Renda variável

Como investir no exterior? Conheça as opções e o cenário para o ano

Em busca de diversificação, interesse dos investidores brasileiros por aplicações no exterior segue em alta

A busca por diversificação na hora de montar uma carteira de investimentos contrasta com o receio de muitos brasileiros de procurar oportunidades além das nossas fronteiras. Mesmo com as recentes instabilidades econômicas mundiais – juros em elevação e inflação escalando – os investimentos no exterior começam a ganhar ainda mais terreno. Quer saber como investir no exterior? Continue por aqui!

“O investimento no exterior é algo que existe há muitos anos, mas sempre foi utilizado para questões de blindagens patrimoniais e era bastante restrito a grandes fortunas. Nos últimos anos, houve mais abertura da possibilidade de investir fora do país. Eu diria que os participantes de mercado ofereceram uma democratização do acesso a demais players”, explica Bruno Carvalho, sócio e gestor da Galapagos Capital Internacional.

Uma pesquisa feita em novembro pela XP mostra o aumento do interesse dos clientes por investimentos internacionais. Enquanto a renda fixa e seus fundos ficaram com a primeira e a segunda colocação – respectivamente, os investimentos fora do país estão na terceira posição na classe de ativos em que os clientes estão mais interessados.

“Esse interesse maior pode ser atribuído ao aumento da volatilidade no mercado brasileiro com maiores riscos fiscais e políticos no radar”, aponta o relatório da XP.

O documento, que afirma que a estratégia é vencedora, diz ainda que “apesar de um cenário ainda bastante desafiador globalmente, com riscos de recessão aumentando, continuamos a acreditar na importância estrutural de ter exposição ao mercado fora do Brasil”.

Democratização de investimentos

Para Bruno Carvalho, o papel da Bolsa do Brasil (B3) como pioneira – e depois a participação de gestores locais – foi fundamental para essa democratização do acesso a investimentos fora do país.

“A listagem de ações internacionais na B3 e a disponibilização de índices que existem fora do Brasil, foi um passo importante nessa possibilidade de acesso. Depois, ao longo do tempo, também teve uma maior participação dos gestores locais – tanto renda fixa, multimercado, ações – que passaram a buscar uma capacidade de diversificação das carteiras, com ativos internacionais, dentro dos portfólios”, afirma o sócio e gestor da Galapagos Capital Internacional.

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A diversificação dos tipos de investimentos disponíveis para os investidores foi outro fator positivo. Os maiores interesses, segundo os dados da pesquisa feita pela XP, são ações internacionais – os chamados BDRs (Brazilian Depositary Receipts) – e Exchange Traded Fund (ETFs) que são fundos que replicam índices das bolsas fora do país.

A seguir explicamos melhor sobre cada um deles e sobre as modalidades dos fundos de investimentos cambiais e multimercados.

BDRs

Os Brazilian Depositary Receipts, ou apenas BDR, são títulos negociados na bolsa brasileira que replicam o resultado das ações de companhias estrangeiras. Na prática, é a forma que o investidor tem para aplicar em papéis da Disney, Google, Amazon, Netflix, Coca-Cola, por exemplo.

A bolsa brasileira oferece hoje mais de 700 BDRs, ao acesso de qualquer pessoa, sem necessidade de abrir conta fora do país. A opção também é mais barata, pois evita o pagamento de taxas na compra e venda de moedas estrangeiras, como o IOF.

>> BDR: 5 pontos essenciais para entender antes de começar a investir

ETFs

A Bolsa do Brasil oferece também os ETFs que replicam os índices das bolsas estrangeiras. Hoje são mais de 40 listados na B3, a maioria investimentos em renda variável, mas há também opções de renda fixa.

Quem investe nesse tipo de ativo prefere ganhar na valorização geral do mercado e não apenas em uma única ação. Isso acontece porque com apenas uma transação, é possível investir em uma carteira diversificada de ativos estrangeiros. A taxa de administração dos ETFs costuma ser menor que dos fundos tradicionais.

>> ETF: tudo o que você precisa saber antes de investir

Fundos de Investimento

Os fundos de investimento também são uma maneira simples de investir fora do país sem enviar dinheiro para o exterior. Os principais são cambiais – que investem em moedas estrangeiras; e ações ou multimercados – que aplicam em ações de empresas estrangeiras ou outros ativos no exterior).

Os principais fundos cambiais aplicam em uma ou mais moedas – principalmente dólar e euro. O investidor que comprar uma cota em Real se expõem as oscilações das divisas que estão dentro daquele fundo.

Pela regra, 80% da carteira precisa estar ligada à moeda estrangeira e variação cambial. Os outros 20% são aplicados em títulos de renda fixa Já os fundos de ações ou multimercados investem em ações e outros títulos fora do país e precisam seguir a legislação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Os investidores comuns só podem aplicar em fundos que invistam até 20% do patrimônio no exterior – seja em ações, títulos de renda fixa, ETFs. Os outros 80% precisam ser aplicados em títulos de renda fixa do mercado local.

Investimento direto no exterior

O investidor brasileiro também pode abrir uma conta no exterior e aplicar através de corretoras no país estrangeiro. Outra opção, é abrir uma conta aqui mesmo no país, pelo aplicativo de diversas instituições financeiras, e investir daqui no exterior. Para abrir a conta em uma corretora nos Estados Unidos, por exemplo, o investidor precisa apresentar o passaporte, cópia de comprovante de endereço, RG ou carteira de motorista e declaração de imposto de renda. É preciso também encontrar uma companhia confiável para fazer a remessa de dinheiro para fora do país.

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Bruno Carvalho afirma que enviar recursos para o exterior e usar uma instituição lá para investir exige mais conhecimento e trabalho do investidor. No entanto, a pessoa terá acesso a inúmeras oportunidades do ponto de vista de prazos e setores para aplicar. O especialista explica ainda que os investimentos fora do país ajudam na blindagem patrimonial, ou seja, menos exposição ao risco país.

“O objetivo principal do investimento no exterior, sem dúvida, é a diversificação da moeda. Quando você investe só no Brasil, está exposto apenas ao Real. Já ao investir fora, você está buscando uma diversificação de moeda, busca estar exposto a uma moeda forte. Apesar dos mercados já estarem muito correlacionados, não necessariamente o que impacta o Brasil pega o resto do mundo e vice-versa”, conclui o sócio e gestor da Galapagos Capital Internacional.

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