De mala e cuia para os EUA: tudo o que você precisa saber para a mudança
Morar nos EUA é o sonho de muitos brasileiros, mas é preciso ter uma série de cuidados
Por Guilherme Naldis
Daniela Magrini e seu marido sempre sonharam em ver suas filhas estudando no Estados Unidos. Quando a empresa onde ele trabalha foi incorporada por uma gigante americana, a ambição ficou mais próxima e maior: a família toda poderia morar nos EUA. Os vinte primeiros anos como engenheiro na indústria química brasileira foram de projetos e realizações. Os dez anos seguintes à aquisição pela gringa foram de preparativos paulatinos para o American Dream.
Ela, que é engenheira de formação mas é funcionária pública há muito tempo, já perdeu as contas dos anos que está junto do esposo. Mas o relacionamento acumula, no mínimo, vinte anos, contando com o namoro. Até que, pouco antes da eclosão da pandemia de Covid-19, seu marido recebeu a proposta de mudar-se para a sede da companhia, nos EUA. As tratativas, entretanto, foram impedidas pela epidemia global, e o sonho teve de esperar.
“Paciência, né?”. Até que, após as primeiras doses da vacina e o início da reabertura econômica e sanitária, a oferta de morar nos EUA voltou à mesa. Quando a transferência foi acertada, uma grata surpresa: a imigração feita por intermédio de empresas americanas é mais fácil, visto que a companhia dá todo o suporte para a viagem e para a permanência no novo país.
Daniela conta que, em fevereiro de 2022, ela e a família se viram mudando para o Texas, no subúrbio da cidade de Houston. A distância que separa Houston, uma cidade lotada de brasileiros, da região metropolitana para onde a família se mudou é de cerca de 20km – semelhante à lonjura entre São Paulo e Osasco.
Os 30 anos de firma compensaram. “Quando se é expatriado pela empresa, ela dá toda ajuda e estrutura possível, da documentação do visto até a estadia”, explica. Um exemplo da disponibilidade ocorreu durante a transposição das coisas da família pelo Oceano Atlântico: ainda afetado pelos efeitos do novo coronavírus no trânsito marítimo, o carreto internacional atrasou em quatro meses.
Não foi problema! A companhia providenciou um apartamento para o casal e suas filhas, na região da escolha deles, próximo do trabalho presencial do engenheiro e do colégio escolhido para as crianças. “Quando a empresa te traz pra cá, ela faz tudo por você”, explica Magrini.
Ainda no apê emprestado, a família aguarda a entrega do seu imóvel próprio para se fixar de vez. Afinal, o visto de trabalho está vinculado à empresa. Se, por algum motivo, o pai for demitido, toda a família precisaria sair do país.
Acontece que eles se anteciparam e renovaram a permissão de permanência nos EUA, dado que a companhia também os auxilia na requisição do green card, o visto permanente de imigração, concedido pelas autoridades daquele país. Diferentemente dos outros tipos de vistos, o Green Card não restringe ou limita as ações de quem o possui, e dá todos os direitos que um cidadão americano tem. “Estamos no meio processo, que leva mais de dois anos”, conta a engenheira.
“Eu fui a última a me adaptar, já que sempre trabalhei no Brasil e precisei parar. Meu marido continuou no mesmo trabalho e as crianças só mudaram de escola, basicamente, já que sempre estudaram em colégios bilíngues. Eu falo inglês, mas não tinha prática. Ainda não me sinto segura para procurar um emprego por aqui”.
Para onde voam os brasileiros
A história de Daniela e de sua família não é rara. Ela faz parte da comunidade brasileira no exterior que, segundo o Itamaraty, é composta de 4,5 milhões de pessoas. A maior concentração de brasileiros na gringa fica na América do Norte, que concentra 45,19% dos brasileiros fora do Brasil.
Os EUA são os campeões: dos cerca de 2,1 milhões dos nossos conterrâneos no continente, 1,9 milhão estão nos Estados Unidos – 91,4% do total. Depois vem o Canadá, que abriga 133 mil brasileiros, ou 6,4%, e o México, com 455 mil, equivalente a 2,1% dos tupiniquins na América do Norte.
