Objetivos financeiros

Recomendação de investimento feita por IA será próximo boom, mas é preciso cautela, dizem especialistas

Luis Rueda, gestor de produtos na Sinqia, e Riccardo Lanzuolo, CEO e cofundador da 4KST, afirmam que a regulação desse setor deve avançar

A Inteligência Artificial (IA) generativa se torna cada vez mais presente nos investimentos. A partir de 2025, a recomendação hiper personalizada de investimento criada por IA pode ser o próximo boom nas instituições financeiras, que correm contra o tempo para incorporar a ferramenta ao cotidiano e treiná-la dentro de uma base de dados segura, conforme a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

A previsão foi feita por Luis Rueda, gestor de produtos na Sinqia, e Riccardo Lanzuolo, CEO e cofundador da 4KST, durante a Jornada de Inteligência Artificial da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), na manhã desta quarta-feira (2). 

“O que temos mais avançado são advisers (conselheiros), que é a recomendação feita por IA”, afirma Rueda. “Isso está em crescimento, mas ainda tem o humano ali no meio. Essas recomendações mais personalizadas devem ter um boom no ano que vem.”

Lanzuolo segue na mesma linha. “Tudo que diz respeito à IA, em machine learning, é imitar alguma coisa. A IA não inventa nada, ela imita o passado e projeta o futuro. Ela precisa de orientação e precisa de dados históricos, e poucos têm isso de forma organizada”, explica.

A programação da Anbima ainda conta com masterclasses, com aulas com especialistas; showcases, com apresentação de casos de sucesso na área, debate sobre melhores práticas e, por fim, pitchs em que startups apresentam soluções para alguns desafios do mercado.

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Recomendação feita por IA

Os dois especialistas explicam que as instituições financeiras já começam a trabalhar com a IA para montar recomendações de investimentos hiper personalizadas aos clientes. O trabalho de análise rigoroso ainda cabe a um ser humano e passa por diferentes cruzamentos de dados e validações até ser finalizado, segundo eles. Ou seja, a ferramenta presta uma assistência ao trabalho de análise, como uma espécie de advisor, um conselheiro, o que otimiza tempo do profissional humano. 

“Já estamos interagindo bastante com a IA. É você conseguir automatizar investimentos de acordo com o cenário econômico e perfil de risco do cliente, e vamos enriquecendo com mais dados na base, personalizando e automatizando os investimentos ao cliente. É um boom que vamos ter nos próximos anos com assistentes e chatbots com comandos de voz e começamos a ter uma interação mais direta. É levar o cliente ao melhor investimento no momento correto e ganhar mais precisão nesse cenário”, observa Rueda.

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Para o investidor pessoa física, contudo, o cenário demanda uma série de cuidados, segundo Lanzuolo. “É certeza que já há várias instituições criando ferramentas na IA generativa, como um grande conselheiro. Vamos começar a ver pequenos advisers com Chat GPTs verticais. Eu, como investidor pessoa física, vou lá buscar conselhos e informações específicas de adviser, mas há possíveis alucinações, que devem ficar cada vez menores”, analisa.

Ele salienta que o investidor pessoa física opera de maneira solitária nesse campo e, por isso, buscar ajuda profissional pode ser a saída mais segura. Afinal, o trabalho solo desse investidor frente ao de uma instituição, segundo ele, seria desigual em decorrência da magnitude e da capacidade que a instituição possui para gerir e cruzar dados que estão além da base em que a IA está instalada.

É preciso atenção ao usar os produtos de IA das big techs, como Open IA, que estão cada vez mais acessíveis, diz Lanzuolo. A IA já existe há mais de 50 anos no mercado, na versão com algoritmos, mas nos últimos dois anos ela deu um salto ao incorporar imagem, texto e vídeo de forma generativa.

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Regras para IA?

A regulação da IA nos investimentos ainda está em discussão e deve ser um ponto chave na maneira com a qual essa ferramenta é usada no mercado. “É a regulação e a preocupação dos bancos que irão acrescentar mais inteligência ao capital, e não a IA sozinha”, afirma Rueda.

Os limites do uso dessa ferramenta carecem de regulação, mas já existem orientações e guias com observações a serem adotados como um complemento às regras vigentes no mercado financeiro. Em julho, a Anbima publicou um guia orientativo com princípios definidos pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para a gestão responsável dos sistemas de IA nos mercados financeiro e de capitais. Com isso, as regras são discutidas conforme avançam os testes e conforme a ferramenta evolui.

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