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Relembre a terceira semana de maio no mercado financeiro em 7 frases ou fatos

Nova política de preços da Petrobras, números da economia no 1º trimestre e aprovação da urgência para levar a votação da nova âncora fiscal direto ao plenário da Câmara foram os destaques do período

Bomba abastece carro em posto. de combustível
Combustíveis têm bastante peso na inflação. Foto: José Cruz/Agência Brasil

Abrasileirar: “dar ou adquirir caráter brasileiro; adequar-se ao temperamento, modo de ser ou costumes brasileiros”. Na pesquisa no Google esse é o primeiro resultado que aparece. Mas basta clicar na aba notícias que a busca logo te leva para informações sobre a nova política de preços dos combustíveis da Petrobras

Explico: em menos de seis meses no comando da estatal, Jean Paul Prates conseguiu ‘abrasileirar’ os preços e acabar com a política de paridade internacional. A mudança traz ganhos para a inflação e o bolso dos brasileiros. Contudo, os analistas dizem que ainda não há clareza sobre como os preços serão formados, muito menos quem vai pagar a conta caso haja mudanças no valor do petróleo.

Ainda no cenário doméstico, os números da economia no primeiro trimestre voltaram a surpreender. Espanto maior só mesmo a rapidez com que os congressistas aprovaram a urgência para levar a votação da nova âncora fiscal direto ao plenário da Câmara. Previsão: votar a matéria na próxima quarta-feira, 24/05. Realidade: 40 emendas podem empacar a aprovação a toque de caixa. 

A semana teve ainda mais uma crise no varejo, com a decisão da Marisa de fechar 91 lojas para colocar as contas no lugar. Outro fato que atraiu atenção no período foi a continuação do embate entre Biden e o Congresso americano para evitar um calote histórico. Por fim, foi anunciado um pacote para a melhorar a economia da Argentina, com avanço dos juros para 97%, diante de uma inflação acima de 100%. 

Relembre, a seguir, os principais fatos e frases que marcaram a semana:

1) “NÃO HÁ ABSOLUTAMENTE NENHUMA INTERVENÇÃO”. 

(Jean Paul Prates, presidente da Petrobras)

A nova política de preços dos combustíveis anunciada pela Petrobras foi o principal assunto da semana que passou. As constantes justificativas do presidente da estatal, Jean Paul Prates, para negar que a nova estratégia da companhia seja uma interferência do governo ficou mais evidente que as mudanças no cálculo dos preços, que veio truncada. 

Pelas novas regras, dois novos elementos irão definir o valor da gasolina e do óleo diesel. O primeiro serão os custos internos de produção, o que inclui gastos com logística e refino: a ideia é regionalizar os preços. O segundo será o “custo alternativo do cliente”, que levará em consideração os valores praticados pela concorrência.

Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a nova política de preços vai promover efeitos positivos, como a redução do nível de preços ao consumidor. A inflação, que tem os combustíveis como alguns dos itens de maior pressão, está em 4,18% ao ano. A expectativa do mercado é de aumento da taxa no segundo semestre.

A nova estratégia comercial substitui a política de paridade de importação (PPI), em vigor desde 2016 e que acompanhava os preços do petróleo e combustíveis derivados no mercado internacional, ou seja, em dólar.

2) “ACHO QUE PODEMOS APROVAR RAPIDAMENTE A ANCORAGEM FISCAL” 

(Geraldo Alckmin, vice-presidente do Brasil)

Esse é o desejo do governo e parece que da maioria dos parlamentares. Na semana que passou, a Câmara dos Deputados aprovou o pedido de urgência para o projeto que institui o novo arcabouço fiscal. Com a medida, o texto da nova âncora fiscal pode ser votado diretamente no plenário. 

“A aprovação mostra confiança na proposta, que vai levar a uma redução da dívida sobre o PIB, estabelece metas de superávit primário e de controle de gastos de maneira inteligente, com teto e piso”, disse Alckmin.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o novo arcabouço fiscal está sendo construído de forma a “despolarizar” o país. Para o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a nova âncora pode ajudar na missão de melhorar as expectativas de queda da inflação. 

Na terça-feira, o relator do arcabouço fiscal na Câmara, deputado Cláudio Cajado (PP-BA), apresentou as mudanças que fez no texto. Dentre os principais pontos está a inclusão de gatilhos e sanções para o caso de não cumprimento das metas fiscais

O relator, assim como o governo, acredita que a proposta será votada na próxima quarta-feira, 24/05. No entanto, segundo a jornalista Miriam Leitão, o texto já tinha 40 emendas no sistema da Câmara. Como elas também precisam ser votadas durante a apreciação da matéria, pode haver atrasos.

3) ECONOMIA ACELERA NO 1º TRIMESTRE, MAS DESEMPREGO SOBE

Os números da economia brasileira surpreenderam o mercado e os analistas. No fim da semana, o índice de Atividade Econômica (IBC-BR) considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB) e medido pelo Banco Central, mostrou forte avanço de 2,41%. O bom resultado se soma aos números dos setores que também foram positivos. 

As vendas do comércio varejista avançaram 2,4% no 1º trimestre, em relação ao mesmo período do ano passado. Os números foram positivos no setor que mais emprega no país: os serviços cresceram 5,8% nos três primeiros meses do ano. Só a indústria ficou no negativo, com queda de acumulada no ano de 0,4%.