E o mercado de trabalho é a principal porta de entrada para o país mais rico do mundo. Existem várias delas, com categorias de visto correspondentes. Turismo, estudo, intercâmbio e até investimentos. Ao todo, são 187 tipos. Mas são os vistos EB-1, EB-2 e EB-3, os vinculados ao emprego, que mais levam brasileiros aos EUA.
Vários caminhos, mesmo destino
Dez anos atrás, Daniel Hernandez, de 48 anos, e sua esposa começaram a pensar em se mudar para os Estados Unidos. Estavam insatisfeitos com a política brasileira, assustados com os solavancos da economia e a agitação social do governo de Dilma Rousseff (2011 – 2016). Mas eles sabiam que o plano era distante e demorado, e por isso a ideia ficou em segundo plano.
Uma onda de instabilidade política afetou o País e, em 2019, o casal decidiu se preparar para mudar para os EUA de vez. Começaram juntando uma grana, afinal o processo é caro. Ele conta que seu filho de 15 anos está na fase da vida de escolher o que se quer para o futuro. Para o pai, tomar a decisão em outro país vai ser mais fácil.
“Ele tá na adolescência, né? Então, nada nunca tá bom. Não quer deixar os amigos, a escola… Mas no fundo, ele também está animado com a ideia”, conta o administrador de empresas, especializado em finanças. O casal, que está junto há 16 anos, também tem uma filha de dez anos de idade. Ela, sim, está animada com a ideia.
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“Já fomos pra Orlando várias vezes, mas não só nos parques. Temos muitos conhecidos na Flórida e conhecemos a região”, relata. No começo de 2023, a família iniciou o processo de imigração como a maioria das pessoas: com uma pesquisa na internet. Assistiram muitos vídeos no YouTube e procuraram bons escritórios de imigração que pudessem tomar conta da sua viagem e permanência no país.
Ao todo, o casal conversou com três advogados para saber como prosseguir. O primeiro passo foi descobrir qual tipo de visto é o mais adequado para o perfil do pretenso imigrante – no caso deles, era o EB2. “Dois deles disseram que não aceitariam nossa caso porque não eram especializados nesse tipo de visto. A que nos aceitou mostrou seus números com um histórico de 99% de aprovação”, conta o administrador. Levaram os documentos até a doutora, foram entrevistados por ela e, por fim, receberam o veredito: “Eu só pego casos que eu realmente acredito terem chances de passar. Vou ajudar vocês”.
Então, o processo começou, oficialmente em abril deste ano. O grande desafio é mostrar para os EUA como o imigrante em questão pode contribuir para o mercado de trabalho de lá. Entre muitas papeladas, Daniel conta que a parte mais demorada, até agora, foram as cartas de referência, que levaram mais de três meses para serem adquiridas.
Elas servem para comprovar os projetos, o impacto e o perfil do trabalhador que deseja entrar no país. “Eu era um dos caçulas da empresa, apesar de ter ficado 30 anos lá. E, aí, muitos dos meus superiores já tinham se aposentado. Alguns estranharam, porque realmente é estranho pedir documentos para o FBI”, disse, entre risos. Para conseguir seis recomendações, ele precisou procurar 15 pessoas.
Agora, o processo está encaminhado: a advogada vai enviar o processo para um especialista americano que pode, ou não, fazer uma carta de recomendação para o agente de imigração americano. O prazo é de cerca de 90 dias. “Estamos fazendo as malas para ir embora. Fechei as empresas que eu tinha, vendi meu restaurante e meu apartamento”, contou. A expectativa é que se mudem até o meio de 2024.
Quais os principais tipos de visto para brasileiros nos EUA?
Um dos caminhos mais comuns para obter a residência permanente nos EUA, na forma do Green Card, é por meio dos vistos de imigrante baseados em emprego (Employment-Based, ou EB, em ingês), como o EB-1, EB-2 e EB-3.
