Mercado

7 fatos que resumem a penúltima semana de setembro

Mudanças climáticas e política monetária deram o tom da semana

Cédula de dollar dentro de um carrinho de mercado
No mundo inteiro, a semana foi de decisão de juros básicos. Foto: adobe Stock

A semana foi delas: as autoridades monetárias. Alguns dos principais bancos centrais do mundo inteiro fizeram suas reuniões entre a última segunda-feira, 18/09, e sexta-feira, 22/09, para definir as taxas básicas de juros dos seus países. Por isso, agentes do mercado pelo mundo inteiro passaram a  semana na ponta dos pés – não pelas decisões em si, que atenderam ao que era esperado, mas pelo tons dos comunicados e das sinalizações dos dirigentes. 

Ao mesmo tempo, a pauta ecológica foi destaque nos discursos de muitos dos chefes de Estado que marcaram presença na Convenção da Organização das Nações Unidas (ONU) – inclusive o nosso. Relembre!

1. Copom derruba Selic (de novo)

A reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) desta quarta-feira, 20/09, do Banco Central do Brasil (BCB) decidiu baixar a taxa Selic em 0,50%, de 13,25% para 12,75% ao ano. É a segunda vez que o comitê opta por reduzir a taxa com uma queda em 0,50%. Antes disso, o juro básico passou quase um ano no nível dos 13,75%.

A decisão atendeu às expectativas da maior parte do mercado, que já previa um corte neste encontro. Na última edição da pesquisa Focus do Banco Central, o mercado financeiro manteve a projeção de que 2023 deve encerrar com uma Selic a 11,75%. 

Se tudo ocorrer conforme o BCB projetou, com a inflação se comportando e as expectativas se ancorando, a autoridade monetária deve seguir a toada de reduções de 0,50% a cada encontro – e alcançar, assim, a projeção do Focus.

Taxa Selic: entenda como ela afeta seu dinheiro

Mas a decisão não foi a notícia: e, sim, as mensagens que os nove diretores do BCB deixaram no comunicado que informou a nova Selic. O patamar dos juros terminais foi unânime, e os dirigentes destacaram sua preocupação com as metas fiscais estabelecidas pelo Governo Federal e o Ministério da Fazenda.

Com a nova baixa da Selic, o Brasil não é mais o líder global no ranking da Money/You de juros reais – aqueles que descontam a inflação e são alvos das críticas de políticos e empresários. Agora, a liderança é dos nossos primos latinos: o México lidera com 6,61%, depois o Brasil, com 6,40% e, em seguida, a Colômbia, com 5,10%.

2. Como investir com a Selic a 12,75%

Agora que a Selic caiu mais 0,50%, algumas coisas mudaram no mundo dos investimentos. A primeira delas é que a renda variável, num geral, ficou mais interessante já que os ativos deste tipo ficarão menos pressionados: tanto pelos endividamentos, que serão aliviados, quanto pelo consumo da população, que deve aumentar. 

Ao mesmo tempo, a renda fixa ainda conta com juros básicos de dois dígitos e ainda deve permanecer assim, ao menos, até metade do ano que vem. Então, muitos investidores podem pensar que acabou para a renda fixa e que agora é a vez da variável. Afinal, em seu comunicado, o BCB reiterou que o juro básico deve continuar caindo pelos próximos meses, o que tende a reduzir a rentabilidade dos ativos atrelados à Selic e ao CDI.

Mas não é o caso, segundo os especialistas ouvidos pelo Bora Investir. A lógica nunca é de renda fixa ou renda variável, mas de renda fixa e renda variável. O que vai mudar nos diferentes momentos da economia, neste caso, é a proporção de cada uma delas dentro das carteiras. 

Além disso, a taxa de juros interfere diretamente no rendimento de ativos atrelados a ela, como o Tesouro Selic. Em outros investimentos de renda fixa, ela tem influência indireta, como na poupança e nos investimentos atrelados ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário), como CDB; LCI, LCA e LC. Além disso, ela norteia aportes em Fundos de Investimento e títulos atrelados ao IPCA (índice de inflação oficial do país).

Na renda variável, a influência da Selic é menos imediata e mais ligada à especulação. Por exemplo, uma tendência de alta da Selic pode incentivar investidores mais conservadores a tirar dinheiro da bolsa e aplicar em títulos públicos, atraídos pelos juros mais altos e menor risco. Já possíveis cortes na taxa Selic podem estimular investidores de perfil moderado ou arrojado a investirem mais, por exemplo, em ações. Veja, aqui, onde investir!

3. Sopa de letrinhas monetárias: Fed, BoE e BoJ

Ao redor do mundo, os juros mudaram também, mas não como aqui. Comecemos pelos states, cuja reunião de política monetária foi no mesmo dia que a do Brasil. O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve (Fed), que é o banco central dos EUA, manteve a taxa dos Fed Funds (a Selic americana) no intervalo de 5,25% a 5,50% ao ano A decisão foi unânime e está em linha com as expectativas do mercado.

