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Relembre a semana em 7 fatos ou frases que marcaram o mercado financeiro

De PIB da China acima do esperado a arcabouço fiscal entregue ao Congresso. Semana teve ainda governo enrolado com impostos de compras internacionais e pacote para o crédito.

Congresso. Foto: Roque de Sá/Agência Brasil
O novo arcabouço fiscal tem no aumento da arrecadação do governo um dos principais pilares para sua viabilização. Foto: Roque de Sá/Agência Brasil

A semana curta foi de fortes emoções para a economia global com o crescimento de 4,5% no 1º trimestre do PIB da China – acima do esperado pelo mercado, mas aquém das previsões do governo chinês. Se pelo lado da economia a China se recuperou do baque da Covid, por outro deve perder espaço populacional para a Índia, segundo a ONU.

No Brasil, a última batalha da ‘guerra das blusinhas’ terminou com o governo rendido. O ministro Haddad confirmou que não pretende mais acabar com a norma que isenta transações internacionais avaliadas em até US$ 50 e feitas entre pessoas físicas. Um acordo de paz foi selado com a varejista ‘Shein’ que disse planeja nacionalizar 85% das vendas em até quatro anos. 

O arcabouço fiscal foi entregue ao Congresso e já tem relator. O deputado Cláudio Cajado (PP-BA) assumiu as ‘pick-ups’ com a promessa do presidente da Câmara, Arthur Lira, de que o projeto será votado até 10 de maio. Ainda no campo minado de Brasília, Campos Neto do BC falou do impacto do crédito direcionado nos juros e o governo lançou um pacote para destravar o acesso ao crédito, reduzir as taxas de juros e estimular investimentos no país

Nas finanças, tivemos dicas para investir na renda fixa e variável, além de como declarar a caderneta de poupança no Imposto de Renda. Relembre, a seguir, os principais fatos e frases que marcaram a semana.

1. “A DEMANDA DOMÉSTICA INSUFICIENTE FAZ COM QUE A BASE PARA A RECUPERAÇÃO ECONÔMICA AINDA NÃO SEJA SÓLIDA”. (Fu Linghui, porta-voz do Departamento Nacional de Estatísticas da China)

O crescimento de 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB) da China no 1º trimestre deste ano parece que só agradou o mercado e os grandes exportadores de produtos para a segunda maior economia do país. A declaração do porta-voz das estatísticas chinesas mostrou que o governo de Xi Jinping quer mais crescimento, já que o país espera avançar 5% em 2023.

A melhora do resultado chinês foi puxada pelas vendas do varejo que dispararam 10,6% em março, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, o que impulsionou o PIB. O resultado veio bem acima dos 7,9% previsto pelos analistas.

Se pelo lado do PIB a segunda maior economia do mundo é imbatível, nesta semana a Organização das Nações Unidas (ONU) publicou um estudo no qual aponta que a Índia vai ultrapassar a China como o país mais populoso do mundo na metade do ano. Segundo o UNFPA (sigla em inglês para Fundo de População das Nações Unidas), o número de indianos pode chegar a 1.429 bilhão, contra 1.426 bilhão de chineses. A diferença será de quase 3 milhões de pessoas.

Em uma reportagem de essencial leitura, a equipe da Bloomberg mostrou que a Índia precisa mais do que população para superar PIB da China. Dentre os principais pontos de atenção estão urbanização, infraestrutura, qualificação e ampliação de sua força de trabalho e expansão da manufatura.

2. GOVERNO FICOU ‘SHEIN’ SAÍDA

O trocadilho infame caiu como uma luva para o ‘barata voa’ da semana no governo. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou que não pretende mais acabar com a regra que isenta transações internacionais avaliadas em até US$ 50 e feitas entre pessoas físicas. A intenção de taxar esse comércio tinha sido anunciada pela equipe econômica e pela Receita Federal, na semana passada.

Segundo Haddad, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu o recuo, após forte reação contrária à medida. O B3 Bora Investir mostrou no resumo da semana passada que até a primeira-dama, Janja Lula da Silva, precisou ir às redes sociais tentar abafar a repercussão negativa

O economista do Insper, Pedro Menezes, fez o melhor resumo sobre esse imbróglio que tragou a equipe econômica do governo para um desgaste de comunicação desnecessário. Em publicação no Twitter, o especialista resumiu: “A política econômica e a estratégia de comunicação do governo se submeteram à gestão de imagem da primeira-dama. (…) Não me lembro de um caso minimamente parecido envolvendo outra primeira dama. Isso não é normal”.

A semana terminou com o ministro Haddad dizendo que a plataforma de varejo Shein pretende nacionalizar 85% das vendas em até quatro anos. “Os produtos serão feitos no Brasil”. A plataforma ainda se comprometeu a aderir ao plano de conformidade da Receita Federal. “Se a regra valer pra todo mundo, eles absorverão os custos dessa conformidade, não repassarão.”