O tempo médio de solicitações junto ao governo americano pode variar consideravelmente, dependendo da categoria de visto que está sendo solicitada. Os custos associados às petições para vistos EB-1, EB-2 e EB-3 também podem variar ao longo do tempo e são influenciados por diversos fatores, incluindo a categoria específica do visto, a nacionalidade do requerente e as condições atuais do USCIS (Serviço de Cidadania e Imigração dos EUA).
Segundo o advogado especialista em imigração Miguel Negeliskii Risch, do escritório americano Risch Law Firm, as entrevistas para a obtenção de vistos têm o objetivo principal de prevenir fraudes e verificar a veracidade do histórico e das intenções do requerente. “A abordagem mais apropriada para responder a essas entrevistas é sempre ser sincero, falando a verdade”, recomenda.
Ao longo dos anos, a taxa de emissão de Green Cards só aumentou para brasileiros, como mostra o levantamento feito por Risch com números do Departamento de Estado dos EUA. Veja:
Ano | Número de Green Cards |
2010 – 2019 | 130.466 |
2020 | 16.571 |
2021 | 18.103 |
2022 | 23.596 |
Em 2022, os vistos do tipo EB representaram 30,3% de todas as concessões de green card aprovadas. Confira quantos foram emitidos no ano passado:
Categoria | Pedidos aceitos |
EB-1 | 1.181 |
EB-2 | 4.205 |
EB-3 | 1.786 |
Total | 7.172 |
Veja os passos gerais para conseguir seu visto de trabalho nos EUA:
- Determine sua elegibilidade:
- EB-1: Para pessoas com habilidades extraordinárias, gerentes ou executivos de empresas multinacionais, ou pesquisadores/professores renomados sendo convidados a trabalhar no país.
- EB-2: Para profissionais com grau avançado educacional em qualquer área profissional, ou para profissionais com habilidades excepcionais na área de artes, ciência ou negócios.
- EB-3: Para profissionais que possuam o interesse de uma empresa americana em contratá-los, sem necessariamente terem um estudo elevado ou uma habilidade excepcional.
- Obtenha uma oferta de emprego (para vistos EB3):
- Para o visto EB-3, você precisa de uma oferta de emprego nos EUA. Dependendo da categoria do EB-3, os requisitos variam
- Obtenha um Labor Certification (LC), emitido pelo Departamento de Trabalho dos EUA, que prove não há trabalhadores qualificados disponíveis nos EUA para preencher a vaga
- Apresente a Petição de Imigração ao USCIS
- Aguarde a aprovação, que pode levar vários meses.
- Existem casos que é permitido um pedido de agilidade, que leva 15 dias.
- Aguarde a data de prioridade, pois cada categoria de EB visa tem um limite anual de vistos disponíveis
- Faça a entrevista consular na embaixada ou consulado dos EUA mais próximo
Após a emissão do visto de imigrante, você pode entrar nos EUA e receber um carimbo “I-551” em seu passaporte, também conhecido como Green Card. Lembre-se de que os requisitos podem mudar ao longo do processo, e o tempo de espera pode variar dependendo da categoria de visto e do país de origem. É altamente recomendável consultar um advogado de imigração experiente para orientação específica ao seu caso.
Onde moram os brasileiros que estão nos EUA?
Os dados mais recentes do ministério de Relações Internacionais, do final de 2022, também dão conta que a região texana onde Daniela habita, Houston, é tutelada pelo 6° maior consulado brasileiro no país: cerca de 100 mil brasileiros vivem na região. O primeiro lugar é Nova York, com 500 mil, seguido por Boston, com 390 mil, Miami, Orlando e Atlanta – 295 mil, 180 mil e 110 mil, respectivamente.
Mas o destaque é para a cidade floridense de Miami, conhecida pelas praias e pela concentração de latinos (que incluem brasileiros). Atualmente, é o Estado americano com a maior taxa de crescimento populacional: são 1.200 pessoas do mundo inteiro que se mudam, por dia, para a Flórida. É para lá que Daniel e sua família estão indo.
