7 fatos e frases da primeira semana de agosto que resumem a economia e o mercado
Queda da Selic no Brasil e da nota de crédito dos EUA impactaram a semana, que teve ainda dividendos da Petrobras, Tesouro educação, cultura pop e cuidados para renegociar dívidas
O alívio tomou conta dos brasileiros, governo e analistas após o anúncio do Banco Central de queda da taxa básica de juros.
O patamar da Selic, em 13,25%, ainda é alto para trazer alguma melhora de crédito ou consumo para a população. Entretanto, é um início de desaperto – já que mais baixas de 0,5 ponto percentual estão contratadas até o fim do ano.
Nos Estados Unidos, o noticiário não foi nada bom. O Fitch reduziu a nota de crédito do país, diante da crescente dívida do governo. O mercado amargou perdas e o dólar escalou forte frente as moedas de países emergentes.
No cenário financeiro, a Petrobras anunciou o pagamento de dividendos em 2023 – bem abaixo do ano passado – resultado da sua nova política de distribuição dos lucros e do balanço ruim no 2º trimestre.
Nas finanças, o Tesouro em parceria com a B3 lançou um título que vai ajudar os pais a pagarem os estudos dos filhos. Falamos também do impacto da cultura pop no mercado, o reajuste dos streamings e os cuidados ao renegociar as dívidas.
Relembre, a seguir, os principais fatos e frases que marcaram a semana:
1) SELIC CAIU 0,5 P.P. PARA 13,25% A.A: “O PAÍS ACORDOU MAIS ALIVIADO”, Fernando Haddad, ministro da Fazenda
A primeira semana de agosto foi marcada pelo início da flexibilização monetária, promovida pelo primeiro corte na taxa básica de juros em três anos. A medida foi comemorada pelo governo e era muito esperada pelo mercado.
O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, reduziu a Selic em 0,5 ponto percentual, para 13,25% ao ano. Pesou para a decisão, a melhora do quadro inflacionário, aliada à queda das expectativas para prazos mais longos.
Apesar do resultado não ter sido unânime, foi importante observar que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, seguiu os votos dos dois indicados do governo, Gabriel Galípolo e Ailton de Aquino.
Em artigo publicado, a premiada revista britânica ‘The Economist’ ressaltou o sentimento mais otimista de investidores internacionais com o país. A reportagem classificou Fernando Haddad, como um “eficiente ministro da Fazenda”.
A Selic influencia as taxas de juros do país – como as cobradas em empréstimos, financiamentos e o retorno de algumas aplicações financeiras. Portanto, sua redução tem um impacto forte no médio e longo prazo na vida dos brasileiros.
O B3 Bora Investir mostrou em diversas reportagens os principais impactos de uma Selic que começou a baixar.
2) FICTH REBAIXA NOTA DE CRÉDITO DOS EUA: AAA PARA AA+
No cenário internacional, o destaque foi o rebaixamento pela Fitch da nota de crédito dos Estados Unidos de AAA para AA+, com perspectiva estável.
A piora reflete a deterioração fiscal do país esperada para os próximos três anos, assim como a crescente dívida do governo geral. O mercado financeiro não gostou e registrou pregões em queda durante a semana.
A decisão foi criticada pelo governo americano. A secretária do Tesouro, Janet Yellen, disse que a atividade econômica dos EUA teve uma rápida recuperação desde a saída da pandemia, permanecendo forte e resiliente.
A Fitch se juntou à S&P Global ao retirar os três “As” da maior economia do mundo, que ainda tem a melhor classificação de risco pela Moody´s. Para os analistas, o rebaixamento pode pesar no sentimento por risco no curto prazo, mas não deve ter efeitos duradouros ou muito profundos sobre o mercado de Treasuries (dívida) do governo americano.
Na semana passada, a Fitch melhorou a nota do Brasil (que ainda segue no grau especulativo). Enquanto o governo dos EUA tem problemas com a governança fiscal, o brasileiro tem se esforçado em garantir seus compromissos financeiros e apresentado bons resultados fiscais.
Já o ponto em comum, neste momento, em relação a economia dos dois países é a desaceleração dos serviços. O índice que mede como está o setor, o chamado PMI, atingiu patamar mais baixo em cinco meses no Brasil. Nos EUA, os serviços estão em acomodação.
3) PETROBRAS VAI PAGAR R$ 14,9 BI EM DIVIDENDOS, MESMO COM QUEDA NO LUCRO
Na semana que passou, a Petrobras anunciou o pagamento de R$ 14,9 bilhões aos acionistas, mesmo após a estatal registrar queda de 47% no lucro líquido do 2º trimestre, em relação ao do ano anterior.
O valor é 39% inferior aos R$ 87,8 bilhões pagos no mesmo período de 2022 e reflete a nova política de dividendos da estatal, também anunciada na semana passada.
