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Por que as casas de análise discordam entre si?

A abordagem, a experiências e os dados disponíveis alteram as avaliações das empresas feitas por casas de análise

Desempenho de ações na bolsa de valores. Foto: Pixabay
Desempenho de ações na bolsa de valores. Foto: Pixabay

A análise de empresa é um dos fatores mais importantes na hora de escolher uma ação para se investir. Com um bom exame de passado, presente e futuro, é possível saber com mais clareza para onde o dinheiro está indo. Mas como avaliar companhias, seu desempenho e seus projetos é um trabalho difícil, a maioria dos investidores recorre às casas de análise.

São instituições formadas por economistas, contadores e administradores que se dedicam, principalmente, a fazer análises de empresas – o que se convencionou chamar de research (ou pesquisa, em português). E, aí, o trabalho deles é estudar as informações das firmas e dos seus setores para formular relatórios que serão distribuídos entre os clientes da casa. 

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Existem muitas delas. E o problema começa quando elas discordam entre si. Ora, se os dados da empresa são os mesmos, com o mesmo histórico e os mesmos planos, por que a casa X diz que a empresa está bem, enquanto a casa Y diz que está de mal a pior? Bora entender!

A discordância é a única unanimidade

As casas de research discordam entre si por vários motivos. O primeiro deles, segundo Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, é o perfil da instituição, que afeta, diretamente, a análise feita pelos seus funcionários.

Ele conta que existem duas categorias principais:

Casas de análise bottom-up

O primeiro gênero das researches é o bottom-up. A expressão inglesa significa “de baixo para cima”. Neste caso, o analista vai começar sua investigação a partir dos fundamentos da empresa. Depois, vai observar seu histórico e seus projetos. Só depois é que vai avaliar o mercado em que a empresa está inserida e os fatores macroeconômicos que entrarão na avaliação. Parte-se do micro para o macro.

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Casas de análise top-down

A outra classificação é a das casas top-down, que se traduziria para algo como “de cima para baixo”. É, basicamente, o contrário da anterior: o ponto de partida é o quadro geral e o cenário macroeconômico. Em seguida, olham os rumos e precedentes do setor para, por fim, avaliar a empresa em particular. Do macro para o micro, o que ilustra a preocupação das análises top-down com a macroeconomia, enquanto as bottom-up focam no valuation.

Qual a diferença entre os dois tipos?

Apesar de serem categorias separadas, os dois tipos de casa de análise não são conceitos antagônicos ou ferramentas incompatíveis. Na verdade, são abordagens distintas para uma mesma função: análise fundamentalista de empresas.

“Mesmo entre casas que têm a mesma filosofia podem discordar porque cada uma tem a sua estimativa, com base nos seus próprios parâmetros econômicos”, afirma Cruz. Ele exemplifica: “No próprio Focus, há uma amplitude bem grande entre as margens das projeções”.

Isso quer dizer que, além do ponto de partida para as considerações sobre uma companhia, também pesa o viés do analista, sua experiência e os dados com os quais está munido. “Também tem a própria percepção. Os analistas olham os documentos e os números da companhia, conversam com ela e entendem se vai ser possível, ou não, manter determinado nível de crescimento, por exemplo”, conclui.

E, aí? O que você achou da reportagem? Caso queira se aprofundar nos tipos de análises, acesse os cursos do Hub de Educação Financeira da B3.

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