Segundo Mariana Niro, corretora imobiliária que atua na região, muitas empresas estão trazendo suas sedes para Miami, e cada uma delas traz consigo algo entre mil e 2 mil funcionários, que precisam de um teto. Ela explica que, juntamente das melhores opções para trabalho, os brasileiros que se mudam para o estado querem:
- Melhorar a qualidade de vida da sua família, visto que procuram as regiões com as melhores escolas
- Investir em projetos na planta para veraneio
- Comprar imóveis para alugar no curto prazo para ter uma renda em dólar
O mercado imobiliário local teve recorde de vendas totais de casas e apartamentos residenciais, com uma cifra de US$145 bilhões entre 2021 e 2022, em Miami e Palm Beach. “Apesar do aumento dos juros americanos, o sul da Flórida, comparado com outros locais dos EUA, parece estar imune às condições de recessão”, afirma Niro.
Impostos dos EUA: o que é preciso saber
A carga tributária por lá é mais leve. Cerca de 33% do PIB brasileiro é resumido em impostos, enquanto a carga tributária dos EUA orbita os 26%, conta Abel Fiorot, professor de contabilidade e gestão tributária americana.
“Muitas vezes o brasileiro vem pra cá e tem uma primeira impressão errada do sistema tributário: acha que é tudo muito mais simples e direto. De fato, o sistema é bem mais resumido e favorável para as pessoas físicas e para as pequenas empresas. Mas a ideia de que os EUA tem poucos impostos é equivocada. O código tributário americano é grande e tem muitas cláusulas complexas. Por outro lado, o sistema americano confia muito mais no contribuinte”, afirma.
Do ponto de vista empresarial, existem algumas classificações tributárias inexistentes no Brasil, explica o professor, que também é fundador e CEO da empresa de contabilidade americana Strong Advisors. Principalmente, há uma distinção entre a estrutura legal e a fiscal, sendo que, no Brasil, as nomenclaturas são quase as mesmas. Isso quer dizer que além de mais flexível, a Receita americana ainda oferece muitas opções ao contribuinte, enquanto a brasileira é mais rígida.
“Essa diferença confunde muito os Brasileiros, já que a única alternativa que se tem por aí, em alguns casos, é o Micro Empresário Individual (MEI). Todo o restante é padronizado”, afirma. Por isso, ele reforça que o brasileiro que quer se aventurar e tentar empreender nos EUA preste muita atenção às possibilidades de regime fiscal, já que cada uma delas tem sua especificidade.
Além disso, nos EUA, há tributação de lucro e de dividendos, o que não acontece no Brasil. Para ele, a Receita Federal brasileira está à frente da americana no que diz respeito à informatização e cruzamento de dados, por exemplo. Ainda assim, as duas estão na lista das declarações de renda mais fáceis do mundo. “Desde que o contribuinte tenha os documentos em dia e faça tudo certinho, não deve enfrentar nenhum tipo de problema nem com o Leão, nem com o Tio Sam (O símbolo da Receita Federal dos EUA)”, disse.
Investimentos do exterior para o Brasil
Um investidor brasileiro que more nos EUA pode, sim, manter sua rotina de aplicações em ativos do Brasil. Porém, depende. “Ele pode ser brasileiro e ter duplo domicílio fiscal, por exemplo, ou seja: ele declara nos EUA e declara no Brasil também”, explica Fiorot.
Ainda assim, exemplos como estes são raros. Muitas vezes, o cidadão muda, mas o domicílio fiscal, não. Nestes casos, as obrigações com o Leão se mantém as mesmas, explica o professor. Mas existem outras situações de brasileiros com Green Card que, além de morar, trabalhar e auferir renda nos EUA, optam por fazer uma saída fiscal definitiva do Brasil.
“Nesse caso, ele precisaria definir um procurador no Brasil, responsável por representá-lo junto à Receita Federal. Então, depois de feita a comunicação de saída dele do país, declara renda e bens pela última vez e pronto: não precisa mais declarar pra Receita brasileira”, explica o professor.
Daí em diante, do ponto de vista fiscal, o investidor ainda poderia aplicar em ativos ofertados no Brasil. Porém, seria visto (ou seja, entendido pela sistema) como um americano. “Então, ele até teria algumas isenções que estrangeiros têm, assim como sofreria outras tributações de gringos”, afirma.
