diária são diferentes daqueles de quem investe em um lote de ações para lucrar no longo prazo, não é mesmo? Isso porque as finalidades dos dois ativos são diferentes.

“Investidores de longo prazo podem tolerar oscilações de curto prazo, enquanto investidores de curto prazo podem ser mais sensíveis à volatilidade”, diz Rogério Brandão, planejador financeiro da Serafin.

Ativos mais arriscados tendem a ter desempenho mais instável no curto prazo, o que significa que a carteira pode apresentar variações significativas em um curto período de tempo. Mas, quando se alonga o prazo, há mais chances de se obter resultados positivos.

O que é volatilidade? Entenda com o Bora!

“Se um investidor tem um horizonte de tempo de 30 anos para a aposentadoria, ele pode se expor a a mais risco para buscar retornos mais elevados ao longo do tempo. No entanto, se o objetivo é comprar uma casa em três anos, a alocação pode ser mais conservadora para preservar o capital”, exemplifica o planejador.

Ele explica que uma confecção de carteira personalizada leva em consideração a tolerância ao risco, metas financeiras e horizonte de tempo. Conjugados, os três fatores otimizam a mensuração dos resultados da carteira de acordo com as necessidades individuais.

Qual indicador é mais apropriado para comparar o desempenho da minha carteira?

Para avaliar se um investimento foi bom ou ruim, é preciso comparar seu desempenho com outras variáveis de mercado. Os índices que acompanham o desempenho de um determinado mercado, por exemplo, são ferramentas importantes para a mensuração do desempenho de uma carteira, pois fornecem uma referência objetiva para comparar desempenho em relação ao restante do mercado. “A escolha deles está diretamente relacionada aos objetivos e estratégias de investimento”, diz Brandão.

Existem muitos indexadores por aí, cada um com características específicas. Alguns dos mais populares do mercado de ações são:

  • Ibovespa: o índice de referência da Bolsa de Valores brasileira, a B3, acompanha o desempenho das ações das empresas mais negociadas do nosso mercado
  • S&P 500: principal indicador da Nyse, uma das bolsas de valores dos EUA. Ele monitora e reflete o desempenho das ações das 500 empresas mais líquidas de lá.
  • MSCI World: Índice de referência global, que acompanha o desempenho das ações de empresas de todo o mundo

Investidores que buscam acompanhar o desempenho do mercado podem usar um indexador amplo, como o Ibovespa ou o S&P 500, diz Stange. Já quem busca um desempenho superior ao do mercado pode usar um indexador mais específico, como um indexador de ações de uma determinada indústria ou região, afirma a planejedora.

E para a renda fixa?

Já para a renda fixa, a consultora reforça que a escolha de um parâmetro varia conforme o perfil, os objetivos e o horizonte temporal do investimento. As principais referências são:

  • Selic: A taxa básica de juros da economia brasileira é o indexador mais utilizado na renda fixa, pois é um norte para a maioria dos títulos públicos e privados
  • IPCA: O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, conhecido como a inflação oficial do Brasil, é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Por aferir a taxa de aumento de preços, é uma referência importante para avaliar a perda de poder de compra dos investidores
  • IGP-M: É o Índice Geral de Preços do Mercado, calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Mais abrangente que o IPCA, inclui as variações de preços de serviços e matérias-primas.
  • CDI: A taxa média de juros dos Certificados de Depósito Interfinanceiro (CDI), que é uma das principais referências para o mercado financeiro e é utilizado como benchmark para a rentabilidade de diversos produtos financeiros, como CDBs
IPCA, IGP-M, INPC, IPC: conheça os índices de inflação do Brasil

Stange conta que investidores conservadores geralmente preferem indexadores que ofereçam maior previsibilidade de retorno, como a Taxa Selic ou o CDI. “Já os moderados ou arrojados podem estar dispostos a assumir mais risco, em busca de um retorno potencial mais elevado, e podem optar por indexadores como o IPCA ou o IGP-M”, afirma.

A proteção do patrimônio contra a inflação, geralmente, é referenciada no IPCA ou o IGP-M, visto que estes são os índices principais da taxa de aumento de preços. “Ao contrário do que boa parte dos investidores costuma imaginar, no curto prazo, o desempenho da renda fixa pode ser volátil. Isso significa que a rentabilidade do investimento também pode variar significativamente em um curto período de tempo”, alerta.

Por isso, os objetivos de curto prazo tendem a ser atrelados aos indexadores mais previsíveis, como a Selic ou o CDI. Já investidores com objetivos de longo prazo têm mais tempo para recuperar perdas, caso ocorram, e podem estar dispostos a assumir mais risco, optando por indexadores como o IPCA ou o IGP-M, exemplifica Stange.

O que mais precisa ser avaliado?

Independente do prazo, existem alguns outros fatores que devem ser levados em conta, embora a rentabilidade seja muito importante. Afinal, é dela que todo mundo gosta.

Um fator que pode mudar é o risco do investimento, lembrando que quanto maior o retorno esperado, maior o risco associado. Outro ponto é a liquidez, ou seja: a facilidade que existe em transformar o investimento em dinheiro para emergências ou outras oportunidades. “Uma carteira adequada deve levar em conta o perfil do investidor, os objetivos do investimento e uma boa análise do ambiente econômico”, aponta Souza Filho.

O que é macroeconomia? Veja como isso afeta seus investimentos!

Isso quer dizer que o cenário de dezembro de 2023 já não é o mesmo de dezembro de 2022. Nesse meio tempo, a taxa básica de juros do Brasil, a Selic, caiu 1,5%, de 13,75% a 12,25%, o patamar atual. Ao mesmo tempo, a política fiscal deu passos novos e o ambiente de negócios do País mudou. 

Algumas empresas prosperaram, enquanto outras só viram seu valor de mercado decrescer. Tudo isso deve estar no radar de um investidor, ao passo que tanto a política fiscal quanto a monetária afetam o desempenho de todos os tipos de ativo financeiro. Ao mesmo tempo, Souza Filho afirma que notícias sobre empresas em particular ou sobre seus setores merecem ainda mais atenção, já que são capazes de zerar uma cotação ou multiplicá-la em um mesmo dia.

Para saber ainda mais sobre investimentos e educação financeira, não deixe de visitar o Hub de Educação da B3.

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