Pelo lado do balanço da companhia, a queda no lucro foi puxada pela desvalorização do petróleo tipo Brent, queda de 40% nos ‘crack spreads’ internacionais do diesel e maiores despesas operacionais.
A Petrobras também esteve no foco do mercado nesta semana por outros dois fatores:
1º) As declarações do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, de que a estatal deve reajustar os preços dos combustíveis no país em caso de oscilação para cima no mercado externo; e
2º) O novo recorde mensal na produção de petróleo e gás natural. Em junho, o país produziu um total de 4,324 milhões de barris de óleo equivalente por dia, segundo a ANP. O valor superou o recorde anterior, de fevereiro de 2023.
A temporada de balanços do 2º trimestre continua nas próximas semanas. O B3 Bora Investir fez um calendário com os principais. E discutimos também quanto custa para fazer um IPO na bolsa e como as empresas se preparam.
4) TESOURO LANÇA TÍTULO VOLTADO À EDUCAÇÃO DOS MAIS JOVENS
A semana também foi marcada pelo lançamento na B3 do Tesouro Educa+, da Secretaria do Tesouro Nacional em parceria com a bolsa.
O novo título do Tesouro Direto é um auxílio para os brasileiros conquistarem uma renda complementar para custear estudos, tanto do ensino superior quanto médio, especialização ou cursinho pré-vestibular.
O Tesouro também disponibilizou um simulador que permite fazer essa e outras contas para o investidor escolher o melhor título para garantir os estudos dos filhos.
5) O QUE A CULTURA POP E O MERCADO TEM EM COMUM?
Essa foi a pergunta respondida por esta reportagem do B3 Bora Investir. Três personagens femininas estão entre os maiores destaques do ano econômico.
1. Beyoncé – que elevou a inflação na Suécia ao realizar no país um show da sua primeira turnê solo em sete anos;
2. Taylor Swift – a cantora deu um gás na economia americana com a sua turnê “The Eras Tour”, segundo o Federal Reserve, o banco central americano.
3. Barbie – o filme da Mattel, que já bateu mais de US$ 700 milhões (R$ 3,3 bilhões) em bilheteria no mundo inteiro, fez as ações da companhia se valorizarem em 19,54% no ano.
Dos palcos e do cinema para as telinhas e caixas de som da nossa casa, desde o fim do ano passado, diversas mensalidades dos serviços de streaming de áudio e vídeo foram reajustadas no país. Essas assinaturas, encaradas como despesas pequenas dentro do orçamento, podem prejudicar o bom andamento das contas: são os chamados gastos silenciosos.
“Recomendo colocar os streamings no planejamento financeiro, ou seja, na ponta do lápis, e observar se não afetam outra conta a pagar ou um investimento que você quer fazer”, afirma a educadora financeira, Simone Sgarbi.
6) CUIDADOS PARA RENEGOCIAR AS DÍVIDAS E A RESTITUIÇÃO DO IR
Os programas de renegociação de dívidas estão em alta nesse momento do país em que 78 de 100 famílias estão endividadas.
Os dois principais hoje são o Desenrola, que na sua primeira fase ajuda a renegociar dívidas bancárias. E o Renegocia!, que permite renegociar débitos com companhias de luz, água, gás, telefone, além do varejo.
Não há dúvidas de que ambos os programas são uma chance para pagar menos pelas dívidas e limpar o nome. No entanto, é preciso cuidados ao participar para que a oportunidade não seja desperdiçada.
O B3 Bora Investir fez uma lista dos 5 cuidados antes de renegociar suas dívidas.
Para a educadora financeira, Dina Prates, o consumo desenfreado, falta de conhecimento sobre si e disponibilidade ampla de crédito impedem a organização financeira e leva à inadimplência.
Aos brasileiros que aguardam a restituição do Imposto de Renda para limpar o nome, mas ainda não receberam o valor, é preciso lembrar que o pagamento é feito em lotes. O último, segundo o calendário da Receita Federal, será no dia 29 de setembro.
7) FINANÇAS PESSOAIS: COMO INVESTIR EM AGRO E BDR
O agronegócio foi responsável pela disparada do Produto Interno Bruto brasileiro no primeiro trimestre e, não à toa, tem crescido a curiosidade sobre como investir no setor por LCA (Letra de Crédito do Agronegócio), CRA (Certificado de Recebíveis do Agronegócio) e Fiagro (Fundo de Investimento em Cadeias Agroindustriais). Por isso, nesta semana publicamos esta sobre como investir no agronegócio, quais as opções e como começar.
Explicamos também como investir no exterior sem sair do país por meio dos Brazilian Depositary Receipts (BDRs), recibos de ações internacionais negociados como ativos na bolsa do Brasil. O Bora preparou uma lista com cinco dos principais pontos que o investidor deve se atentar antes de incluir BDRs em sua carteira.