Quais os principais erros na hora de se mudar para os EUA?
Existem vários erros comuns que os indivíduos e famílias cometem ao longo do processo de imigração para os EUA, afirma Fernando Guerrero, diretor de desenvolvimento de negócios da América Latina da Golden Gate Global. Eles vão desde a aplicação inicial até a acomodação após a chegada. Veja, abaixo, os principais:
Falta de preparação e compreensão do processo
- Não pesquisar o visto apropriado
Os EUA oferecem vários tipos de visto, cada um com seus requisitos específicos. Não solicitar o visto correto com base na sua situação (investimento, emprego, família, asilo, etc.) pode gerar atrasos ou rejeição.
- Má compreensão do cronograma
O processo de imigração pode ser longo e variar significativamente com base no tipo de visto, país de origem e até mesmo na política de imigração atual dos EUA. Subestimar o tempo que leva pode causar problemas, especialmente se a sua situação mudar durante o processo.
Erros com documentação:
- Solicitação incompleta ou incorreta
Este é um dos motivos mais comuns para recusas de visto. Cada pergunta deve ser respondida com precisão e todos os documentos necessários devem ser incluídos.
- Documentos não traduzidos
Todos os documentos enviados em língua estrangeira deverão ser acompanhados de uma tradução completa para o inglês. O tradutor deve certificar que a tradução está completa e precisa, e que é certificado para traduzir.
- Evidências insuficientes
Dependendo do visto, os solicitantes precisam fornecer evidências de um relacionamento de boa-fé, emprego potencial, operações comerciais em andamento, etc. Evidências insuficientes ou pouco convincentes podem levar a negativa.
Erros durante a entrevista:
- Estar despreparado:
Os candidatos devem estar prontos para responder perguntas pessoais sobre seus antecedentes, família, fonte dos recursos investidos, intenções nos EUA e muito mais. Inconsistências entre o que é dito durante a entrevista e o que está na petição podem levantar sinais de alerta.
- Desonestidade
Mentir durante a entrevista ou fornecer documentos falsos pode levar não apenas à negativa do visto, mas também a possíveis proibições de futuras viagens aos EUA.
Erros pós-chegada:
- Não compreender as normas culturais
Isso inclui compreender as leis, práticas sociais e normas do dia a dia dos EUA. Por exemplo, não compreender o sistema bancário, os contratos de locação ou o sistema educativo pode criar desafios.
- Negligência do seguro saúde
Os cuidados médicos nos EUA são caros e navegar no sistema de saúde pode ser complexo. Não obter seguro saúde ou não compreender o que ele cobre pode ser um erro crítico.
Afinal, o que os investimentos tem a ver com a imigração?
Daniel e sua família vem guardando dinheiro há cinco anos para se manter nos EUA por um tempo, enquanto não encontra um emprego por lá. Fora isso, eles já possuem uma reserva de emergência completa por aqui, aplicada em ativos locais. Afinal, decisões importantes como mudar de país e resguardar o futuro das incertezas são atividades que requerem preparo.
Só de honorários advocatícios, o casal vai desembolsar, até o final do processo, US$ 12 mil. Também entram na conta exames médicos, vacinas, taxas consulares e as traduções dos processos, que devem custar US$ 8 mil. Ao todo, toda a imigração sai por algo entre US$ 20 mil e US$ 22 mil, estima o administrador. Apesar dos valores altos, Daniel não titubeia na escolha:
“Se cometermos um único errinho no processo, perdemos uma oportunidade de uma vida. Qualquer pisada na bola vai para o seu histórico e o governo americano não deixa passar. O negócio é fazer tudo certinho, e aí o mercado dos EUA vai te abrir muitas portas”.
Durante a última entrevista concedida para a composição desta reportagem, a esposa de Daniel ouvia a conversa, enquanto comentava alguns dos pontos sobre como organizar o bolso para imigrar. “Planejamento financeiro e pensamento a longo prazo”, disse ela, ao fundo, ressaltando o que, no fim das contas, fez toda a diferença na vida dos dois.