Na contramão desses números vieram os do desemprego. O IBGE detalhou nesta semana o resultado da taxa de desocupação, que avançou de 7,9% no 4º trimestre de 2022 para 8,8% no 1º trimestre de 2023. Os estados com as maiores taxas de desocupação foram Bahia (14,4%), Pernambuco (14,1%) e Amapá (12,2%).

Em relação às cinco regiões do país, todas tiveram aumento no desemprego no primeiro trimestre. No entanto, o Nordeste (12,2%) e o Norte (9,1%) ficaram acima da média nacional.

4) CRISE NO VAREJO E OS DESDOBRAMENTOS DAS RECUPERAÇÕES JUDICIAIS

O cenário empresarial também ganhou destaque com o anúncio da Marisa (AMAR3) de que irá fechar 91 lojas em todo o país. A medida faz parte do plano de reestruturação da geração de caixa e rentabilidade da empresa. 

O problema na companhia reacendeu a discussão sobre a saúde das empresas varejistas. Nesta semana, inclusive, a Câmara dos Deputados instalou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os balanços financeiros das Lojas Americanas. O grupo está em recuperação judicial desde janeiro, quando declarou inconsistências fiscais de R$ 20 bilhões e uma dívida de R$ 43 bilhões.

Também em recuperação judicial, a Light (LIGT3) ganhou um novo sócio majoritário. A gestora WNT passou a deter o equivalente a 21,80% do capital social da companhia. Foi o segundo aumento de participação da WNT na empresa de energia carioca em menos de duas semanas. A WNT pertence ao empresário Nelson Tanure.

Já a Saraiva, que está em recuperação judicial desde 2018, sofreu mais um revés com a forte queda de 76% no faturamento bruto de seu e-commerce no 1º trimestre. O prejuízo líquido ajustado foi de R$ 17,820 milhões, 16,9% menor em relação aos primeiros três meses do ano passado. Segundo reportagem do jornal O Globo, as vendas virtuais da livraria ficaram abaixo de R$ 3 mil por dia.

5) “VAMOS NOS UNIR PORQUE NÃO HÁ ALTERNATIVA”

(Joe Biden, presidente dos Estados Unidos)

No cenário internacional, a terceira semana de maio foi marcada pelas tensões que envolvem a necessidade de um acordo para evitar um calote histórico dos Estados Unidos. Desde o início do mês, o presidente dos EUA, Joe Biden, e da Câmara, Kevin McCarthy, negociam a elevação do teto da dívida americana.

O problema é que a oposição ao presidente Biden exige cortes de gastos como contrapartida para liberar mais dinheiro acima da arrecadação do país. Caso nenhum acordo seja feito até 1º de junho, o governo não terá dinheiro para pagar as suas contas.

Diante do impasse, o democrata e o republicano concordaram em negociar diretamente um acordo. A situação é tão complicada que Joe Biden declarou que interromperia sua viagem à Ásia para retornar a Washington neste domingo, enquanto as discussões continuam com as equipes encarregadas.

Uma reportagem da Bloomberg mostrou que por trás dos temores do mercado com a perspectiva de um default histórico dos Estados Unidos está o risco da economia americana não escapar ilesa. 

6) EM CRISE, ARGENTINA AUMENTA JUROS

Outro destaque veio dos nossos vizinhos argentinos. Nesta semana, o Banco Central do país elevou a taxa básica de juros do país para 97% ao ano. O aumento acontece em meio a escalada inflacionária que atingiu 108,8% em 12 meses, o nível mais alto desde 1991.

Os problemas econômicos levam a uma geração perdida da Argentina. A inflação empurra 6 em cada 10 crianças para baixo da linha de pobreza. Mesmo com acesso a programas de transferência de renda, as famílias lutam para comprar alimentos básicos.

7) IR 2023: É HORA DE ACERTAR AS CONTAS COM O LEÃO

Faltam menos de duas semanas para terminar o prazo de entrega do Imposto de Renda. Em 31 de maio os contribuintes vão ter até 23h59 para acertar as contas com o Leão. Enquanto o dia ‘D’ não chega, o B3 Bora Investir tira todas as suas dúvidas. 

Como declarar carros, motos e outros veículos no Imposto de Renda? A primeira coisa a fazer é separar todos os documentos do veículo e das suas transações financeiras, como recibos e comprovantes. Assim você vai ter certeza de que as informações estão corretas.

O contribuinte que já entregou a sua declaração e quer pagar o imposto devido pode optar por pagá-lo à vista ou parcelado. Na parcela única, o vencimento do pagamento será o último dia do prazo de entrega da declaração (31 de maio de 2023). Quem for dividir, pode optar por pagar em até oito parcelas mensais, desde que cada uma não seja menor que R$ 50. 

O contribuinte que teve a felicidade de conseguir uma restituição, mas não quer esperar pelo pagamento, pode pedir um empréstimo. Será que é a melhor opção? A educadora em finanças pessoais, Carol Stange, alerta que isso pode ser uma armadilha, pois muitos brasileiros se enrolam com a antecipação e acabam inadimplentes. 

Para saber ainda mais sobre investimentos educação financeira, não deixe de visitar o Hub de Educação da B3.