Presentes de Natal em agosto? Como se organizar para pagar menos e ainda investir o 13º

Frete grátis, cupom de desconto para usar na madrugada, redução de até 70% nos preços. Assim, o varejo tenta atrair clientes mesmo em entressafra, períodos entre as principais datas comemorativas, como Dia das Mães e Dia dos Namorados.

Muitos consumidores acabam deixando o planejamento financeiro de lado e aproveitam essa época de descontos para reabastecer gavetas e armários. No entanto, é possível aproveitar os preços mais baixos e, desde agora, cuidar da lista de presentes de Natal para a família e amigos, com um orçamento reduzido e sem acumular despesas em dezembro, quando normalmente surgem gastos extras.

Como explica Mariana Banja, planejadora financeira, as vantagens de se organizar com alguma antecedência são, principalmente, ter mais tempo para acumular o valor todo da despesa e escolher itens com preços melhores.

Organização financeira

Um dos primeiros alertas de Mariana é quanto a forma de enquadrar despesas como as compras de Natal, classificadas como sazonais. São gastos que não acontecem todos os meses e que, por isso mesmo, tendem a ser esquecidos na hora de administrar as finanças.

“Uma boa forma de visualizá-los é pensando: o que eu sei que quero/preciso pagar/viver esse ano? Pronto, começamos a listar as despesas sazonais. Por exemplo, as compras de Natal, pagamento de impostos no começo do ano, check-up médicos, datas comemorativas, viagem de férias, atualização de guarda-roupa”, exemplifica.

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Oferta e procura ditam preço

Daiane Hausen, psicóloga, mestre em gerontologia biomédica e com formação de neuroeconomia e finanças comportamentais, lembra que o comércio de forma geral aplica a regra da oferta e procura, o que se acentua na época das compras de fim de ano. Quanto maior a procura de alguns itens, mais eles passam a aumentar o preço, uma vez que o produto passa a ficar escasso no mercado. Por isso, a especialista sugere que se leve em consideração três orientações ao se antecipar nas compras:

• Preços melhores: ao comprar com antecedência, você pode aproveitar promoções que acontecem fora da alta temporada natalina. É possível ainda usar rastreadores de valores para comprar nos melhores preços.
• Escolha mais ampla: os estoques tendem a estar mais completos, o que dá uma variedade maior de opções. Quem nunca entrou em uma loja na véspera do Natal e deu de cara com as prateleiras desabastecidas, modelos sem opção de cor ou no tamanho desejado?
• Menos estresse: evite a correria das compras de última hora e aglomerações de dezembro.

“Suponha que você queira comprar um brinquedo específico para um sobrinho. Em setembro, esse brinquedo pode estar em promoção por R$ 80. Já em dezembro, por causa da alta demanda, ele pode estar custando R$ 120. Comprando antecipadamente, você economiza R$ 40”, demonstra a educadora financeira da Me Poupe!.

Entre outras vantagens pontuadas por Mariana estão a possibilidade de ter mais tempo para acumular o valor total da despesa. “Com isso, quem sabe o consumidor pode efetuar a transação à vista, o que em quase 100% dos casos gera desconto, além de escolher itens com preços melhores”, explica.

Mariana lembra ainda que, até o Natal, é possível acompanhar promoções nos mais variados segmentos do comércio e serviços. “É o caso da agenda da Black Friday, que deixou de ser um dia e uma semana para se tornar praticamente um mês todo de oferta”.

Olho no 13º

O planejamento para as compras, com a antecipação dos gastos, segundo Hellen Kato, especialista de Metas e Matemática Financeira, também da Me Poupe!, permite ao consumidor ter uma visão mais clara de suas despesas. “Com isso, ao receber o 13º, será possível dispor de uma sobra de caixa maior para investir ou usar de forma estratégica. Andar na frente do dinheiro é sempre melhor que correr atrás dele. O 13º será melhor utilizado se for destinado a garantir o seu presente ou investir no futuro, não pagar contas do passado”, indica.

A especialista completa ao lembrar que não se pode contar com um dinheiro que ainda não existe no nosso caixa. Comportamento antecipatório – quando se compra algo contando com o valor futuro para quitar a dívida – não costuma dar certo. O raciocínio deve ser o inverso, com o planejamento feito a partir do orçamento atual.

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Disciplina

O que fazer depois das compras feitas e com uma sobra de caixa com a chegada do 13º? Gustavo Sá Fortes, especialista em macroeconomia e renda fixa da Me Poupe!, é categórico. “Não confie em você, mande logo o dinheiro para a conta de investimentos antes que você possa se auto-sabotar gastando e estragar o que foi planejado”, afirma.

Com a sobra do 13º, possível com a antecipação das compras de Natal, é possível seguir algumas estratégias. O dinheiro, segundo Mariana, pode complementar a reserva de emergência (valor acumulado referente a 3 a 6 meses de custo de vida dela). Outra possibilidade é usar o dinheiro extra para provisionar gastos de começo de ano. “Ou mesmo aproveitar o valor para avançar com os investimentos, reforçando suas camadas da carteira”, sugere a educadora financeira.

7 dicas para gastar menos nas compras de Natal

1. Defina o valor a ser desembolsado antes de iniciar as compras.
2. Faça uma lista com nome e as ideias de presentes para evitar despesas não programadas.
3. Com o planejamento das despesas e o orçamento definido para os presentes, calcule quanto será comprometido da renda mensal.
4. Use apps de monitoramento de preço para saber o melhor momento de comprar.
5. Antes de pagar uma compra online, pesquise por cupons de desconto nos sites das lojas e nas redes sociais.
6. Certifique-se de que o produto escolhido está de fato com desconto. Para isso, compare com o valor cobrado em outras lojas, mesmo que seja de um item simular.
7. Para atingir o objetivo de ter uma parte ou todo o 13º disponível para investir, não conte com esse dinheiro extra na hora de fazer o encontro de contas entre despesas natalinas e receita.

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