3. GOVERNO ENTREGA NOVO ARCABOUÇO FISCAL AO CONGRESSO

Depois de semanas de ajustes e discussões, o governo federal entregou ao Congresso Nacional o projeto de lei complementar do novo arcabouço fiscal que, se aprovado, vai substituir o teto de gastos. Segundo o Ministro da Fazenda, a nova âncora fiscal vai permitir que o país cresça com sustentabilidade fiscal e social.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), escolheu o deputado Cláudio Cajado (PP-BA), do seu partido, como relator da proposta na Câmara. Lira afirmou que o texto deve ser votado na Casa até 10 de maio. A aprovação das novas regras fiscais são essenciais para as contas do governo. Em 2024, por exemplo, R$ 172 bilhões de despesas estão condicionadas à aprovação no novo arcabouço, segundo o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO).

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4. “É UMA BATERIA DE MEDIDAS DE FOMENTAR CRÉDITO E INVESTIMENTO, DANDO MAIS SEGURANÇA JURÍDICA E FINANCEIRA” (Rogério Ceron, secretário do Tesouro Nacional)

Em meio à oferta de crédito escassa e problemas financeiros graves que afetam diversas famílias e empresas brasileiras, o governo lançou um pacote de medidas para destravar o acesso ao crédito, reduzir as taxas de juros e estimular investimentos no país

As ações foram divididas em três eixos: crédito bancário, mercado de capitais e seguros. Dentre os principais destaques estão:

  • a regulamentação da Lei do Superendividamento – para aumentar o valor mínimo que deve ser preservado para o consumidor na negociação de dívidas, de R$ 303 para R$ 600;
  • a possibilidade do Tesouro Nacional dar garantias em operações de crédito para viabilizar Parcerias Público-Privadas (PPPs) nos estados e municípios. 

Segundo reportagem do jornal ‘O Globo’, com as medidas anunciadas nesta semana, o governo federal pretende destravar 157 projetos de parcerias público-privadas (PPPs) nos estados e municípios. Destes, 27 são em saneamento e 10 são de educação.

5. A CRISE NO CRÉDITO E O IMPACTO NOS JUROS

Em uma entrevista especial nesta semana, o B3 Bora Investir conversou com a Vivian Lee, sócia, co-CIO e gestora da estratégia de crédito da Ibiuna Investimentos. Para a especialista, a crise de crédito no país deve se intensificar

Segundo o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, entre os problemas que geram juros altos no país, está o alto volume do chamado crédito direcionado, linhas de empréstimos com taxas menores por conta de subsídios. Para explicar a relação, Campos Neto usou uma metáfora inusitada.

“No crédito direcionado, a gente pode fazer a análise do cinema que vende a meia-entrada. Se eu vendo muita meia-entrada e quero ter o mesmo lucro, a entrada inteira eu tenho que subir o preço. O crédito funciona um pouco assim”.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, não gostou da fala do presidente do BC e rebateu dizendo que essa lógica só beneficia parte da população que já está ganhando. “Facilitar acesso à casa própria é um problema pra ele, que só pensa no lucro dos rentistas”, disse.

6. O MERCADO FRACIONADO E O TESTE DA RENDA FIXA

Duas reportagens do B3 Bora Investir ajudaram os brasileiros a investir melhor na renda variável e fixa. Na primeira falamos sobre mercado fracionário – uma das iniciativas da B3, a Bolsa de Valores do Brasil, para facilitar o acesso ao mercado de capitais. Na segunda, selecionamos as cinco perguntas essenciais que todo investidor deve responder antes de iniciar uma nova posição em renda fixa.

No mercado fracionado, é possível comprar ações de empresas de maneira unitária em vez dos lotes oferecidos pelo mercado à vista. O processo é feito pelo home broker, da mesma fora que a compra de um lote. 

Já na renda fixa, mostramos a maior conscientização dos brasileiros de que é necessário proteger patrimônio e assegurar investimentos. Ainda mais quando os juros referenciais – que é a rentabilidade desse tipo de aplicação – estão próximos da taxa básica de juros do Brasil, a Selic, que está em 13,75%.

7. IR: POUPANÇA E APOSENTADORIA

As dicas para declarar tudo direitinho no Imposto de Renda, não poderiam ficar de fora do nosso resumo da semana. Desta vez o B3 Bora Investir explicou como deve ser feita a declaração dos valores que estão na caderneta de poupança.  

A poupança, assim como outras aplicações de renda fixa, é isenta de pagamento de Imposto de Renda tanto sobre o montante aplicado quanto sobre seus rendimentos. No entanto, é necessário declarar quando o valor aplicado exceder R$ 140.

Outras dicas foram para as pessoas aposentadas que precisam declarar seus impostos. Está obrigado a declarar a aposentadoria no IRPF 2023 todo beneficiário que recebeu mais de R$ 24.403,11 por ano ou R$ 1.903,98 por mês.

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