Já no Reino Unido, o Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) decidiu manter sua taxa básica de juros em 5,25%, após concluir reunião de política monetária na última quinta-feira, 21/09. Segundo a ata do BoE, cinco de seus dirigentes de política monetária votaram pela manutenção do juro básico. As demais quatro autoridades do BC inglês defenderam nova alta de 25 pontos-base da taxa, para 5,5%. A decisão foi descrita como “finamente equilibrada”.

Inflação controlada: como os Bancos Centrais definem a taxa de juros?

Do outro lado do mundo, o Banco do Japão (BoJ) manteve inalteradas as principais referências que balizam a política monetária no país, conforme decisão divulgada na sexta-feira, 22/09. O BC japonês manteve a taxa de curto prazo para depósitos em -0,1% e a meta do rendimento do título público local (JGB) de 10 anos em cerca de zero. O limite máximo dos rendimentos de 10 anos foi mantido em 1%, após o BoJ ter subido o teto de 0,5% para 1% em julho.

Devido às incertezas “extremamente elevadas” na economia global, a autoridade monetária japonesa reiterou que vai seguir “pacientemente” com sua política, ao mesmo tempo em que responderá “com agilidade” à evolução dos preços e das condições financeiras.

4. Lula na ONU

Na conferência anual das Nações Unidas, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, foi aplaudido sete vezes. É tradição que o representante brasileiro faça a abertura do evento, visto que o País foi o primeiro a aderir à união na época de sua formação, em 1945.

Ele iniciou seu discurso expressando seus sentimentos em relação às vítimas do atentado em Bagdá, em 2016, que incluiu o compatriota Sérgio Vieira de Mello, além das vítimas do terremoto no Marrocos e das tempestades na Líbia. Em seguida, ressaltou a importância de enfrentar desafios globais, especialmente a crise climática, que pode não só afetar a vida na terra como trazer prejuízos financeiros severos. 

O presidente destacou a disparidade de riqueza, apontando que os 10 maiores bilionários possuem mais do que os 40% mais pobres da população global e enfatizou a necessidade de erradicar a fome, promover a igualdade de gênero e a inclusão social.

Lula ressaltou os esforços do Brasil na transição para fontes de energia limpa e renovável, destacando a liderança do País nessa área. Além disso, o presidente também falou sobre a importância de reformar as instituições multilaterais para torná-las mais representativas e eficazes. Fora do palanque, o líder brasileiro anunciou, junto do presidente dos EUA, Joe Biden, a criação de um novo marco do trabalho voltado para os novos vínculos empregatícios, como os por aplicativo. 

5. Marco temporal é barrado no STF

O Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou, por nove votos a dois, a aplicação da tese do marco temporal para demarcação de terras indígenas na última quinta. Isso significa que a data da promulgação da Constituição Federal – em 5 de outubro de 1988 – não será utilizada como critério para determinar a ocupação tradicional das terras por comunidades indígenas. A decisão foi alcançada durante o julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 1017365, um caso que impactará outros 226 casos semelhantes atualmente suspensos, os quais aguardavam esta definição.

O julgamento, que teve início em agosto de 2021, representa um dos marcos mais significativos na história do STF. Estendeu-se por 11 sessões, sendo que duas delas foram dedicadas, exclusivamente, à análise de 38 manifestações das partes envolvidas no processo, terceiros interessados, ao advogado-geral da União e ao procurador-geral da República.

Durante a sessão, representantes de povos indígenas estiveram presentes no Plenário do STF e também em uma tenda montada no estacionamento ao lado do Tribunal. Após o voto do ministro Luiz Fux, que se posicionou contra a tese do marco temporal, houve celebração com cânticos e danças tradicionais dos povos presentes.

6. El Niño faz um Brasil entrar em ebulição

Se alguém ainda tinha dúvida da existência do aquecimento global, 2023 veio comprovar que, sim, o clima está mudando – e para pior. Após a tragédia dos ventos no estado do Rio Grande do Sul, que já fez, ao menos, 49 mortos, o Brasil inteiro enfrentou uma onda de calor sem precedentes, tornando este inverno um dos mais quentes da nossa história.

E a tendência é piorar: a primavera, que começa neste sábado, promete quebrar recordes de temperatura e ser acompanhada por um El Niño muito mais agressivo que a média.

Em poucas palavras, o fenômeno climático é uma alteração na intensidade e na direção dos ventos do mar. Isso traz uma significativa mudança na distribuição da temperatura da água do Oceano Pacífico. Com o mar mais quente nos litorais, as chuvas ficam mais frequentes e intensas, e a temperatura média sobe. 

7. Finanças: economizar é bom, mas nem tanto

E se você acha que guardar dinheiro sempre é bom, o Bora Investir tem boas notícias: às vezes é bom, sim, curtir os prazeres que a grana pode oferecer. Mas não vá achar que estamos te estimulando a torrar tudo, hein?

Nesta matéria, te mostramos como o autoconhecimento pode tornar a sua relação com o dinheiro melhor, além de fazer seus gastos serem mais eficazes e, no limite, mais felizes. 

Mas, se o foco é economizar mesmo, te mostramos como economizar com combustível. Até porque, no orçamento mensal, esse é um compromisso fixo e muitas vezes obrigatório.


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